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Câmara dos EUA aprova impeachment de Trump e presidente será julgado pelo Senado

19 dez 2019 - 07h39
(atualizado às 08h08)
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Donald Trump se tornou o terceiro presidente dos Estados Unidos a ter um impeachment aprovado pela Câmara dos Deputados, na noite de quarta-feira, ao ser formalmente acusado pela Casa de abuso de poder e obstrução do Congresso, em uma votação histórica que vai inflamar as tensões partidárias em um país profundamente dividido.

Presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, durante votação que aprovou impeachment do presidente Donald Trump na Casa
18/12/2019
REUTERS/Jonathan Ernst
Presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, durante votação que aprovou impeachment do presidente Donald Trump na Casa 18/12/2019 REUTERS/Jonathan Ernst
Foto: Reuters

A aprovação de dois artigos de impeachment na Câmara, liderada pelos democratas, prepara o terreno para um julgamento no próximo mês no Senado, que é controlado pelos republicanos --um terreno mais amigável para Trump, ele próprio um republicano-- sobre condená-lo e destituí-lo do cargo.

Nenhum presidente nos 243 anos de história dos Estados Unidos foi destituído do cargo por impeachment. Isso exigiria uma maioria de dois terços no Senado, que tem 100 membros, o que significa que pelo menos 20 republicanos teriam que se juntar aos democratas na votação contra Trump -- e nenhum indicou que o fará.

O líder republicano no Senado, Mitch McConnell, disse que "não há chance" de a Casa remover Trump quando o presidente for julgado.

Trump, de 73 anos, é acusado de abusar de seu poder ao pressionar a Ucrânia a investigar o rival político Joe Biden, um dos principais candidatos à nomeação presidencial democrata para 2020, e também uma teoria desacreditada de que os democratas conspiraram com a Ucrânia para interferir nas eleições de 2016 nos EUA.

Os democratas disseram que Trump reteve uma ajuda de 391 milhões de dólares em ajuda de segurança à Ucrânia destinada a combater os separatistas apoiados pela Rússia e adiou uma cobiçada reunião na Casa Branca com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, como forma de pressionar o governo de Kiev a interferir nas eleições de 2020 ao prejudicar Biden.

Um segundo artigo de impeachment acusou Trump de obstrução do Congresso por ordenar que funcionários e agências do governo não cumprissem as intimações legais da Câmara para prestar depoimentos e entregar documentos relacionados ao inquérito de impeachment.

Trump, que vai buscar outro mandato de quatro anos nas eleições presidenciais de novembro de 2020, nega ter cometido irregularidades e diz que o inquérito de impeachment lançado pela presidente da Câmara, Nancy Pelosi, em setembro, é uma "caça às bruxas".

Em um comício de sua campanha de reeleição em Battle Creek, no Michigan, enquanto a Câmara votava, Trump disse que o impeachment era uma "marca de vergonha" para os democratas e Pelosi, e os custaria caro nas eleições de 2020.

"Este impeachment partidário e sem lei é uma marcha suicida política para o Partido Democrata", disse Trump. "Eles são os que devem ser acusados, todos eles."

"DEFESA DA DEMOCRACIA"

Durante um debate que durou um dia inteiro antes da votação, Pelosi leu o Juramento de Fidelidade dos EUA e disse: "Estamos aqui para defender a democracia para o povo".

"Se não agirmos agora, estaríamos fugindo do nosso dever. É trágico que as ações imprudentes do presidente tornem necessário o impeachment", disse Pelosi.

À medida que o debate se desenrolava, os republicanos acusavam os democratas de tentarem usar o processo para anular as eleições de 2016 e influenciar a votação de 2020.

"O assunto hoje perante a Câmara se baseia unicamente no ódio fundamental ao nosso presidente. É uma farsa, uma caça às bruxas -- e isso equivale a um golpe contra o presidente eleito dos Estados Unidos", disse o deputado republicano Mike Rogers.

A votação do impeachment ocorreu durante a campanha de reeleição de Trump, na qual o republicano enfrentará o vencedor de uma disputa interna dos democratas, incluindo Biden, que criticou repetidamente a conduta de Trump no cargo e prometeu torná-la uma questão fundamental.

"O presidente Trump abusou de seu poder, violou seu juramento e traiu nossa nação", disse Biden no Twitter após a votação, acrescentando: "Nos Estados Unidos da América, ninguém está acima da lei -- nem mesmo o presidente".

Pesquisas Reuters/Ipsos mostram que, embora a maioria dos democratas queira um impeachment, a maioria dos republicanos não o quer. As audiências na Câmaras transmitidas pela televisão no mês passado, destinadas a criar apoio público ao impeachment, parecem ter dividido ainda mais os dois lados.

Apenas dois presidentes anteriores dos EUA tiveram impeachment aprovado na Câmara. Em 1998, a Casa votou contra o presidente Bill Clinton por acusações de perjúrio e obstrução da Justiça decorrentes de um relacionamento sexual que teve com uma estagiária da Casa Branca, mas o Senado o absolveu.

A Câmara também aprovou o impeachment do presidente Andrew Johnson em 1868, concentrando-se em sua remoção do secretário de Guerra, mas ele foi absolvido pelo Senado.

Em 1974, o presidente Richard Nixon renunciou depois que o Comitê Judiciário da Câmara aprovou artigos de impeachment no escândalo de corrupção de Watergate, mas antes que o plenário da Câmara votasse o impeachment.

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