França se desculpa por soltar migrantes na divisa italiana
Segundo prefeita, o episódio ocorreu por "erro" de gendarmes
A França se desculpou com a Itália após agentes da Gendarmaria Nacional terem largado migrantes de origem africana em um bosque nos arredores de Claviere, na fronteira entre os dois países.
O episódio, ocorrido em 12 de outubro, abriu uma nova crise diplomática entre Paris e Roma por conta da emergência migratória e reforçou a oposição entre o presidente francês, Emmanuel Macron, e o ministro do Interior e vice-premier italiano, Matteo Salvini.
"Lamento por um erro cometido por gendarmes que chegaram na região há poucos dias", disse a prefeita da região de Hautes-Alpes, Cécile Bigot-Dekeyzer. Segundo ela, o episódio ocorreu no âmbito de uma "missão de repatriação de estrangeiros em situação irregular".
"Um veículo da gendarmaria francesa teria ultrapassado a fronteira franco-italiana em direção a Claviere, sem autorização prévia da polícia italiana. Parece que a delegacia de Bardonecchia [na Itália] havia sido advertida que dois estrangeiros em situação irregular deviam ser acompanhados até a fronteira", disse Bigot-Dekeyzer.
A prefeita de Hautes-Alpes acrescentou que os gendarmes não conheciam a região e prometeu esclarecimentos sobre o motivo de eles terem entrado em território italiano. "Foi um erro deplorável da parte deles", reforçou. A França abriu um inquérito para investigar o caso.
Salvini, no entanto, não aceitou as desculpas e afirmou que o episódio de Claviere é uma "ofensa sem precedentes" contra a Itália. "Estamos perante uma vergonha internacional, e o senhor Macron não pode fingir que nada está acontecendo. Não aceitamos as desculpas", disse.
Nos últimos meses, Salvini e Macron protagonizaram diversos bate-bocas por causa da crise migratória na União Europeia.
O presidente da França acusa a Itália de violar normas internacionais ao fechar seus portos para pessoas resgatadas no mar, enquanto Roma diz que as autoridades francesas barram sistematicamente migrantes na fronteira entre os dois países.
O próprio Macron já se definiu como "principal adversário" de Salvini e da extrema direita na UE.