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Oriente Médio

Operação humanitária é retomada em cidade síria sitiada

De acordo com o governador de Homs, 217 civis foram retirados nesta quarta-feira da zona controlada pelos rebeldes

12 fev 2014 - 17h58
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A operação humanitária foi retomada nesta quarta-feira na cidade rebelde de Homs, onde moradores bloqueados por um cerco do Exército sofrem com a fome e a miséria, enquanto as negociações em andamento em Genebra para tentar encontrar uma solução pacífica para o conflito na Síria permanecem estagnadas.

Cessar-fogo permitiu a entrega de ajuda e a evacuação de civis da cidade de Homs
Cessar-fogo permitiu a entrega de ajuda e a evacuação de civis da cidade de Homs
Foto: Reuters

De acordo com o governador de Homs, Talal Barazi, 217 civis foram retirados nesta quarta-feira da zona controlada pelos rebeldes nesta cidade do centro da Síria.

"Hoje, 217 civis foram retirados da Cidade Velha de Homs. A operação foi realizada sem incidentes", disse Barazi, indicando que a prolongação da trégua para permitir a retirada de mais moradores "será discutida (esta noite) durante uma reunião".

A violência no país não dá sinais de redução, mesmo com o início das negociações entre o regime e a oposição no dia 22 de janeiro. O número de mortos nunca foi tão elevado em três anos de revolta, segundo uma ONG síria.

Ao norte de Damasco, as tropas do regime lançaram uma ofensiva terrestre acompanhada de ataques aéreos para conquistar Yabroud, segunda cidade ainda em poder dos rebeldes na região estratégica de Qalamoun, segundo militantes e uma ONG.

O chefe de operações do Crescente Vermelho sírio, Khaled Erksoussi, indicou à AFP que 190 rações alimentares e 4.700 kg de farinha de trigo também tinham sido enviados.

Até o momento, segundo o Programa Alimentar Mundial (PAM), 310 rações e 1,5 tonelada de farinha de trigo foram distribuídas nas zonas rebeldes da terceira maior cidade da Síria, devastada pelos combates.

"Há crianças lá e é realmente desolador. Foi a primeira vez em muito tempo que elas viram uma banana", disse Erksoussi. "Nossas equipes de suporte psicológico tentam administrar as situações caso a caso, mas em algum momento elas também precisarão de auxílio psicológico, porque a situação é muito comovente".

A operação tinha sido suspensa na terça-feira em razão de problemas "logísticos" e deve, a princípio, terminar na noite de quarta. Não é possível saber no momento se será prolongada novamente.

Desde sexta-feira, em virtude de um acordo entre regime e rebeldes negociado pela ONU, mais de 1.400 pessoas foram retiradas - crianças, mulheres e idosos, em sua grande maioria.

Pelo menos 500 crianças estão entre os civis que deixaram a cidade, segundo o Fundo da ONU para a Infância (Unicef), que estimava em mais de 1.000 o número de menores de idade bloqueados em Homs antes do início da operação.

Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), "336 homens, com idades entre 15 e 55 anos foram interrogados" pelas autoridades depois de terem sido retirados da cidade e apenas 42 foram liberados.

Os militantes opositores sitiados em Homs afirmaram que tinham medo de sair por temor de serem presos. "Há cerca de 60 militantes nas zonas cercadas. Alguns querem sair, mas pedem garantias de segurança", disse um militante que se identificou como Yazan.

A operação humanitária em Homs é a única nota relativamente positiva na busca por uma solução na Síria, devastada por uma guerra que deixou mais de 136.000 mortos desde março de 2011, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Homanos (OSDH), que se baseia em uma ampla rede de médicos e militantes no país.

Desde o início das negociações de Genebra, no dia 22 de janeiro, o número diário de mortos nunca tinha sido tão elevado em três anos de revolta, com 4.995 vítimas, de acordo com o OSDH.

"Há em média 236 mortos todos os dias desde 22 de janeiro. Qual é o significado destas negociações se elas não garantem nem a suspensão imediata de todas as operações militares?", afirmou o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman.

Em Genebra, representantes do regime e da oposição se reuniram para uma nova reunião com o mediador da ONU, Lakhdar Brahimi, que se mostrou pessimista.

Esta segunda rodada de negociações não registra avanços desde o seu início, na segunda-feira, já que os protagonistas não chegam a acordo algum: o regime quer fazer da luta contra o terrorismo a sua prioridade nas discussões e a oposição quer abordar, em primeiro lugar, a formação de um governo de transição sem o presidente Bashar al-Assad.

Brahimi deve se reunir na quinta em Genebra com representantes dos Estados Unidos e da Rússia, que promoveram estes encontros.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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