Ex-presidente da França Nicolas Sarkozy é excluído da mais alta honraria francesa, a Legião de Honra
O decreto publicado no Diário Oficial deste domingo (15) expulsou o ex-presidente da França Nicolas Sarkozy (2007-2012) da Légion d'honneur - na tradução livre para a língua portuguesa, Legião de Honra. O político de 70 anos foi excluído da mais alta honraria francesa após condenação a um ano de prisão por corrupção no caso das escutas telefônicas.
A exclusão de Nicolas Sarkozy da Legião de Honra ocorre quando o agraciado é definitivamente condenado por um crime e recebe uma pena de prisão de um ou mais anos. O ex-presidente Sarkozy também foi expulso da Ordem Nacional do Mérito. Com isso, Sarkozy se torna o segundo chefe de Estado da França a ter esta distinção cassada; o primeiro foi o Marechal Pétain, que foi destituído da Legião de Honra após condenação em agosto de 1945 por "alta traição e conspiração com o inimigo". "Nesses casos, a retirada é de direito", enfatizou o Grão-Chanceler da Legião de Honra, General François Lecointre, que assinou o decreto que destituiu Nicolas Sarkozy dos dois títulos dos quais ele detinha o mais alto grau. A perda das duas condecorações era esperada desde que a condenação de Sarkozy foi transitada em julgado após o Tribunal de Cassação ter rejeitado um recurso em dezembro do ano passado. A defesa de Sarkozy Neste domingo, o advogado do ex-presidente, Patrice Spinosi, disse que o político acatou sua exclusão das duas honrarias, mas reiterou que o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (TEDH) ainda não se pronunciou sobre o seu recurso no caso das escutas telefônicas. "Essa ligação com o Marechal Pétain é vergonhosa", afirmou a porta-voz do governo Sophie Primas. "O presidente Sarkozy esteve ao lado da França em tempos extremamente complicados", lembrou Primas. Condenação No caso das escutas telefônicas, Sarkozy foi considerado culpado de tentar subornar um magistrado do Tribunal de Cassação, Gilbert Azibert, em 2014, na esperança de obter informações confidenciais com a ajuda de seu então advogado, Thierry Herzog. Os três foram condenados, em primeira e segunda instâncias, à mesma pena de três anos de prisão. Leia tambémSarkozy tem tornozeleira eletrônica removida e recebe liberdade condicional Condenados, Gilbert Azibert e Thierry Herzog também estão impedidos de, eventualmente, receber as condecorações da Legião de Honra e da Ordem Nacional do Mérito. Além da acusação de grampo telefônico, Sarkozy responde outros processos judiciais. O ex-presidente compareceu ao tribunal no início de 2025 sob suspeita de financiamento líbio de sua campanha presidencial de 2007. O veredicto deste caso será conhecido no final de setembro deste ano. Expulsão não é bem vista A destituição de Sarkozy da Legião de Honra provocou recriminações na direita e levantou reservas nos mais altos escalões do governo. Em abril deste ano, durante uma viagem a Madagascar, Emmanuel Macron se pronunciou. "Do meu ponto de vista, acho que não seria uma boa decisão", declarou o atual presidente da França. A Legião de Honra é uma alta condecoração oferecida a personalidades francesas e estrangeiras. No ano passado, por exemplo, o presidente Macron condecorou Raoni, líder indígena brasileiro. (Com AFP)