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Estados Unidos

Ex-guarda de Guantánamo denuncia abusos na prisão

14 fev 2009 - 21h27
(atualizado às 22h26)
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O militar e ex-guarda de Guantánamo Brandon Neely afirmou ter ficado assustado quando tirou de um ônibus, pela primeira vez, um prisioneiro algemado do centro de detenção. Haviam dito a ele que na prisão encontraria terroristas cruéis e perigosos. Ao invés disso, Neely pegou um homem idoso trêmulo, e colocou seu rosto no chão, contra o cimento. Segundo ele, esta foi a primeira de uma série de humilhações das quais participou e testemunhou.

No último ano de existência do centro de detenção, Neely disse, de acordo com informações da agência AP, que quer demonstrar publicamente seus sentimentos de culpa e vergonha com relação ao comportamento de alguns soldados quando os militares entregaram à base naval americana os primeiros talebãs e supostos membros da Al-Qaeda.

O ex-guarda, um dos primeiros a escrever sobre os abusos em Guantánamo, descreve um momento caótico em que soldados não seguiam regras claras para lidar com os detidos, que foram privados de muitos serviços básicos. Ele disse, no entanto, que as circunstâncias mudaram rapidamente quando monitores do Comitê Internacional da Cruz Vermelha chegaram ao presídio.

Após os atentados de 11 de setembro de 2001, e da rápida resposta militar americana no Afeganistão, a administração Bush tinha pouco tempo para se preparar para as centenas de prisioneiros sendo varridos dos campos de batalha. O Comando Sul dos EUA recebeu um aviso apenas algumas semanas antes da chegada dos prisioneiros na Base Naval de Guantánamo, em Cuba - um local pensado para estar fora do alcance das leis americanas e cubanas. Os primeiros prisioneiros ficaram alojados em gaiolas, que tinham sido utilizados para migrantes do Haiti quase uma década antes.

Agora, o presidente Barack Obama está empenhando-se em fechar a prisão e encontrar novas maneiras de lidar com os 245 detidos restantes. Grupos de defesa dos direitos humanos dizem que o compromisso de aderir a leis e tratados sobre o tratamento de prisioneiros é essencial se os Estados Unidos esperam evitar abusos no futuro. "Se Guantánamo nos ensinou alguma coisa, é a importância de respeitar o Estado de direito", disse Jennifer Daskal, consultor sênior de contra-terrorismo da Human Rights Watch.

Fonte: Redação Terra
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