Draghi chama Erdogan de ditador e abre crise com Turquia
O primeiro-ministro da Itália, Mario Draghi, classificou o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, como um "ditador", após criticar a postura sexista dele contra a chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, no caso chamado "sofagate".
Durante coletiva de imprensa no Palazzo Chigi, no entanto, o líder italiano admitiu que é necessário ter cooperação entre os países.
"Com estes ditadores, vamos chamá-los pelo que são, o que é necessário, porém, é preciso ser franco na expressão da diversidade de pontos de vista e visões da sociedade, e também estar dispostos a cooperar para garantir os interesses", afirmou Draghi, ressaltando que é "necessário encontrar o equilíbrio certo".
O premiê italiano disse ainda que a postura do presidente turco foi uma "humilhação". Apelidado de "sofagate", o caso ocorreu na última terça (6), quando Erdogan recebeu o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e a chefe da Comissão Europeia para uma reunião no palácio presidencial em Ancara, mas separou uma cadeira apenas para o líder europeu.
Na ocasião, Erdogan e Michel se sentaram em frente às bandeiras da Turquia e da UE, enquanto Von der Leyen ficou sem saber para onde ir, até ser acomodada em um sofá, afastada dos outros dois líderes.
O episódio provocou reações e críticas do tratamento sexista dispensado pelo mandatário da Turquia à Von der Leyen.
"Não concordo com o comportamento de Erdogan na relação com Ursula von der Leyen. Não compartilho absolutamente nada com Erdogan. Acredito que foi um comportamento inadequado. Fiquei muito decepcionado com a humilhação que a presidente da Comissão Europeia sofreu", enfatizou Draghi.
Após as declarações do premiê, o governo da Turquia convocou o embaixador italiano em Ancara, Massimo Gaiani, e condenou o comentário polêmico, segundo informação divulgada pela agência de notícias turca Anadolu.
"Condenamos veementemente as declarações descontroladas do primeiro-ministro italiano nomeado Mario Draghi sobre o nosso presidente eleito Recep Tayyip Erdogan", reforçou o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Cavusoglu.
Para o chanceler turco, as palavras do líder italiano revelam "uma retórica populista inaceitável".
Logo depois da reunião, o ministério das Relações Exteriores da Turquia emitiu uma nota na qual informa que Ancara espera que "essas declarações brutas e descaradas, que não estão em conforme com o espírito de amizade e aliança entre a Itália e a Turquia, sejam retiradas imediatamente".