Nova primeira-ministra do Nepal promete reformas após protestos históricos
A nova primeira-ministra interina do Nepal, Sushila Karki, prometeu neste domingo (14) atender às demandas dos manifestantes que pedem "o fim da corrupção", após os protestos ocorridos no início da semana, que levaram à renúncia de seu antecessor.
A nova primeira-ministra interina do Nepal, Sushila Karki, prometeu neste domingo (14) atender às demandas dos manifestantes que pedem "o fim da corrupção", após os protestos ocorridos no início da semana, que levaram à renúncia de seu antecessor.
"Devemos trabalhar em consonância com o pensamento da Geração Z" — grupo formado por pessoas nascidas entre o final da década de 1990 e o início da década de 2010 — declarou Sushila Karki em suas primeiras declarações públicas desde que assumiu o cargo na sexta-feira (12), após a renúncia do primeiro-ministro KP Sharma Oli.
"O que esse grupo exige é o fim da corrupção, boa governança e igualdade econômica", afirmou a ex-presidente da Suprema Corte, de 73 anos. "Você e eu devemos estar determinados a alcançar esse objetivo", acrescentou.
A capital, Catmandu, foi palco de intensos protestos contra o governo na segunda e na terça-feira, que deixaram pelo menos 72 mortos e 191 feridos, segundo novo relatório divulgado neste domingo pelo Secretário-Chefe Eaknarayan Arya. O número anterior de mortes era 51.
Karki observou um minuto de silêncio em memória das vítimas desses distúrbios — os mais graves desde a abolição da monarquia em 2008 — desencadeados pela repressão policial a manifestações que denunciavam o bloqueio das redes sociais e a corrupção da elite.
Ela afirmou que seu governo interino "não permanecerá no cargo por mais de seis meses". As eleições legislativas estão marcadas para 5 de março de 2026, após a dissolução do Parlamento.
Protestos contra a corrupção
A agenda da primeira mulher a liderar o Nepal promete ser intensa, e sua missão, desafiadora, diante das inúmeras reivindicações dos jovens que provocaram a queda do governo anterior.
Duramente atingida pelo desemprego, a Geração Z levou sua indignação às ruas de todo o país na segunda-feira (8), protestando contra um governo considerado corrupto e incapaz de atender às suas necessidades.
Neste domingo, Karki iniciou uma série de reuniões no complexo governamental Singha Durbar, em Catmandu, cujos prédios foram incendiados durante os protestos de terça-feira.
Seu nome ganhou destaque nas redes sociais no início da semana, aparentemente conquistando certo consenso entre os jovens manifestantes para liderar o governo interino.
Conhecida por sua independência e franqueza, sua nomeação foi resultado de intensas negociações entre o chefe do Exército, Ashok Raj Sigdel, e o presidente Ram Chandra Paudel.
"A situação em que me encontro não é algo que eu desejava. Meu nome surgiu nas ruas", disse ela. "Seja qual for a circunstância, não permaneceremos aqui por mais de seis meses. Assumiremos nossas responsabilidades e prometemos entregar o poder ao próximo Parlamento e aos futuros ministros", declarou em seu discurso.
O presidente Paudel afirmou, no sábado à noite, que "uma solução pacífica foi encontrada após um processo difícil". Ele descreveu a situação como "muito difícil, complexa e grave" neste país do Himalaia, com 30 milhões de habitantes.
"Apelo sinceramente a todos para que aproveitem ao máximo esta oportunidade (...) e garantam eleições bem-sucedidas em 5 de março", declarou.
Os militares, que haviam sido mobilizados em grande número após os protestos, estavam menos presentes nas ruas da capital neste domingo.
Cerca de 12.500 detentos, que aproveitaram os distúrbios para escapar das prisões no domingo, continuam foragidos.
Líderes asiáticos parabenizaram Karki, incluindo os representantes dos dois principais vizinhos do Nepal: Índia e China.
Com AFP