OEA investiga resultado eleitoral polêmico na Bolívia em meio a protestos
A entidade que monitorou a eleição da Bolívia fará uma reunião especial na quarta-feira, já que a polêmica disputa presidencial mostrou uma vitória do presidente Evo Morales já no primeiro turno, o que desencadeou protestos raivosos em toda a nação sul-americana.
A Organização dos Estados Americanos (OEA), uma observadora oficial da votação, expressou ressalvas a uma contagem oficial rápida dos votos que deu a Evo, líder de esquerda no poder desde 2006, uma vantagem de 11 pontos sobre o rival Carlos Mesa.
Este resultado, que pouparia Evo de um segundo turno arriscado, veio depois que uma contagem preliminar foi interrompida abruptamente após a eleição de domingo. Com quase 84% das urnas apuradas, Evo e Mesa pareciam encaminhados para o segundo turno.
Uma contagem obrigatória ainda está em andamento, e pode demorar dias.
A OEA demonstrou preocupação com a mudança "difícil de explicar" na tendência geral do resultado, que disse ter "modificado drasticamente o destino da eleição e gerado uma perda de confiança no processo eleitoral".
Nesta terça-feira, grupos de manifestantes continuavam nas ruas de todo o país depois de uma noite de revolta e choques entre eleitores e policiais, durante os quais várias seções de contagem de votos e urnas foram incendiadas.
Na cidade de Potosí, duas pessoas saltaram de um edifício em chamas para fugir do fogo.
Ainda nesta terça-feira, no centro de La Paz, ruas e mercados ficaram repletos de moradores que se abasteciam de arroz, óleo de cozinha, batatas e outros produtos básicos.
O Conalcam, um grupo político filiado a Evo, criticou os distúrbios, dizendo que foram orquestrados pela oposição de direita. O grupo pediu aos apoiadores que defendam a "vitória" de Evo com contraprotestos pacíficos.
A contagem preliminar do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) disse que o presidente tinha 46,85% dos votos, e Mesa 36,74%, pouco mais que a margem de 10 pontos necessária.
Mesa disse não reconhecer o resultado, e a OEA disse que recomendará um segundo turno.
"Este é um dia trágico para a democracia boliviana", disse Carlos Alarcon, representante do partido Comunidade Cidadã de Mesa, no local de um protesto na noite de segunda-feira.
((Tradução Redação São Paulo, 55 11 56447505)) REUTERS MPP