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Gigantismo e idiomas diversos dificultam resgates em naufrágios

16 jan 2012 - 12h55
(atualizado às 13h39)
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O tamanho gigantesco dos navios e a procedência multinacional dos passageiros e tripulantes, que os transformam em verdadeiras Torres de Babel, complicam as operações de resgate em caso de naufrágio, como aconteceu com o cruzeiro italiano Costa Concordia. "O que mais chama a atenção é o tamanho do cruzeiro, quase 300 metros de extensão", enfatizou Jacques Loiseau, presidente da Afcan (Associação Francesa de Capitães de Navio), entrevistado pela AFP.

Mulher observa o navio naufragado: buscas por sobreviventes persistem
Mulher observa o navio naufragado: buscas por sobreviventes persistem
Foto: AP

Conheça o cruzeiro de luxo que naufragou na Itália

"Com frequência advertimos aos meios marítimos sobre esta tendência ao gigantismo dos navios", observou Loiseau. "Em caso de naufrágio, com tal tamanho, jamais será possível salvar todo mundo, inclusive nas melhores condições", assinalou. Com seus 290 metros de extensão, o Costa Cocordia podia receber até 3.780 passageiros, o que requeria uma tripulação de mil pessoas. Cerca de 4.200 passageiros e tripulantes estavam a bordo do navio quando este encalhou numa rocha e naufragou, matando seis pessoas. Alguns navios ou ferrys podem receber até 6.000 passageiros e 2.000 membros da tripulação.

Esta tendência ao gigantismo dos navios preocupa as autoridades. Prova disso é que este foi o tema de um exercício de resgate no Canal da Mancha em setembro passado, dentro do fórum da Guarda Costeira do Atlântico Norte (North Atlantic Coast Guard Forum), que reuniu 20 países. "O aumento considerável do número de passageiros a bordo dos navios acarreta novas obrigações vinculadas à segurança das embarcações", observa o documento de apresentação do exercício da Guardex. "No caso de um desastre, seria difícil para um único país fornecer todos os meios de socorro necessários, e seria imprescindível uma operação internacional", adverte o texto.

Em caso de naufrágio ou desastre em um destes navios, "a evacuação e o resgate dos passageiros se tornam operações de grande complexidade, com um risco muito grande de perdas humanas", enfatizou o documento. O exercício de 2011 simulava um incêndio em um ferry gigantesco - 4.000 passageiros e 1.000 membros da tripulação - entre a costa norte da Bretanha, na França, e um porto do Reino Unido. No mar, em caso de acidente, "pode-se evacuar 10 ou 20 pessoas graças aos helicópteros. Mas 2.000 ou 3.000 passageiros é impossível", admite a prefeitura marítima do Atlântico.

Outra dificuldade no caso do Concordia foi a diversidade dos idiomas, tanto entre os passageiros, que pertenciam a 60 nacionalidades diferentes, como entre os tripulantes. Segundo a companhia Costa Cruzeiros, proprietária do navio, a tripulação estava composta por 40 nacionalidades diferentes, em sua maioria asiáticos. Segundo um colombiano que trabalhava no barco, "a tripulação asiática, que representava praticamente a metade, falava muito mal o inglês e se comunicava por sinais" com os passageiros e o resto da tripulação.

A diversidade dos idiomas "é um fator determinante nos momentos importantes" nas operações de socorro. "É preciso bastante treinamento para superar este obstáculo porque o pânico atrapalha a comunicação", concordou Loiseau. As ordens devem ser repetidas em diversos idiomas dos passageiros e os membros da tripulação na maioria das vezes carecem do conhecimento das palavras necessárias nestes momentos, concluiu Loiseau.

Naufrágio do Costa Concordia
O cruzeiro Costa Concordia naufragou na última sexta-feira, dia 13 de janeiro, após colidir em uma rocha nas proximidades da ilha de Giglio, na costa italiana da Toscana. Mais de 4,2 mil pessoas estavam a bordo. Até a manhã de segunda-feira, dia 16, seis mortes haviam sido confirmadas. Outras 16 pessoas seguiam desaparecidas: dez turistas e seis tripulantes. O Itamaraty informou que 57 brasileiros estavam a bordo do navio, mas não há indícios de que eles estejam entre as pessoas que ainda não foram encontradas.

Segundo as primeiras informações sobre as causas do acidente, o navio, que tem 290 metros de comprimento e 114,5 mil toneladas, margeava a ilha de Giglio quando bateu em uma rocha e começou a adernar. Houve pânico entre os passageiros, que reclamaram de despreparo da tripulação e luta por coletes salva-vidas. O comandante do Costa Concordia, Francesco Schettino, foi acusado de ter abandonado o navio. Ele nega, mas a empresa responsável pela embarcação se posicionou confirmando a negligência do capitão.

Veja no mapa o local onde aconteceu o acidente:

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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