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Favorito à Presidência do Irã é juiz linha-dura alvo de sanção dos EUA

15 jun 2021 - 13h29
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O histórico de lealdade firme de Ebrahim Raisi aos clérigos que comandam o Irã explica por que o juiz veterano é o favorito para a eleição presidencial de sexta-feira, uma disputa que as autoridades limitam quase exclusivamente a candidatos linha-dura como ele.

Juiz Ebrahim Raisi em Teerã, no Irã
15/05/2021 Majid Asgaripour/WANA (West Asia News Agency) via REUTERS
Juiz Ebrahim Raisi em Teerã, no Irã 15/05/2021 Majid Asgaripour/WANA (West Asia News Agency) via REUTERS
Foto: Reuters

Uma vitória de Raisi, de 60 anos, um crítico implacável do Ocidente cujo padrinho político é o líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, aumentaria suas chances de um dia suceder Khamenei no ápice do poder, dizem analistas.

Acusado por seus críticos de abusos de direitos humanos que duram décadas --acusações que seu defensores negam--, Raisi foi indicado pelo aiatolá ao cargo de grande destaque de chefe do Judiciário em 2019.

Mais tarde naquele ano, Raisi comandou o sistema legal enquanto as autoridades usavam os tribunais para suprimir os tumultos políticos mais sangrentos desde a Revolução Islâmica de 1979. O Irã diz que seu sistema legal é independente e não influenciado por interesses políticos.

"Raisi é um pilar de um sistema que prende, tortura e mata pessoas por ousarem criticar políticas estatais", disse Hadi Ghaemi, diretor-executivo do Centro de Direitos Humanos do Irã (Chri), grupo ativista sediado na cidade norte-americana de Nova York, em um comunicado.

O Irã nega torturar presos.

Figura de escalão mediano na hierarquia do clero xiita iraniano, Raisi passou a maior parte da carreira como autoridade de alto escalão do Judiciário. Ele serviu como vice-chefe da instituição durante 10 anos e foi nomeado como procurador-geral em 2014.

Adquirindo a reputação de ideólogo de segurança temido, ele foi um dos quatro juízes que supervisionaram as execuções de milhares de prisioneiros políticos em 1988, dizem grupos de direitos humanos. A Anistia Internacional estima o número de executados em torno de cinco mil, tendo dito em um relatório de 2018 que "o número real pode ser maior".

O Chri disse que os executados foram "enterrados em valas coletivas e individuais anônimas, com base na determinação do comitê sobre sua 'lealdade' à recém-estabelecida Revolução Islâmica. Estes prisioneiros já haviam sido julgados e estavam cumprindo suas penas de prisão".

Em 2019, os Estados Unidos impuseram sanções a Raisi por violações de direitos humanos, incluindo as execuções dos anos 1980 e sua participação na supressão dos tumultos em 2009.

Raisi, que perdeu para o presidente pragmático Hassan Rouhani em 2017, não apresentou nenhum programa político ou econômico detalhado durante a campanha, mas cortejou iranianos de baixa renda prometendo diminuir o desemprego.

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