Dinamarca avalia permitir uso de força física por professores para conter conflitos em sala de aula
Na Dinamarca, cresce o debate sobre a possibilidade de ampliar o direito dos professores de usar força física para manter a ordem nas salas de aula. A proposta, defendida pelo ministro da Educação, busca dar mais segurança aos docentes diante do aumento de episódios de violência e indisciplina. No entanto, pesquisadores e estudantes alertam para os riscos de abusos autoritários e para o possível agravamento da insegurança nas escolas. O tema divide profundamente o país.
Ottilia Férey, correspondente da RFI na Escandinávia
Segundo Niels Jørgen Jensen, vice-presidente da Associação dos Professores Dinamarqueses, os conflitos e comportamentos agressivos têm se intensificado nos últimos anos. Para ele, a medida é positiva, pois visa, antes de tudo, proteger os profissionais da educação.
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"Os professores precisam de garantias legais, pois eles se sentem cada vez mais inseguros em certas situações na sala de aula", afirma Jensen. Mas ele faz questão de esclarecer que não se trata de violência contra os alunos. "Nós não queremos bater em nenhuma criança, é claro. O que queremos é simplesmente poder guiá-las,colocando uma mão sobre o ombro ou talvez envolvendo-a com os braços apenas para mostrar que agora ela deve sair da sala de aula".
Apesar de apoiar a proposta, Jensen ressalta que a intervenção física não é suficiente. Ele defende mais recursos para prevenir os problemas: "Como sindicato, pensamos que deveria haver pelo menos dois professores por classe e um apoio em educação especializada";
Risco de 'brutalização' do ambiente escolar
Mas o uso da força física é visto como um erro por Magnus Herrmann, representante da Associação dos Estudantes Dinamarqueses. Ele lembra que muitos jovens já enfrentam situações de violência em casa. "Um aluno em cada seis já foi confrontado com a violência no lar, e isso se torna, infelizmente, sua maneira de expressar o que sente. Nós devemos, portanto, ajudar esses alunos".
Herrmann também alerta para os impactos psicológicos da medida. "Uma intervenção física quase sempre é algo perturbador. Além disso, não é uma situação na qual um aluno se sinta seguro".
A preocupação não se limita aos estudantes. Em uma carta aberta, mais de 500 pesquisadores e profissionais da educação manifestaram receio de que a medida leve a uma "brutalização" do ambiente escolar, agravando os problemas em vez de resolvê-los.
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