Após Shein, França aciona Justiça contra AliExpress, eBay e Temu por venda de armas e pornografia infantil
O governo francês, que já havia denunciado à Justiça o gigante do e-commerce Shein, tomou a mesma medida com seis novas plataformas, sendo cinco delas — AliExpress, Joom, eBay, Temu e Wish — por comercialização de produtos ilegais. O anúncio foi feito nesta sexta-feira (14) pelo ministro do Comércio, Serge Papin. Armas e objetos de pornografia infantil foram identificados em alguns dos sites.
Os serviços de repressão a fraudes descobriram "que AliExpress e Joom vendiam também bonecas pornográficas" e que Wish, Temu, AliExpress e eBay "vendiam armas da categoria A, como socos ingleses", declarou Serge Papin ao jornal Le Parisien. Além disso, Wish, Temu e Amazon "não respeitavam suas obrigações de filtragem de menores diante de imagens de caráter pornográfico", acrescentou.
"Denunciamos ao procurador da República (de Paris) todas as plataformas que ofereciam conteúdos ilícitos", prosseguiu Papin, ao ser questionado sobre o início de ações judiciais. "Toda plataforma que tiver comercializado artigos ilícitos terá o mesmo tratamento", advertiu.
O ministro também anunciou que reunirá, em 27 de novembro, os ministros do Comércio dos Estados-membros da União Europeia para discutir o impacto dessas plataformas no comércio do bloco. A reunião faz parte de uma série de iniciativas dos europeus para controlar melhor a ação dos sites estrangeiros de venda online. Nesta sexta-feira (14), Bruxelas anunciou que pretende taxar as compras de menos de € 150 provenientes desses sites.
Polêmica abertura de loja física em Paris
Na semana passada, o governo havia informado ter constatado a venda de produtos ilícitos em outras plataformas além da Shein e prometido "novos processos contra elas". Isso ocorreu após a revelação da venda, na Shein, de bonecas sexuais semelhantes a meninas, seguida pela descoberta de armas da categoria A. A plataforma asiática retirou de seu site todos os produtos ilegais, escapando por ora de uma suspensão imediata na França, mas continua sob processos judiciais.
Fundada em 2012 na China e sediada em Singapura, a Shein é alvo de uma forte mobilização na França, desde o anúncio da abertura de seu primeiro ponto de venda físico no país, na tradicional loja de departamentos BHV, no centro de Paris. As bonecas sexuais foram encontradas no site pouco antes da inauguração da loja da Shein, em 5 de novembro. O evento foi palco de inúmeros protestos.
Após a loja no BHV Paris, a Shein planejava abrir unidades permanentes em cinco BHVs no interior do país. No entanto, essas inaugurações serão adiadas "por alguns dias ou algumas semanas" para ajustar "a oferta" e "a política de preços", informou nesta sexta-feira Frédéric Merlin, presidente da empresa que administra o BHV.
Os dirigentes da Shein devem ser ouvidos na terça-feira (18) por deputados franceses da missão de informação sobre controle de produtos importados, mas a empresa ainda não confirmou presença.
(Com agências)
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