Nova lei na Alemanha autoriza polícia a derrubar drones suspeitos após violação do espaço aéreo
A Alemanha vai autorizar a polícia a abater drones suspeitos que violarem o espaço aéreo do país, após a aprovação de uma lei nesta quarta-feira (8), que ainda deve ser votada no Parlamento. "Abater drones será agora regulamentado e possível para a polícia federal", afirmou o ministro do Interior, Alexander Dobrindt, após a apresentação do texto no Conselho de Ministros.
A Alemanha vai autorizar a polícia a abater drones suspeitos que violarem o espaço aéreo do país, após a aprovação de uma lei nesta quarta-feira (8), que ainda deve ser votada no Parlamento. "Abater drones será agora regulamentado e possível para a polícia federal", afirmou o ministro do Interior, Alexander Dobrindt, após a apresentação do texto no Conselho de Ministros.
Segundo ele, o país vai criar um "centro de defesa antidrones" para coordenar a atuação da polícia federal e das forças dos Länder, os estados regionais da Alemanha. Dobrindt também anunciou estar em "intenso diálogo" com países que têm experiência no tema, como Israel e Ucrânia, alvo diário de ataques russos.
O ministro mencionou um orçamento "na casa das centenas de milhões de euros", ou seja, no mínimo €100 milhões, sem detalhar o cronograma. Segundo o ministro, o fornecimento dos equipamentos dependerá da capacidade de produção da indústria.
Com a legislação, a Alemanha se alinha a outros países europeus, como Reino Unido, França, Lituânia e Romênia, que recentemente autorizaram as forças de segurança a derrubar drones que violem seu espaço aéreo.
De acordo com o texto do projeto de lei, a polícia "pode empregar os meios técnicos apropriados contra o sistema [dos drones], sua unidade de comando ou seu canal de controle, caso outras medidas se mostrem ineficazes ou de difícil aplicação". As autoridades avaliam o uso de lasers ou o bloqueio de sinais para cortar os vínculos de comando e navegação em caso de "ameaça grave".
A Alemanha registrou 172 interrupções no tráfego aéreo relacionadas a drones entre janeiro e o fim de setembro de 2025, contra 129 no mesmo período do ano anterior e 121 em 2023, segundo dados da Deutsche Flugsicherung (DFS).
Guerra híbrida
A polícia será responsável por proteger "aeroportos, estações ferroviárias", suas próprias instalações e instituições federais, disse o ministro. No entanto, abater drones pode ser perigoso em áreas urbanas densamente povoadas, e os aeroportos nem sempre dispõem de sistemas de detecção capazes de sinalizar imediatamente sua presença.
Até agora, uma lacuna jurídica impedia a derrubada de drones na Alemanha. Mas a questão tornou-se urgente diante da multiplicação de sobrevoos de locais sensíveis por aeronaves suspeitas, tanto no país quanto em outras partes da Europa.
No fim de semana passado, o aeroporto de Munique foi paralisado várias vezes por drones, levando ao cancelamento e desvio de dezenas de voos, afetando cerca de 10 mil passageiros. Diretamente afetada pelas interrupções no tráfego aéreo, a Baviera apresentou na terça-feira seu próprio projeto de lei para facilitar à polícia regional o abate de drones.
O texto prevê, entre outras medidas, o fim da "proibição de armamento de drones" usados pela polícia, permitindo que possam "atacar diretamente outro drone", explicou o ministro do Interior da Baviera, Joachim Herrmann.
Outros países europeus também foram alvo de sobrevoos. Em setembro, a Polônia foi atingida por uma incursão de drones russos vindos da Ucrânia. A Estônia, por sua vez, teve seu espaço aéreo violado por três caças russos armados.
A Rússia também é suspeita de usar sua frota de "navios fantasmas", que ajudam a contornar sanções econômicas, para enviar drones em direção aos países do norte da Europa.
Muro europeu
O uso de drones de ataque e o desenvolvimento de sistemas de defesa antiaérea tornaram-se aspectos centrais da guerra na Ucrânia, onde russos e ucranianos inovam para obter vantagem, mais de três anos após o início da invasão.
O chanceler Friedrich Merz afirmou no domingo que Moscou é "provavelmente" responsável pelos incidentes. Merz, que já acusou Vladimir Putin várias vezes de "guerra híbrida" contra o Ocidente, pediu investimentos maciços em defesa e armamentos, após décadas de subfinanciamento.
Durante a última cúpula em Copenhague, líderes da União Europeia discutiram a criação de um "muro antidrones". O projeto envolve soluções tecnológicas e militares para proteção coletiva.
Desde a invasão da Ucrânia por Moscou, em 2022, e o apoio europeu a Kiev, líderes da UE consideram a Rússia uma ameaça significativa à segurança do continente. No mês passado, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, pediu a criação de um "muro de drones", rede de sensores e armas destinada a detectar, rastrear e neutralizar drones suspeitos para proteger o flanco oriental da Europa.
(Com agências)