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Brasileiro foi 1º diretor de organização premiada com Nobel da Paz

José Maurício Bustani acabou demitido após desavenças com os EUA

11 out 2013 - 06h53
(atualizado às 07h42)
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José Maurício Bustani
José Maurício Bustani
Foto: AFP

A Organização para a Proibição das Armas Químicas (Opaq), que ganhou o prêmio Nobel da Paz deste ano, teve um brasileiro, o diplomata José Maurício Bustani, como seu primeiro diretor-geral.

Bustani, atualmente embaixador em Paris, foi demitido da Opaq em um episódio polêmico em 2002, um ano antes da invasão dos Estados Unidos ao Iraque.

Natural de Porto Velho (Rondônia), Bustani assumiu a direção da Opaq em 1997, ano de criação da organização. Em 2000, ele foi reeleito por unanimidade e teve sua gestão elogiada pelo então secretário de Estado americano, Colin Powell.

No entanto, um ano antes da invasão do Iraque, o brasileiro ficou no centro de uma disputa com os Estados Unidos que levou a sua demissão.

Bustani defendia a adesão do Iraque, então sob comando de Saddam Hussein, à organização como uma medida que abriria caminho para inspeções de armas no país. Mas os Estados Unidos disseram que as inspeções acabariam sendo lenientes demais.

Representantes dos Estados Unidos acusaram o brasileiro de má administração à frente da entidade.

Mas especialistas defenderam a gestão de Bustani e acusaram os Estados Unidos de se opor à tentativa dele de ampliar o alcance da Opaq para incluir países como Iraque e Líbia, à época com regimes hostis ao governo americano.

Em entrevista à BBC Brasil em julho de 2002, meses após seu afastamento, Bustani acusou os Estados Unidos de promover um esvaziamento da entidade e de proteger os países ricos com grandes indústrias químicas, concentrando suas inspeções no Hemisfério Sul, onde as empresas químicas não são tão importantes.

Críticos de seu afastamento disseram na época que os Estados Unidos estariam insatisfeitos com as tentativas de Bustani de promover inspeções em instalações militares americanas com o mesmo rigor que as inspeções em outros países signatários da convenção internacional contra armas químicas.

Bustani chegou a recorrer à Organização Internacional do Trabalho (OIT) contra seu afastamento, considerado irregular pelo tribunal administrativo da entidade.

Síria

A Opaq está atualmente coordenando a destruição do arsenal de armas químicas da Síria. O comitê do Nobel justificou a escolha com base no "extensivo trabalho da entidade para eliminar armas químicas".

A agência, que tem base em Haia e é apoiada pela ONU, foi estabelecida para acompanhar a aplicação da convenção sobre armas químicas de 1997. Ela recentemente enviou inspetores para acompanhar o desmantelamento do estoque de armas químicas da Síria.

Um ataque com gás sarin em subúrbios de Damasco matou mais de 1.400 pessoas em agosto.

O prêmio inclui 8 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 2,7 milhões) em dinheiro.

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