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Áudio de juiz revive polêmica sobre condenação de Berlusconi

Defesa do ex-premiê quer acionar Corte de Direitos Humanos

30 jun 2020 - 14h41
(atualizado às 14h50)
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Sete anos após a sentença que acelerou a derrocada política de Silvio Berlusconi e custou seu mandato de senador, o caso voltou a ser motivo de polêmica na Itália devido ao vazamento de um áudio de um ex-juiz da Suprema Corte.

Silvio Berlusconi cumpriu pena de um ano de serviços sociais por fraude fiscal
Silvio Berlusconi cumpriu pena de um ano de serviços sociais por fraude fiscal
Foto: ANSA / Ansa - Brasil

Amedeo Franco, morto em 2019, foi relator do processo "Mediaset" na Corte de Cassação, instância máxima da Justiça da Itália e que condenou Berlusconi em agosto de 2013 a quatro anos de prisão por fraude fiscal na compra e venda de direitos televisivos em seu conglomerado de mídia.

O ex-primeiro-ministro acabou cumprindo apenas um ano de serviços sociais em um asilo em Milão, mas ficou inelegível por quase seis anos e só voltou a exercer cargo público em julho de 2019, quando tomou posse como deputado do Parlamento Europeu.

No entanto, na última segunda-feira (29), o programa "Quarta Repubblica", transmitido pela própria emissora de Berlusconi, divulgou um áudio em que Franco afirma que a sentença da Corte de Cassação foi um "pelotão de execução" e uma decisão "direcionada de cima".

As declarações foram ditas na presença do próprio ex-primeiro-ministro, mas Franco não apresentou nenhuma prova ou indício nem explicou quem poderia ter obrigado a Suprema Corte a condenar Berlusconi, que já havia sido sentenciado nas duas instâncias inferiores.

"Eu nunca sofri pressões de cima nem de qualquer outra direção", disse, por meio de uma nota, Antonio Esposito, presidente da sessão da Corte de Cassação que condenou o ex-premiê em 2013. Além disso, o magistrado acrescentou que a sentença foi aprovada por unanimidade.

Ainda assim, um dos advogados de Berlusconi, Franco Coppi, anunciou que enviará o áudio à Corte Europeia dos Direitos Humanos.

Reações

O partido conservador Força Itália (FI), fundado pelo ex-primeiro-ministro no início dos anos 1990, pediu a instauração de uma comissão parlamentar de inquérito para investigar a sentença da Suprema Corte.

Deputados da legenda expuseram nesta terça-feira (30) cartazes com as frases "Verdade para Berlusconi" e "Justiça para Berlusconi" no plenário da Câmara. Já o líder da oposição e secretário da ultranacionalista Liga, Matteo Salvini, disse que o ex-primeiro-ministro, seu aliado, foi alvo de um "complô repugnante", e defendeu sua nomeação como senador vitalício.

Por sua vez, o senador e também ex-premiê Matteo Renzi, do partido de centro Itália Viva (IV), afirmou que Berlusconi é um "adversário político", mas acrescentou que o país "não pode fingir que nada aconteceu". "É obrigatório esclarecer o áudio daquela transmissão", escreveu Renzi em sua newsletter.

Além da condenação definitiva por fraude fiscal, Berlusconi responde a diversos processos por corrupção de testemunhas, sob a acusação de ter subornado garotas de programa para elas mentirem em seu favor nos tribunais, e chegou a ser sentenciado a três anos de corrupção por compra de votos no Parlamento, mas o crime foi declarado prescrito pela Suprema Corte.

Ansa - Brasil   
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