França: Macron insiste em Sébastien Lecornu como premiê, ignora críticas e aposta na continuidade em meio à crise
Nem dissolução, nem renúncia, mas repetição. O novo primeiro-ministro francês, encarregado de formar um novo governo e cujas primeiras consultas já começaram neste sábado (11), é o mesmo que pediu demissão do cargo na segunda-feira (6). O presidente francês, Emmanuel Macron, finalmente escolheu a opção que vinha defendendo desde o início — independentemente do desapontamento da oposição.
Nem dissolução, nem renúncia, mas repetição. O novo primeiro-ministro francês, encarregado de formar um novo governo e cujas primeiras consultas já começaram neste sábado (11), é o mesmo que pediu demissão do cargo na segunda-feira (6). O presidente francês, Emmanuel Macron, finalmente escolheu a opção que vinha defendendo desde o início — independentemente do desapontamento da oposição.
Valérie Gas, da RFI
Emmanuel Macron ignorou as inúmeras críticas à nomeação — mais uma vez — de Sébastien Lecornu para o cargo de primeiro-ministro. Ele hesitou um pouco, o que certamente levou a um anúncio mais tardio do que o esperado, feito na noite da sexta-feira (10). No fim das contas, mesmo após críticas vindas de dentro do próprio campo político — como as declarações do ex-premiê Gabriel Attal, que havia pedido ao presidente para "compartilhar o poder" —, Macron não mudou de ideia.
O presidente centrista preferiu manter um político leal no cargo de primeiro-ministro. Acusado de querer manter o controle do país a todo custo, Macron fez questão de afirmar que estava dando "carta-branca" a Sébastien Lecornu, numa tentativa de mostrar que ele teria margem de manobra na formação da nova equipe.
A decisão de Emmanuel Macron irritou seus oponentes mais ferrenhos, que acreditam que apenas a dissolução da Assembleia Nacional ou a renúncia do chefe de Estado resolveriam a crise política mais grave que a França vivenciou em décadas.
Sébastien Lecornu afirmou ter aceitado a missão "por dever" e estabeleceu dois objetivos: aprovar um orçamento antes do fim do ano e resolver os problemas cotidianos do povo francês.
Um desafio que não será fácil — a começar pela formação do novo governo, prevista para este fim de semana. Os republicanos estão divididos quanto à participação, e o Partido Horizontes, do também ex-premiê e aliado de Macron, Édouard Philippe, também hesita. O campo da coalizão governamental, portanto, está rachado.
Lições do fracasso anterior
Sébastien Lecornu deverá, no entanto, aprender com seu fracasso anterior. Na quarta-feira (9), ele afirmou que o próximo governo deve estar desconectado das ambições presidenciais e, portanto, deve excluir aqueles que já miram as eleições de 2027.
Bruno Retailleau, ex-ministro do Interior e presidente do partido Os Republicanos, de direita, prepara-se, assim, para ser novamente retirado da lista de possíveis ministros. Lecornu pode incluir figuras da sociedade civil — nomes mais experientes em suas funções do que políticos de carreira.
Mas o teste crucial acontecerá na Assembleia Nacional, com a declaração de política geral, ocasião em que Lecornu poderá enfrentar uma moção de censura. O Partido Reunião Nacional (extrema direita) e A França Insubmissa (LFI, esquerda radical) já prometeram votar a favor da medida. Os Verdes, que se reúnem neste sábado, afirmam não ver razão para não censurar um novo governo Lecornu.
Em breve, veremos até onde Sébastien Lecornu poderá ir — especialmente em relação às aposentadorias — para apaziguar os inegrantes do Partido Socialista (de esquerda), que exigem a suspensão da reforma da Previdência aprovada em 2022.