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Meninos presos em caverna na Tailândia: morte de mergulhador por falta de oxigênio expõe riscos de resgate

Saman Gunan, mergulhador da Marinha, desmaiou quando retornava de caverna, após levar tanques de oxigênio para meninos presos; além de novas chuvas, a queda no oxigênio na caverna preocupa autoridades.

6 jul 2018 - 05h46
(atualizado às 10h07)
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Saman Gunan se voluntariou para ajudar no resgate dos meninos presos na caverna
Saman Gunan se voluntariou para ajudar no resgate dos meninos presos na caverna
Foto: O2Max Triathlon Team / BBC News Brasil

Um mergulhador da Marinha tailandesa que participava dos esforços de resgate dos 12 meninos presos numa caverna inundada morreu ao tentar levar suprimentos ao grupo. A morte de um militar experiente evidencia os riscos do resgate dos adolescentes - alguns não sabem nadar e todos terão que aprender noções básicas de mergulho.

Saman Gunan perdeu a consciência quando estava retornando da caverna de Tham Luang, após entregar tanques de oxigênio. "A missão dele era entregar o oxigênio, e ele ficou sem o suficiente no caminho de volta", disse o governador em exercício de Chiang Rai.

Saman foi retirado da caverna por seu companheiro de mergulho, mas não conseguiram reanimá-lo. O nível de oxigênio na câmara de ar onde os meninos estão, na caverna, caiu para 15%. O nível normal é de 21%. Por isso, as equipes decidiram levar oxigênio ao local.

Os meninos, que tem entre 11 e 16 anos, e o treinador de futebol deles entraram na rede de cavernas há 12 dias. Eles acabaram ficando presos quando uma tempestade inundou grande parte do local e bloqueou a saída principal.

Nove dias depois, mergulhadores britânicos que foram à Tailândia ajudar no resgate encontraram os jovens aglomerados numa rocha a 4 km da entrada da caverna.

Saman, que tinha 38 anos, que era suboficial reformado, mas retornou à Marinha especificamente para ajudar na operação de salvamento. Oficiais disseram que o funeral dele será patrocinado pelo rei da Tailândia.

O mergulhador que morreu era, segundo amigos, um empenhado corredor e ciclista.

Morte do mergulhador experiente mostra que o resgate por mergulho pode ser muito arriscado. Mas as opções são limitadas
Morte do mergulhador experiente mostra que o resgate por mergulho pode ser muito arriscado. Mas as opções são limitadas
Foto: EPA / BBC News Brasil

"Dentro da caverna, (as condições) são difíceis", disse o comandante Arpakon Yookonghaew.

"No caminho de volta, depois de deixar os cilindros de oxigênio, Saman Gunan desmaiou. O colega tentou prestar os primeiros socorros, mas ele não respondeu", contou Yookonhaew,

"Nós o levamos para a câmara três e tentamos a reanimação novamente, mas ele continuou inconsciente." Apesar da tragédia, o comandante destacou que a operação de resgate vai continuar. "Eu posso garantir que nós não vamos entrar em pânico e não vamos interromper a nossa missão. Não vamos deixar que o sacrifício do nosso amigo seja em vão."

Cerca de mil pessoas estão envolvidas na operação de resgate, entre mergulhadores da marinha, militares de outras forças e voluntários civis.

Alerta para os riscos

Mas a morte de Gunan evidencia o perigo dos esforços de resgate. Quando perguntado como que os meninos sairiam da caverna com segurança, se um mergulhador experiente não conseguiu isso, Yookonhaew disse que adotará medidas adicionais de precaução com as crianças.

Autoridades dizem que há preocupação com a progressiva queda dos níveis de oxigênio na câmara onde os meninos estão presos com o treinador.

Essa diminuição se deve ao grande número de pessoas trabalhando dentro da caverna para viabilizar o resgate, explicou Narongsak Osotthanakorn, governador da província de Chiang Rai. Autoridades agora trabalham para instalar um cabo de 5 km na caverna para suprir o grupo com oxigênio.

Os pais dos meninos aguardam ansiosos pelo resgate. Os militares vão tentar instalar um cabo para permitir a comunicação das famílias com os jovens
Os pais dos meninos aguardam ansiosos pelo resgate. Os militares vão tentar instalar um cabo para permitir a comunicação das famílias com os jovens
Foto: Reuters / BBC News Brasil

A repórter da BBC News Sophie Long, que está em Chiang Rai, destaca que os líderes da operação de resgate têm treinamento para trabalhar em ambientes de alto risco e para lidar com fatalidades como a morte de Gunan.

Mas ela conta que a atmosfera mudou desde que o episódio porque os riscos ficaram ainda mais evidentes. Possivelmente os meninos não serão informados da morte do mergulhador, já que uma das principais preocupações é proteger não apenas a saúde física deles, mas também a mental.

Nesta sexta, a prioridade será conectar um cabo de fibra ótica que permitirá o contato entre os jovens e as famílias.

Quais são as opões de resgate agora?

Os meninos estão recebendo suprimentos de comida e cuidados médicos, mas há apreensão com a previsão de chuvas fortes no domingo.

Autoridades estão trabalhando para encontrar uma forma de garantir a segurança do grupo.

Os militares têm escoado água para fora da caverna, mas, se não conseguirem baixar o nível da água o suficiente para que seja possível transitar a pé ou nadando, só restarão duas opções de resgate: ensinar os meninos a mergulhar com cilindro de oxigênio ou esperar meses até que a temporada de chuvas acabe.

O risco de esperar é que a água das chuvas, passando por buracos na caverna e correntes de água que passam pela montanha, acabe por inundar por completo a câmara de ar onde os meninos encontraram refúgio.

"A princípio, pensamos que as crianças poderiam ficar por um bom tempo (na caverna). Mas agora as coisas mudaram e temos um tempo limitado", disse Arpakorn Yookonhaew.

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