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América Latina

Venezuela: reunião de emergência é convocada após 22º morte

Após denúncias de possível responsabilidade de grupos paramilitares pela morte do estudante Daniel Tinoco, nesta segunda-feira, ministro investiga fatos e pede reunião de emergência

11 mar 2014 - 17h04
(atualizado às 17h07)
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Foto: Reuters

Em meio a denúncias de que foram grupos paramilitares que provocararam a morte do estudante Daniel Tinoco, de 24 anos, na noite desta segunda-feira em San Cristóbal, no estado de Táchira, o movimento estudantil da região está fazendo nesta terça-feira protestos e bloqueios em várias localidades. A assessoria de imprensa do Ministério do Interior e Paz confirmou à Agência Brasil que uma reunião de emergência foi convocada pelo governo para esta terça-feira em San Cristóbal.

“O ministro Miguel Rodríguez está embarcando agora à tarde para a cidade para investigar os fatos”, informou por telefone a assessoria de imprensa do ministério. Além da morte de Daniel Tinoco, dois jovens foram feridos por disparos, após enfrentamentos entre estudantes, guardas e possíveis grupos paramilitares.

Ontem os estudantes já bloqueavam vias públicas. A Guarda Nacional dispersou as manifestações com gás lacrimogêneo e balas de borracha. O líder estudantil e vereador José Vicente García disse à Agência Brasil que Daniel Tinoco foi morto por participantes de um coletivo armado, segundo ele, de orientação socialista, ligado ao governo estadual.

“Temos provas do que aconteceu ontem. Vídeos e fotos. Sabemos que membros dos Tupamaro [coletivo bolivariano] atiraram em Daniel e nos demais jovens. Temos tudo documentado, inclusive imagens que mostram grupos que têm relações com o governador do estado [José Gregório Vielma Mora]”, acusou.

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As informações sobre a participação de grupos paramilitares em manifestações na região são contraditórias. O governador diz que os coletivos que atuam no estado estão “infiltrados” por colombianos, ligados à extrema direita venezuelana e também à parapolítica colombiana. San Cristóbal está localizada a 57 quilômetros da fronteira com a Colômbia, perto da Cúcuta, Departamento Norte de Santander.

Estudantes e oposicionistas afirmam, porém, que os responsáveis por ações paramilitares são coletivos armados bolivarianos. “São gente paga pelo próprio governo do estado”, afirma García.

Em meio ao impasse sobre versões e trocas de acusações, os conflitos na cidade continuam. Foi em San Cristóbal que o movimento estudantil começou a fazer as primeiras manifestações de protesto, em 4 de fevereiro, reivindicando mais segurança na cidade, após tentativa de estupro de uma estudante.

Desde então, barricadas são mantidas e a região vive em toque de recolher, com agravamento de problemas de abastecimento. A Agência Brasil visitou a região neste fim de semana, na mesma data em que o governo federal realizava uma conferência regional de paz. Alguns opositores se recusaram a participar da conferência, que durou quatro dias. O movimento estudantil alegou que não participaria enquanto houvesse estudantes presos.

De acordo com o governo, já foram liberados todos os detidos e que somente um estudante continua preso porque, antes de ser detido, cumpria medida cautelar.

O governo nega a existência de grupos paramilitares venezuelanos e diz que os coletivos armados estão sendo desarmados. “Estamos negociando com eles e, em Caracas, pelo menos, não negocio com grupos armados”, afirmou o ministro de Justiça e Paz, Miguel Rodríguez Torres, em uma conversa neste fim de semana, em San Cristóbal.

A ministra de Comunicação e Informação, Decy Rodríguez, também informou hoje que uma emissora de rádio da Universidade de Los Andes, em Táchira, foi incendiada por grupos violentos. "Isso não é protesto, é vandalismo!", escreveu em sua conta no Twitter. 

Agência Brasil Agência Brasil
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