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Humala: carreira de levantes armados e política nacionalista

6 jun 2011 - 02h21
(atualizado às 02h42)
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Ollanta Moisés Humala Tasso, presidente eleito do Peru e líder da coalizão esquerdista Gana Peru, nasceu em 27 de junho de 1962, em Lima. É um dos sete filhos do advogado trabalhista Isaac Humala, falante da língua quíchua e defensor dos tradicionais valores andinos, e da pedagoga e advogada Elena Tasso, filha de um imigrante italiano. O nome de Ollanta, de origem inca, significa "o guerreiro que tudo olha".

Isaac Humala, fundador do movimento "etnocacerista", ensinou aos filhos esta doutrina que estimula políticas nacionalistas, de reivindicação da "raça cobriza" (nativa) e aberta xenofobia contra o Chile, Estados Unidos e Israel.

Ollanta Humala estudou no Colégio Peruano-Japonês La Unión, de Lima. Sua biografia oficial afirma que ele queria estudar Zootecnia, mas mudou de opinião e ingressou na Escola Militar de Oficiais de Chorrillos, onde se graduou em 1984.

Durante os anos de serviço militar nas selvas de Tingo María e Madre Mía, em 1991-92, foi acusado de assassinatos e abusos sexuais contra a população civil, assim como de subornos a testemunhas desses crimes, casos pelos quais foi investigado pela Justiça, mas sua participação nesses fatos nunca foi comprovada.

No final dos anos 1980, ele e outros oficiais - entre os quais, seu irmão Antauro - fundaram um grupo clandestino no seio das Forças Armadas, que batizaram de "Militares Etnocaceristas". Uma das ações mais famosas deste grupo foi o que Ollanta chama de "a façanha de Locumba", um levante promovido por ele, seu irmão Antauro e outras 72 pessoas contra o Governo de Alberto Fujimori, na madrugada de 29 de outubro de 2000.

Com a fuga de Fujimori ao Japão, Humala depôs as armas e enfrentou na Justiça as acusações de motim, mas foi anistiado em dezembro daquele ano pelo Governo de transição presidido por Valentín Paniagua. Em seguida, Ollanta solicitou a reincorporação às fileiras militares e trabalhou durante um tempo na Secretaria de Defesa Nacional. Paralelamente, cursou estudos de Ciências Políticas na Faculdade de Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Católica de Lima, onde se formou em 2002.

Em dezembro do mesmo ano, tornou-se adjunto do adido militar da embaixada peruana em Paris. Em 2004, foi enviado a Seul para assumir o mesmo posto, criado expressamente para ele na Coreia do Sul, mas lá permaneceu apenas alguns meses, já que, em dezembro do mesmo ano, foi aposentado na carreira militar pelo Governo Alejandro Toledo.

Dias após se aposentar, em 1º de janeiro de 2005, seu irmão Antauro protagonizou outra rebelião na cidade andina de Andahuaylas, incidente que culminou com seis mortos (quatro policiais e dois rebeldes). Ollanta Humala foi acusado de ser o autor intelectual do chamado "andahuaylazo", mas nada foi provado contra ele.

Voltou ao Peru para fundar em fevereiro de 2005 com sua esposa, Nadine Heredia, o Partido Nacionalista Peruano (PNP). Em dezembro daquele ano, o grupo se aliou à legenda União Pelo Peru (UPP), de centro-esquerda, para apresentar uma lista única às eleições gerais de 9 de abril de 2006, liderada por Humala.

No primeiro turno, Humala foi o candidato mais votado, seguido do ex-presidente Alan García, que, no entanto, reverteu o resultado e ganhou a Presidência no dia 4 de junho daquele ano ao receber, no segundo turno, 52,5% dos votos, contra 47,4% do nacionalista. Embora Humala não tenha então conseguido a Presidência, sua candidatura foi a mais votada em 15 dos 24 departamentos do país e a União Pelo Peru (UPP) se transformou na principal legenda do Congresso.

Em dezembro de 2010, oficializou sua candidatura às eleições presidenciais de 10 de abril de 2011 pela coligação Gana Peru, composta fundamentalmente por personalidades de esquerda, embora ele se considere exclusivamente "nacionalista", e não de direita ou de esquerda. Humala, que perdeu o pleito de 2006 com uma retórica antissistêmica, moderou seu discurso na campanha de 2011 e foi ganhando popularidade, tanto que se tornou o candidato mais votado no primeiro turno de 10 de abril, com 31,7% dos votos.

Após conquistar o apoio de reputados economistas de centro de governos anteriores, obteve o respaldo explícito do ex-presidente Alejandro Toledo e do Prêmio Nobel de Literatura Mario Vargas Llosa, que protagonizou uma famosa campanha contra a rival de Humala, Keiko Fujimori.

Ollanta é um leitor empedernido de livros de história, amante do esporte e especialista em xadrez. Casado com a comunicadora social Nadine Heredia, tem duas filhas - Illary (que em quíchua significa "amanhecer") e Nayra ("com a luz nos olhos", em aimara) - e um filho (Samín, que em quíchua significa "o que traz prosperidade, paz e felicidade").

Humala faz discurso após confirmação de vitória por resultados oficiais
Humala faz discurso após confirmação de vitória por resultados oficiais
Foto: AP
EFE   
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