Novos disparos na fronteira aumentam tensão entre a Índia e o Paquistão
A tensão entre a Índia e o Paquistão atingiu um nível nunca visto em um quarto de século após um ataque terrorista que teve como alvo turistas na Caxemira indiana. Após uma série de medidas punitivas tomadas pela Índia contra o país, o Paquistão proibiu, na quinta-feira, o uso de seu espaço aéreo pela aviação civil indiana, fechou a principal fronteira entre os dois países e exigiu a saída de dezenas de diplomatas indianos. Estariam a Índia e o Paquistão à beira de uma guerra?
A tensão entre a Índia e o Paquistão atingiu um nível nunca visto em um quarto de século após um ataque terrorista que teve como alvo turistas na Caxemira indiana. Após uma série de medidas punitivas tomadas pela Índia contra o país, o Paquistão proibiu, na quinta-feira, o uso de seu espaço aéreo pela aviação civil indiana, fechou a principal fronteira entre os dois países e exigiu a saída de dezenas de diplomatas indianos. Estariam a Índia e o Paquistão à beira de uma guerra?
Sonia Ghezali, correspondente da RFI em Islamabad
O nível de tensão entre a Índia e o Paquistão aumentou na noite de quinta-feira com a troca de tiros ao longo da linha de controle que separa os dois países. No entanto, essa situação está longe de ser alarmante, segundo Zeeshan Salahuddin, analista político do centro de pesquisa Tabadlab, em Islamabad.
"A escalada no vale de Leepa não é fora do comum. Não devemos esquecer que o Paquistão e a Índia já travaram várias guerras e, entre essas guerras, especialmente ao longo da linha de controle, confrontos ocorreram com certa frequência em determinados períodos", afirma o especialista.
Esse também foi o caso em 2019, após um atentado suicida na Caxemira indiana reivindicado por um grupo armado. "Os diretores gerais das operações militares de ambos os lados estão constantemente em contato para tentar minimizar alguns desses incidentes. Mas trata-se de uma parte do mundo onde escaladas e confrontos ao longo da linha de controle são diferentes do que acontece em outras regiões. Na maioria dos casos, as coisas acabam se resolvendo", declarou o pesquisador.
"A posse de armas nucleares por ambos os países quase sempre tem sido um fator chave para a desescalada. Portanto, espero que esse seja o caso novamente", acrescentou o analista.
Novas trocas de tiros na fronteira
O Paquistão, no entanto, demonstra firmeza. O exército teria recebido ordens para se preparar para o pior. Fontes próximas ao aparato militar indicam que as forças de segurança estão em estado de alerta.
Também foram registrados movimentos de tropas na sexta-feira em ambos os lados da fronteira da Caxemira, e várias trocas de tiros ocorreram ao longo da fronteira. Nenhuma vítima civil foi registrada.
As forças indianas e paquistanesas também trocaram tiros durante a noite de sexta para sábado ao longo da Linha de Controle (LoC), a fronteira de facto entre Índia e Paquistão na Caxemira.
Segundo a AFP, o exército indiano declarou que tiros de armas leves "não provocados" foram disparados por "numerosos" postos do exército paquistanês "ao longo da linha de controle na Caxemira" na noite de sexta para sábado.
"Investigação neutra"
Nova Délhi acusa o vizinho de estar envolvido no atentado que causou a morte de 26 civis em Pahalgam, na Caxemira indiana. Na sexta-feira, o exército indiano destruiu com explosivos duas casas apontadas como pertencentes às famílias dos autores do ataque.
O governo hindu ultranacionalista de Nova Délhi e Islamabad, que já travaram três guerras desde a dolorosa partição em 1947, iniciaram uma espiral de medidas punitivas e retaliações.
Por sua vez, durante uma cerimônia militar, o primeiro-ministro paquistanês, Shehbaz Sharif, declarou-se a favor de uma "investigação neutra" sobre o ataque na Caxemira, que a Índia atribui ao Paquistão.
Ele afirmou que se tratam de "acusações infundadas", acrescentando que "essa recente tragédia é mais um exemplo dessas acusações recorrentes que precisam parar".