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América Latina

Milhões participam de greve anti-Maduro na Venezuela

20 jul 2017 - 20h39
(atualizado às 21h05)
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Forças de segurança se movimentam durante confronto com manifestantes em Caracas
 20/7/2017     REUTERS/Andres Martinez Casares
Forças de segurança se movimentam durante confronto com manifestantes em Caracas 20/7/2017 REUTERS/Andres Martinez Casares
Foto: Reuters

Diversas ruas da Venezuela foram bloqueadas e esvaziadas nesta quinta-feira para uma greve convocada por rivais do presidente Nicolás Maduro para exigir eleições e o fim de planos para um novo Congresso, que opositores temem que irá consolidar uma ditadura no país membro da Opep.

Dos Andes à Amazônia, milhões se juntaram à greve de 24 horas, ficando em casa, fechando comércios ou fortificando bloqueios em uma campanha de desobediência civil que a oposição espera acabar com cerca de duas décadas de governo socialista.

"Precisamos fazer nosso melhor para nos livrarmos desta tirania", disse Miguel Lopez, de 17 anos, segurando um escudo caseiro com a frase "Não à Ditadura!" em um bloqueio em uma rua de Caracas sem tráfego.

Muitos grupos de transportes particulares atenderam ao chamado de greve, enquanto estudantes, moradores e ativistas empilharam lixo e móveis nas ruas para levantar barricadas.

Em alguns locais, no entanto, como os bairros pobres de Catia e 23 de Janeiro, em Caracas, ruas e comércios ainda estavam com movimento, enquanto moto-táxis substituíram ônibus.

"Eu tenho que trabalhar para sobreviver, mas se pudesse, estaria em greve", disse o vendedor de roupas Victor Sanabria, de 49 anos, na cidade sulista de San Felix. "Estamos cansados deste governo."

Em discurso, Maduro prometeu que alguns líderes da greve seriam presos e insistiu que a ação era mínima, com os 700 principais negócios alimentícios, por exemplo, ainda funcionando.

Ele disse que apoiadores da oposição atacaram a sede da TV estatal e queimaram um quiosque do serviço de correios do governo, mas foram repelidos por funcionários e soldados. "Ordenei a captura de todos os terroristas fascistas", afirmou, colocando a culpa em um prefeito distrital de Caracas, Carlos Ocariz.

Em confrontos em outras áreas, forças da segurança usaram gás lacrimogêneo contra manifestantes que erguiam barricadas. Jovens atiraram fogos de artifício de morteiros caseiros contra membros das forças da segurança. Mais de 80 pessoas foram presas até o início desta tarde, disse um grupo local de direitos humanos.

Mortes

A violência durante quarto meses de agitações anti-governo deixou cerca de 100 mortos, feriu milhares, deixou centenas presos e prejudicou ainda mais uma economia em seu quarto ano de queda.

Confrontos têm acontecido diariamente desde que a coalizão Unidade Democrática e seu movimento liderado por jovens autodenominado "Resistência" tomaram as ruas em abril. Na morte mais recente, um homem confrontando manifestantes foi queimado até a morte nesta semana na cidade costeira de Lecheria, no norte do país, segundo a mídia e autoridades.

Líderes dos 2,8 milhões de funcionários públicos da Venezuela disseram que ministérios e empresas estatais continuavam abertos nesta quinta-feira.

"Estou em greve 'de coração' porque se não aparecermos, eles irão nos demitir", disse um engenheiro de 51 anos que seguia para trabalhar na fábrica estatal de aço Sidor, no Estado de Bolívar.

A companhia petroleira PDVSA, que atrai 95 por cento da renda de exportação da Venezuela, não foi afetada. 

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