Dinamarca tenta apoio da UE para pressionar Israel, que amplia operações em Gaza
A primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, afirmou no sábado (16) que o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, representa um "problema em si" e afirmou que usaria o seu cargo na presidência rotativa da União Europeia (UE) para aumentar a pressão sobre Israel. Frederiksen mencionou a possibilidade de sanções semelhantes às impostas à Rússia pelo bloco, mas ainda sem apoio dos países-membros.
A primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, afirmou no sábado (16) que o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, representa um "problema em si" e afirmou que usaria o seu cargo na presidência rotativa da União Europeia (UE) para aumentar a pressão sobre Israel. Frederiksen mencionou a possibilidade de sanções semelhantes às impostas à Rússia pelo bloco, mas ainda sem apoio dos países-membros.
"Netanyahu é agora um problema por si só", disse ela em entrevista ao jornal dinamarquês Jyllands-Posten, avaliando que o governo israelense está "indo longe demais". "Somos um dos países que desejam aumentar a pressão sobre Israel, mas ainda não conseguimos o apoio dos demais membros da UE", afirmou.
Segundo Frederiksen, sua intenção é exercer "pressão política, sanções", seja contra os ministros ou até mesmo "contra Israel como um todo", mencionando sanções comerciais ou relacionadas à pesquisa científica.
"Não excluímos nada de antemão. Assim como fizemos com a Rússia, estamos construindo as sanções para atingir onde acreditamos que terão maior impacto", acrescentou a primeira-ministra da Dinamarca, cujo país não pretende reconhecer o Estado palestino.
Situação humanitária "catastrófica" em Gaza
A líder social-democrata lamentou a situação humanitária "absolutamente horrível e catastrófica" em Gaza, além do novo projeto de assentamento na Cisjordânia.
A perspectiva de uma expansão das operações do Exército israelense na Faixa de Gaza foi confirmada nesta sexta-feira (15). As tropas israelenses afirmaram que estão conduzindo uma série de operações, se preparando para tomar o controle da cidade de Gaza e dos campos de refugiados vizinhos - onde moradores relatam há vários dias intensos bombardeios e incursões terrestres -, com o objetivo declarado de derrotar o Hamas e libertar os reféns sequestrados em 7 de outubro de 2023.
O recente anúncio do plano de Israel de ocupação total de Gaza desencadeou uma onda de condenação internacional, desespero entre os palestinos no território, exaustos após 22 meses de cerco e guerra, bem como protestos internos em Israel. Parentes dos reféns convocaram junto à oposição do governo de Netanyahu uma greve geral para este domingo.
"Não há lugar seguro em Gaza"
Das 251 pessoas sequestradas em 7 de outubro de 2023 pelo Hamas, 49 continuam em cativeiro em Gaza, das quais 27 foram declaradas mortas pelo Exército israelense.
"Já vivemos todos os dias com ansiedade e medo do desconhecido. Falar em expandir as operações terrestres israelenses significa mais destruição e morte", disse Ahmad Salem, de 45 anos, morador de um campo de refugiados localizado no norte de Gaza, atualmente exilado na parte ocidental do território. "Não há lugar seguro em Gaza. Se Israel expandir suas operações terrestres novamente, seremos as primeiras vítimas. Tudo o que queremos é viver em paz. Não podemos mais suportar essa situação", afirmou em entrevista à AFP.
O ataque realizado pelo Hamas em 7 de outubro de 2023 causou, do lado israelense, a morte de 1.219 pessoas, em sua maioria civis. As represálias israelenses em Gaza já causaram 61.430 mortes, também majoritariamente de civis, segundo dados do Ministério da Saúde do Hamas, considerados confiáveis pela ONU.
RFI com AFP