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Oriente Médio

Eleições no Irã: Ahmadinejad contesta exclusão de um de seus aliados

22 mai 2013 - 10h19
(atualizado às 11h01)
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O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, contestou nesta quarta-feira a exclusão de um de seus aliados da corrida presidencial por um órgão conservador que também descartou o moderado Akbar Hashemi Rafsanjani, abrindo o caminho para os ultraconservadores do regime.

Ahmadinejad afirmou que pretende recorrer ao Guia Supremo da República Islâmica para levar Esfandiar Rahim Mashaie, um de seus colaboradores mais próximos, de volta à disputa pela presidência. Apenas o aiatolá Ali Khamenei pode pedir ao Conselho dos Guardiães da Constituição, instância responsável por validar as candidaturas, a reavaliar o caso.

A invalidação na terça-feira das candidaturas de Rafsanjani e Mashaie, pedra no sapato dos ultraconservadores, à eleição presidencial iraniana de 14 de junho deixa o caminho aberto para os leais ao regime, na ausência dos principais candidatos moderados e reformistas.

"Eu considero Rahim Mashaie como um bom fiel, qualificado e útil para o país e eu o apresentei como candidato para isso, mas ele foi vítima de uma injustiça", disse Ahmadinejad, segundo o site da presidência. "Vou seguir com esta questão, levando meu apelo ao Guia Supremo", acrescentou.

O presidente, que não pode concorrer a um terceiro mandato sucessivo, não entrará, no entanto, em confronto com o órgão. Ele pediu a seus seguidores para serem "pacientes", afirmando que com "a presença do Guia Supremo, não haverá problemas no país".

Em 2005, o aiatolá Khamenei atuou para retirar o veto a dois candidatos reformistas.

O ex-presidente moderado Akbar Hashemi Rafsanjani (1989-1997), ao contrário, afirmou que não pretende contestar a decisão dos "Sábios".

"Rafsanjani não irá protestar contra sua desqualificação", declarou o diretor de campanha, Es-Hagh Jahanguiri.

Aos 78 anos, o atual presidente do Conselho de Discernimento, a principal autoridade de arbitragem política, "é um dos pilares do regime e continuará a ser, se Deus quiser", explicou Jahanguiri, citado pela agência Isna.

A ala linha-dura do regime criticou o apoio de Rafsanjani aos protestos após a polêmica reeleição de Mahmud Ahmadinejad em junho de 2009.

O Conselho dos Guardiães da Constituição não justificou a sua decisão, mas, segundo seu porta-voz, Abbas Ali Kadkhodaïe, a condição física dos candidatos foi levada em consideração, uma clara referência a Rafsanjani.

O veto a Rafsanjani "vai criar divisões nos círculos religiosos e políticos", comentou o analista Mohammad Sedghian.

Oito pessoas, incluindo cinco conservadores, dois moderados e um reformista, foram autorizadas a participar nas eleições presidenciais.

Entre os conservadores, as chances do atual negociador da questão nuclear iraniana, Saeed Jalili, parecem maiores.

"A maré está virando a seu favor", acredita o analista político, próximo dos conservadores, Amir Mohebian, citado nesta quarta-feira pela imprensa.

"Ele é mais conservador do que outros, acredita nos valores revolucionários e está ligado aos tomadores de decisão dentro do governo", acrescentou Mohammad Sedghian.

Jalili reuniu-se na terça-feira com vários clérigos na cidade sagrada de Qom, centro importante do xiismo iraniano.

"Na política externa, se teve algum sucesso, foi graças à resistência (contra as potências ocidentais) e não à política de compromisso", declarou, em referência aos reformistas e moderados ex-presidentes Rafsanjani e Mohammad Khatami (1997-2005).

Também deve-se considerar a candidatura de Mohammad Bagher Ghalibaf, que pode se gabar de seus resultados como prefeito de Teerã desde 2005 e como ex-chefe de polícia e comandante militar.

Ante os conservadores, os moderados e reformistas não são páreos. O mais conhecido, Hassan Rohani, é um religioso próximo de Rafsanjani e foi líder das negociações nucleares no início de 2000. O reformista Mohammad Reza Aref, ex-vice-presidente no governo de Mohammad Khatami, nunca brilhou na cena política.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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