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Em afronta a Bruxelas, Geórgia diz que não entrará em negociações de adesão à UE até 2028

28 nov 2024 - 15h19
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O partido governista da Geórgia disse nesta quinta-feira que o país suspenderá negociações para entrar na União Europeia até 2028 e recusará subsídios orçamentários de Bruxelas, interrompendo efetivamente seu pedido de adesão ao bloco.

Em um comunicado, o bloco governista Sonho Georgiano acusou a UE de "uma cascata de insultos", usando a perspectiva de negociações de adesão para "chantagear" o país e "organizar uma revolução no país".

Como resultado, o partido disse: "Decidimos não colocar a questão da abertura de negociações com a União Europeia na agenda até o final de 2028. Além disso, recusamos qualquer subsídio orçamentário da União Europeia até o final de 2028."

O país do sul do Cáucaso, com 3,7 milhões de habitantes, tem o objetivo de aderir à UE escrito em sua constituição e, tradicionalmente, está entre os Estados sucessores da União Soviética mais pró-ocidentais.

As relações da Geórgia com Bruxelas se deterioraram muito nos últimos meses. A UE já disse que a candidatura da Geórgia está congelada.

Não houve nenhum comentário da UE sobre a declaração do bloco Sonho Georgiano em um primeiro momento.

Pesquisas de opinião mostraram que cerca de 80% dos georgianos apoiam a adesão à UE e a bandeira do bloco europeu é hasteada junto à bandeira nacional no lado de fora de praticamente todos os edifícios governamentais do país.

A oposição pró-ocidental da Geórgia reagiu ao anúncio do Sonho Georgiano com fúria e convocou protestos imediatos nas ruas.

Giorgi Vashadze, um importante líder da oposição, escreveu no Facebook: "O governo autoproclamado e ilegítimo já assinou legalmente a traição à Geórgia e ao povo georgiano"

O Sonho Georgiano diz que ainda quer se juntar à UE, eventualmente, mas tem se envolvido repetidamente em disputas diplomáticas com Bruxelas nos últimos anos, enquanto aprofunda laços com a vizinha Rússia.

Mais cedo nesta quinta-feira, o primeiro-ministro da Geórgia, Irakli Kobakhidze, disse a jornalistas que a adesão à UE poderia prejudicar a economia da Geórgia porque exigiria que Tbilisi cancelasse acordos de isenção de vistos e acordos comerciais com outros países.

Críticos estrangeiros e nacionais do Sonho Georgiano afirmam que o partido, que é visto como dominado por seu fundador bilionário, o ex-primeiro-ministro Bidzina Ivanishvili, está levando a Geórgia de volta a Moscou, de onde conquistou a independência em 1991.

A UE concedeu à Geórgia o status de candidata em dezembro de 2023, mas afirmou que uma série de leis aprovadas pelo Sonho Georgiano desde então, incluindo restrições a "agentes estrangeiros" e direitos LGBT, são autoritárias, de inspiração russa e representam obstáculos à adesão à UE.

Os países ocidentais também afirmaram que a eleição de outubro, na qual os resultados oficiais deram ao bloco Sonho Georgiano quase 54% dos votos, foi marcada por violações. Os partidos de oposição disseram que a eleição foi fraudulenta e se recusaram a ocupar seus assentos.

O Parlamento Europeu aprovou uma resolução nesta quinta-feira pedindo a anulação e a repetição das eleições e a imposição de sanções às principais figuras do Sonho Georgiano.

O presidente russo, Vladimir Putin, ao discursar nesta quinta-feira em uma visita ao Cazaquistão, elogiou a "coragem e o caráter" que, segundo ele, as autoridades georgianas demonstraram ao aprovar a lei sobre agentes estrangeiros, que os críticos nacionais compararam à legislação russa.

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