Governo sírio anuncia cessar-fogo após confrontos em cidade de maioria drusa
O Ministério da Defesa sírio anunciou um "cessar-fogo total", após os confrontos violentos registrados na manhã de terça-feira (15) em Sueida, de maioria drusa, no sul da Síria. Um pouco mais cedo, as forças governamentais haviam entrado na cidade para tentar conter a onda de violência entre beduínos e drusos, iniciada há dois dias, que deixou cerca de 100 mortos.
O Ministério da Defesa sírio anunciou um "cessar-fogo total", após os confrontos violentos registrados na manhã de terça-feira (15) em Sueida, de maioria drusa, no sul da Síria. Um pouco mais cedo, as forças governamentais haviam entrado na cidade para tentar conter a onda de violência entre beduínos e drusos, iniciada há dois dias, que deixou cerca de 100 mortos.
O exército sírio entrou na manhã desta terça-feira em Sueida e impôs um toque de recolher. Os líderes espirituais dessa comunidade autorizaram a entrada das forças sírias, após vários dias de confrontos entre combatentes drusos e beduínos que deixaram cerca de cem mortos, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos.
Os líderes espirituais drusos haviam indicado em um comunicado que aprovavam a entrada das forças governamentais em Sueida e chamaram as facções drusas a entregarem suas armas. A decisão foi tomada após a proclamação de um toque de recolher feita pelo ministério do Interior.
O ministério da Defesa informou que as forças governamentais estavam entrando na cidade, até então controlada por combatentes da minoria síria, e pediu aos seus habitantes "que ficassem em casa e informassem sobre todos os movimentos dos grupos fora da lei", em referência aos grupos drusos armados.
No entanto,um dos signatários do comunicado autorizando a entrada das forças governamentais, o influente xeque Hikmat al-Hejri, fez posteriormente um apelo discordante. Em um novo comunicado, pediu aos combatentes para "enfrentar a campanha bárbara", acusando Damasco de ter falhado em seus compromissos ao continuar bombardeando a cidade.
Confrontos
Os confrontos violentos recomeçaram em Sueida na manhã desta terça-feira. O correspondente da agência AFP na região viu uma espessa fumaça preta saindo de um dos bairros da cidade, ocupado pelas forças governamentais. Combatentes vinculados às autoridades, alguns civis, exibiam suas armas, em cima de um tanque, segundo imagens dos cinegrafistas da AFP.
No início da tarde, o Ministério da Defesa sírio anunciou que chegou a um acordo com "as autoridades da cidade" para um "cessar-fogo total".
A entrada das tropas governamentais ocorre após dois dias de confrontos, que inicialmente opuseram combatentes drusos a tribos beduínas na região e resultaram em cerca de cem mortos. As forças governamentais intervieram, afirmando querer pacificar a região, mas participaram dos combates contra as facções drusas ao lado dos beduínos, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), testemunhas e grupos drusos.
Enviar um sinal às províncias refratárias ao poder central
Na rodovia M5 entre Damasco e Sueida, tanques, blindados e soldados controlam o posto de entrada da região, que normalmente era mantido pelos drusos. O local está agora sob o controle de homens ligados ao ministério da Defesa síria, relatou o enviado especial da RFI a Sueida, Mohamed Errami, algumas horas antes da entrada do exército sírio na cidade.
As aldeias da região, majoritariamente drusas, estão desertas. Uma espessa nuvem de fumaça obscurece o céu e seu cheiro acre impregna o ar.
Os drusos fugiram e se refugiaram no centro da cidade de Sueida, a três quilômetros de distância. A cidade está cercada. Um dos moradores, em entrevista pelo telefone, disse que "está com medo" e escondido em casa. "Eles ainda não chegaram à minha casa. Há uma enorme quantidade de feridos graves, mais de 200 pessoas. O hospital está saturado, sem contar os deslocados", relatou.
Para as novas autoridades sírias, a questão vai além do governo da região de Sueida. Como nos confrontos ocorridos em março na região costeira que deixaram dezenas de mortos ligados ao regime do antigo presidente Bashar al-Assad, essa ofensiva também é um teste político para o novo governo. O presidente Ahmed al-Sharaa quer afirmar sua autoridade em todo o país, enviando um sinal claro para as regiões ainda refratárias à sua autoridade.
(RFI com AFP)