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Oriente Médio

Irã abre museu "Ninho de Espiões" na antiga embaixada americana

10 nov 2013 - 13h06
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Ao mesmo tempo em que o mundo acompanha o escândalo das escutas da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA), os iranianos abriram ao público nesta semana o museu " Ninho de Espiões Americanos", como denominam a antiga sede da embaixada americana em Teerã.

Uma curiosa combinação de esculturas "kitsch", slogans antiamericanos, fotos velhas e ambiente melancólico se misturam no segundo andar da representação diplomática, usada por estudantes islâmicos para manter sequestrados os 52 funcionários americanos durante 444 dias em 1979.

O andar está protegido por um pesado portal - com um tapete na entrada com a frase "Abaixo a América"- que é aberto a partir de uma combinação numérica como uma caixa-forte.

Alí Reza Rahman, um jovem barbudo responsável pelas relações públicas das milícias Basijis, digita vários números enquanto explica à Agência Efe: "Este era o centro de atividades da Agência Central de Inteligência americana (CIA) para espionar o Irã e outros países do Oriente Médio."

Nos corredores, claramente decorados contra os americanos, surgem cartazes com frases como "O papel do maligno" e "O Silêncio contra o Crime". Há ainda uma escultura com o símbolo do dólar formado por serpentes e estampas de granadas, carcaças de tanques, crânios e estátuas da liberdade caídas.

Não faltam também os símbolos pró Palestina, como uma Mesquita de Al-Aqsa rodeada por um dragão (que representa Israel), um kufiya, o típico lenço quadriculado árabe, e fotos de jovens atirando pedras.

A primeira parada é a "Sala de Vidro", com paredes produzidas com uma dupla camada do material. "Este mecanismo demonstra que os americanos não confiavam nem neles mesmos", afirma o guia.

A exposição sustenta uma ideia central: a embaixada era uma sede de espionagem de onde Washington tentava controlar o Oriente Médio e a Ásia.

Fotos mal iluminadas mostram as salas em que o sequestro, que pôs fim às relações diplomáticas entre Teerã e Washington, aconteceu. Outras lembram a morte de alguns dos jovens que, mais tarde, morreram na guerra contra o Iraque (1980-1988).

O guia anuncia: "Esta é a sala da falsificação de documentos da CIA, onde eles faziam passaportes para seus agentes." Nela há também antigas máquinas de imprimir e fotos de supostos espiões de 1970.

As vitrines mostram computadores obsoletos, decodificadores de chaves, telefones e máquinas de escrever. Há ainda esculturas de gosto duvidoso, como a de uma coluna em forma de míssil, além de frases contra os EUA, também denominado de o "Grande Satã".

Livrinhos com a inscrição "Secret" guardam documentos supostamente secretos sobre países como Turquia, Afeganistão, Índia, Paquistão e Iraque.

A parte mais interessante de todo o museu aparece depois de cruzar uma nova porta com uma senha que lembra aquelas de filme de espião e precede dois contêineres que, segundo o guia, foram trazidos de navio dos EUA e instalados no local com helicópteros.

"Antes de entrar, uma máquina escaneava a íris dos olhos do espião, analisava o seu peso e pedia uma senha", diz Rahman, que explica que os agentes "trabalhavam sem se ver e se comunicavam somente através de mensagens em uma caixa".

"Daqui eram enviadas as imagens e mensagens de voz para os EUA. Não eram só mensagens sobre o Irã, mas também de toda a zona, sobretudo do Afeganistão", assegura.

Os quartos têm telefones, máquinas de codificação, de escutas, teletipos, velhas telas grandes e planas e aparelhos com placas nas quais se lê "Compsucan", "Alfa", "Confidential Crypto" ou o nome da agora questionada NSA.

Uma caixa-forte, trituradoras de papel e um arquivo crivado completam o conjunto, perto do qual uma oculta escada de caracol sobe até uma portinhola oculta.

Embora o museu exista há anos, até então só era possível entrar com convite. Desde o começo desta semana, o local foi aberto ao público.

O sequestro que ocorreu na antiga embaixada marcou o local e rendeu muitas histórias. Em um primeiro momento, os estudantes prenderam 65 pessoas, mas o aiatolá Ruhollah Khomeini ordenou, mais tarde, de libertação das mulheres, negros e um doente, restando 52.

Foram esses que passaram 444 dias sequestrados, em boas condições, segundo afirmou o museu. A organização assegurou que eles tinham "boa comida e banheiros" e exibe imagens para não deixar dúvidas.

Rayaifar, uma senhora que participou do sequestro na sua juventude, assegurou à Agência Efe: "Estou orgulhosa de ter ajudado a expor a espionagem dos EUA. Eles são arrogantes e têm desejos imperialistas. Por isso, eles consideram todo mundo como inimigo".

Para ela, "a NSA é uma agência nacional que deveria se ocupar de assuntos internos, mas se dedica há décadas a espionar o mundo todo, o que demonstra que os EUA se consideram donos do mundo".

Como ela, muitos no Irã comemoraram nos últimos dias os escândalo da NSA que, asseguram, provam hoje ao mundo quanta razão tinham os estudantes revolucionários iranianos há mais de três décadas.

EFE   
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