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No Vaticano, o dinheiro é incalculável e todos os carros são elétricos

País não tem maternidades nem polícia, mas concentra taxas de criminalidade altas

19 out 2025 - 04h59
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Resumo
O Vaticano, menor país do mundo, é sede da Igreja Católica, com forte valor histórico, diplomático e artístico; possui cidadania restrita, segurança própria e economia transparente, mas enfrenta altos índices per capita de furtos.
Amanhecer na cidade do Vaticano, neste último sábado, 26
Amanhecer na cidade do Vaticano, neste último sábado, 26
Foto: Getty Images

No coração de Roma, em meio aos vestígios do Império que moldou o mundo ocidental, ergue-se o Vaticano, o centro espiritual do catolicismo e símbolo máximo da fé cristã. A história do pequeno Estado remonta aos primeiros séculos da era cristã, quando o apóstolo Pedro, considerado o primeiro papa, foi martirizado e sepultado em uma antiga necrópole romana.

Sobre o seu túmulo, o imperador Constantino mandou construir, no século IV, a primeira Basílica de São Pedro, transformando o local em um dos principais destinos de peregrinação religiosa do mundo.

Com o passar dos séculos, o poder espiritual dos papas se entrelaçou com o poder político dos reis e imperadores europeus. A partir da Idade Média, os pontífices governaram extensos territórios conhecidos como os Estados Papais, exercendo influência política e militar sobre boa parte da península Itálica. Essa condição perdurou até o século XIX, quando a unificação da Itália levou à perda dessas terras e à necessidade de redefinir o papel da Igreja no cenário moderno.

A solução veio em 1929, com a assinatura do Tratado de Latrão entre o papa Pio XI e o governo italiano. O acordo criou oficialmente o Estado da Cidade do Vaticano, garantindo à Santa Sé total soberania e independência política. Desde então, o Vaticano se consolidou não apenas como o epicentro da Igreja Católica, mas também como um dos mais poderosos símbolos de continuidade histórica do mundo --um território minúsculo, mas de influência espiritual e diplomática que ultrapassa fronteiras e séculos.

Menor país do mundo

Com pouco mais de 44 hectares de extensão, o Vaticano é reconhecido como o menor Estado soberano do mundo, tanto em área quanto em número de habitantes. Segundo dados oficiais, vivem dentro de seus muros cerca de 880 pessoas, das quais pouco mais da metade possui cidadania vaticana. Curiosamente, aproximadamente 30% dos cidadãos vivem fora do território, atuando em representações diplomáticas da Santa Sé ao redor do mundo.

Outro detalhe curioso é que não existem animais de estimação registrados na cidade-Estado, algo praticamente único entre as nações modernas.

Cidadania exclusiva e temporária

A nacionalidade vaticana é considerada uma das mais restritas do planeta. Ela não é obtida por nascimento, mas por concessão direta da Santa Sé, sendo atribuída a cardeais, membros da Guarda Suíça, diplomatas e funcionários que servem ao Papa.

Essa cidadania tem caráter funcional e temporário: ao encerrar o vínculo com o Vaticano, o indivíduo automaticamente perde o direito à nacionalidade. Como não há maternidades nem hospitais dentro dos limites do Estado, é raríssimo que alguém nasça ali - e, quando isso ocorre, o bebê é reconhecido como cidadão italiano, conforme acordos bilaterais com a Itália.

Independência recente 

O Vaticano se tornou oficialmente independente em 11 de fevereiro de 1929, com o Tratado de Latrão, assinado entre a Santa Sé e o governo italiano de Benito Mussolini. O acordo garantiu à Igreja Católica total soberania sobre o território e reconhecimento internacional como Estado autônomo.

Governo e política 

O Vaticano é um caso único na política mundial. Com uma estrutura de monarquia eletiva e teocrática, o país é governado pelo papa, que acumula os papéis de chefe de Estado e líder espiritual da Igreja Católica. Diferentemente das monarquias tradicionais, o cargo não é herdado, mas conquistado por meio de uma eleição conduzida pelo Colégio dos Cardeais, em um processo conhecido como Conclave. A escolha ocorre na Capela Sistina, sob sigilo absoluto, e o resultado é anunciado ao mundo pela famosa fumaça branca que sai da chaminé do Vaticano.

Uma vez eleito, o Papa assume o poder sem prazo de mandato e exerce autoridade suprema sobre o Estado e sobre a Igreja. Ele define as diretrizes espirituais e políticas da Santa Sé, nomeia cardeais, bispos e representantes diplomáticos, além de supervisionar os órgãos que compõem a Cúria Romana, estrutura que funciona como o “governo central” da Igreja. Dentro dela, a Secretaria de Estado atua como o principal órgão executivo, responsável pelas relações internacionais e pela coordenação das atividades administrativas do Vaticano.

A administração civil do território é feita pela Comissão Pontifícia para o Estado da Cidade do Vaticano, cujos membros são indicados pelo Papa. Esse órgão supervisiona serviços públicos, segurança, comunicações e manutenção dos prédios históricos. Já o poder judiciário é exercido por tribunais próprios, com juízes nomeados pela Santa Sé. Em questões criminais ou civis de maior complexidade, o Vaticano mantém acordos de cooperação com a Itália, que permitem a atuação conjunta das autoridades italianas e vaticanas.

Embora seja o menor Estado do planeta, o Vaticano mantém relações diplomáticas com mais de 180 países e possui status de observador permanente nas Nações Unidas. 

Origem do nome

O nome “Vaticano” tem origem antiga: designava uma região pantanosa às margens do rio Tibre, nos arredores de Roma, que abrigava vilas e cemitérios durante o Império Romano. Foi ali que, por volta do ano 324, o imperador Constantino mandou construir uma basílica sobre o túmulo do apóstolo Pedro, local que se tornaria um dos principais centros de peregrinação cristã ao longo dos séculos.

Segurança

A segurança do Vaticano é mantida por três forças principais: a Guarda Suíça, encarregada da proteção do Papa; a Gendarmaria Vaticana, responsável pela segurança interna e controle de fronteiras; e os Carabinieri italianos, que atuam em parceria para proteger os arredores da Praça de São Pedro.

Devido ao enorme fluxo de visitantes - milhões de turistas todos os anos -, o país apresenta uma alta taxa per capita de furtos, geralmente pequenos delitos cometidos entre turistas, o que estatisticamente distorce os índices de criminalidade do minúsculo Estado.

A Guarda Suíça

A Pontifícia Guarda Suíça é uma das corporações militares mais antigas do mundo ainda em atividade. Criada em 1506 pelo papa Júlio II, a tropa é composta exclusivamente por cidadãos suíços, escolhidos por sua formação militar e reputação de disciplina.

Os uniformes coloridos, com listras vermelhas, azuis e amarelas, foram desenhados em 1914 pelo comandante Jules Repond, inspirado nas obras de Rafael Sanzio e nas cores da família Médici. Atualmente, cerca de 120 guardas residem no Vaticano e são responsáveis pela segurança pessoal do Papa e das entradas do Estado.

Posto de combustível e frota papal

Apesar do tamanho diminuto, o Vaticano possui uma infraestrutura automotiva própria, com postos de combustível, garagem oficial e museu de veículos papais. Um dos postos fica em frente à residência de Santa Marta e abastece exclusivamente carros de funcionários e veículos de uso papal.

Nos últimos anos, a frota do Vaticano passou por um processo de eletrificação, em sintonia com o discurso ambiental do papa Francisco. O museu automotivo, o Padiglione delle Carrozze, abriga automóveis históricos utilizados por pontífices ao longo das décadas, como o Mercedes 300 SEL e o Fiat Campagnola, o mesmo modelo em que João Paulo II estava durante o atentado de 1981.

Patrimônio e tesouros

Reconhecido como Patrimônio da Humanidade pela Unesco desde 1984, o Vaticano concentra uma das maiores coleções de arte e cultura do planeta. Entre os seus tesouros estão os Museus Vaticanos, que abrigam a famosa Capela Sistina com os afrescos de Michelangelo, e a Basílica de São Pedro, o maior templo cristão do mundo.

Entre os maiores tesouros do Vaticano está a Biblioteca Apostólica Vaticana, fundada oficialmente em 1475 pelo papa Sisto IV. É uma das mais antigas e prestigiadas bibliotecas do mundo, com um acervo que ultrapassa 1,6 milhão de livros impressos e 85 mil manuscritos raros, incluindo documentos que datam da Antiguidade tardia.

Entre as relíquias estão o Códice Vaticano, uma das versões mais antigas da Bíblia em grego, cartas de reis e papas, mapas medievais e tratados científicos que ajudaram a moldar o pensamento ocidental. A instituição é considerada a primeira biblioteca pública da Europa, aberta a estudiosos desde o século XVI.

Hoje, a biblioteca passa por um processo de digitalização, que visa preservar seus documentos e disponibilizá-los online para pesquisadores do mundo todo. Além de seu valor intelectual, o edifício em si é uma obra de arte: os tetos pintados, as galerias renascentistas e os salões ornamentados simbolizam a união entre fé, arte e conhecimento que define a alma do Vaticano.

Finanças e transparência

Durante séculos, o patrimônio financeiro da Igreja Católica foi cercado por sigilo e especulações. No entanto, sob o pontificado do papa Francisco, o Vaticano iniciou uma política de transparência econômica sem precedentes.

Desde 2021, a Administração do Patrimônio da Sé Apostólica (Apsa) publica relatórios anuais com balanços financeiros. O documento mais recente, referente a 2023, revelou um lucro total de 45,9 milhões de euros e ativos de 7,9 milhões de euros adicionais, sem incluir o extenso patrimônio imobiliário e artístico.

O Vaticano administra mais de 5 mil imóveis ao redor do mundo, dos quais cerca de 20% são alugados, gerando receitas anuais superiores a 70 milhões de euros. Apesar disso, as finanças da Igreja são descentralizadas, com cada diocese administrando seu próprio orçamento — o que torna impossível calcular o valor exato da riqueza total da instituição.

Fonte: Portal Terra
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