'Mini-tornado' arrasta guindastes, mata um homem e deixa 'cenário de guerra' nos arredores de Paris

Nesta terça-feira (21), dia seguinte ao tornado que atingiu Ermont, cidade da região parisiense, os moradores ainda tentam entender o que aconteceu. "Fomos sacudidos de todos os lados", relatam. "Quando saímos, era um cenário de guerra: árvores no chão, guindastes voando, carros esmagados".

O fenômeno durou apenas alguns minutos na tarde de segunda-feira (20), mas foi suficiente para causar estragos profundos na cidade de Ermont, localizada a 21 quilômetros ao nordeste da capital francesa. Com cerca de 29 mil habitantes, Ermont foi a mais afetada entre as dez cidades do departamento de Val-d'Oise atingidas pelos ventos violentos por volta das 17h50 (12h50 de Brasília).

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O representante de governo da região Val-d'Oise, Philippe Court, disse à Franceinfo que tratou-se de um episódio de ventos "repentinos e violentos", segundo ele, uma "espécie de mini-tornado" no final da tarde de segunda-feira.

Um trabalhador de 23 anos morreu em um canteiro de obras onde três guindastes desabaram. Ele fazia parte da equipe de uma empresa privada que atuava na reconstrução do Instituto Médico-Educativo (IME) Clos-Fleuri, que atende crianças com deficiências múltiplas. Os guindastes caíram sobre o prédio do IME e sobre um edifício residencial vizinho, segundo o procurador de Pontoise, Guirrec le Bras.

Além da fatalidade, ao menos nove pessoas ficaram feridas — quatro em estado grave e cinco com ferimentos leves, conforme balanço da prefeitura divulgado durante a madrugada.

Uma investigação por homicídio culposo e lesões corporais no ambiente de trabalho foi aberta e está sob responsabilidade da polícia do Val-d'Oise. Cientistas forenses e técnicos inspecionam o local com ajuda de drones, e o terreno foi isolado.

Pânico

Moradores relatam momentos de pânico. Nathanael, de 45 anos, funcionário de uma empresa ferroviária, conta que sua residência teve o telhado arrancado por um dos guindastes. "Fomos evacuados na mesma noite", disse. Seus filhos conseguiram filmar o tornado. "As três gruas caíram em segundos, muito rápido".

Julien Demarquez, de 46 anos, morador de uma rua próxima ao canteiro de obras, se considera sortudo por ter sofrido apenas danos leves no telhado. "Não durou nem cinco minutos. Foi do nada para um caos total, e depois voltou ao nada".

Melaz Tabti, aposentada de 67 anos, varria os cacos de vidro da janela de seu apartamento, que dá vista para o IME. "Espero que os feridos se recuperem", disse emocionada.

Boubacar, agente de segurança aeroportuária, estava dentro do carro quando o tornado passou. "Achei que ia voar junto com o veículo", contou à AFPTV.

Christiana, outra moradora, percebeu algo estranho no comportamento do cachorro, que se escondeu antes do fenômeno. "Olhei pela janela, vi o redemoinho e me escondi debaixo da mesa".

Cerca de 150 bombeiros, equipes médicas e policiais foram mobilizados nas cidades de Ermont, Eaubonne, Andilly, Montmorency e Franconville para garantir a segurança, ajudar os moradores e liberar as vias. Foram registradas 324 intervenções e mais de 700 chamadas de emergência.

A SNCF, empresa ferroviária francesa, identificou danos significativos nas linhas H e RER C, especialmente entre Ermont-Eaubonne e Pontoise, devido à queda de árvores. As reparações devem durar até a tarde desta terça-feira.

Na madrugada, cerca de 1.700 residências ainda estavam sem energia elétrica. A prefeitura solicitou à Enedis, operadora da rede, que restabeleça o fornecimento o mais rápido possível.

Com AFP