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América Latina

Eleições na Venezuela: entenda o processo que definirá a era pós-Chávez

Com a morte de Hugo Chávez, no dia 5 de março, novas eleições presidenciais foram convocadas na Venezuela; será o primeiro pleito sem o líder nos últimos 14 anos

9 abr 2013 - 18h08
(atualizado às 18h08)
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Henrique Capriles e Nicolás Maduro se enfrentam nas urnas no dia 14 de abril
Henrique Capriles e Nicolás Maduro se enfrentam nas urnas no dia 14 de abril
Foto: AFP

Neste domingo, cerca de 15 milhões de eleitores são esperados para decidir nas urnas que o rumo a Venezuela tomará após a morte do presidente Hugo Chávez, onipresente na vida política e institucional do país há 14 anos. A curta campanha eleitoral opõe o chavista Nicolás Maduro, ex-motorista de ônibus e companheiro de Chávez desde o início do governo, em 1999, e o opositor Henrique Capriles, que perdeu o pleito de outubro do ano passado para o próprio Chávez e tenta se firmar como nome forte da oposição.

Na Venezuela o voto não é obrigatório. Nas eleições de 7 de outubro do ano passado, dos quase 19 milhões de eleitores inscritos, 15 milhões compareceram para votar. A Venezuela tem pouco mais de 27 milhões de habitantes, conforme o censo de 2011. Na ocasião, 6,5 milhões votaram em Capriles, demonstrando que uma grande parcela da população não estava satisfeita com os rumos da revolução bolivariana. Mas 8,1 milhões deram respaldo para a continuidade do processo iniciado por Chávez.

Foi a primeira eleição na qual os principais partidos de oposição se uniram em uma só coligação, a Mesa de Unidade Democrática, e tiveram candidato único. Outros quatro opositores preferiram tentar sozinhos e, juntos, fizeram menos de 100 mil votos.

<p>Maduro, o &#39;filho&#39;&nbsp;pol&iacute;tico de Hugo Ch&aacute;vez</p>
Maduro, o 'filho' político de Hugo Chávez
Foto: EFE

Na eleição do próximo domingo, além de Maduro e Capriles, outros cinco candidatos se inscreveram, mas não ameaçam a polarização entre o herdeiro político de Chávez e o novo rosto da oposição. Várias pesquisas confirmam esse cenário e quase todas dão vitória a Maduro. Segundo esses levantamentos, o candidato chavista terá entre 10 e 20 pontos de vantagem para o opositor. Em 2012, Capriles perdeu por 11 pontos (cerca de 1,5 milhão de votos).

A convocação da eleição presidencial extraordinária fez com que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) transferisse a escolha dos novos prefeitos - inicialmente prevista para 14 de abril - para julho. Nada que altere a rotina da política no país, já que o povo venezuelano se acostumou a ser convidado para votar nos últimos anos.

Desde que Chávez assumiu, foram pelo menos 11 pleitos, entre referendos e eleições presidenciais, legislativas e regionais. Só nos três últimos meses do ano passado, por exemplo, foram duas: as presidenciais de outubro e as regionais em dezembro, quando Chávez não estava mais no país.

<p>Capriles perdeu para Chávez em outubro do ano passado</p>
Capriles perdeu para Chávez em outubro do ano passado
Foto: AFP

Maduro, autointitulado "filho" de Chávez na política, governa de fato desde o início de dezembro, quando o presidente viajou a Cuba para tratar o câncer. Então vice-presidente executivo (que não é eleito, mas indicado pelo presidente, assim como os ministros), o ex-motorista de ônibus não poderia assumir o comando da Venezuela em caso de falta absoluta do presidente reeleito para seu quarto mandato.

Para permitir que ele seguisse governando, mesmo sem Chávez tomar posse no dia 10 de janeiro, como manda a Constituição, o governo e a Suprema Corte de Justiça fizeram uma interpretação própria: a posse de Chávez seria adiada para quando ele tivesse condições de assumir, não havendo assim a falta absoluta – que obrigaria a convocação de novas eleições – e Maduro continuaria no comando. Com isso, o então vice experimentou o cargo por 100 dias, até a morte de Chávez, no início de março.

Um dia após a confirmação da morte do presidente, Nicolás Maduro foi empossado como "presidente encarregado". Dessa forma, pôde continuar no palácio de Miraflores e disputar o mandato até 2019 ao mesmo tempo.

Conheça os candidatos à vaga deixada por Chávez na Venezuela:

A oposição criticou duramente as duas atitudes, alegando que os poderes se uniram para blindar o candidato governista. No entanto, a insatisfação opositora não se transformou em ações concretas para impedir as interpretações chavistas do texto da Constituição e, até o momento, o roteiro político desde o sumiço de Chávez tem sido executado conforme o gosto do governo.

Desde que Chávez apareceu pela última vez em público, no dia 8 de dezembro, anunciando que o câncer tinha voltado e que viajaria a Havana para se submeter a uma nova cirurgia, a oposição venezuelana tentava unificar o discurso contra o chavismo. Inicialmente, acusaram o governo de mentir sobre a saúde do presidente, criticaram o adiamento da posse, pediram informações mais precisas sobre a doença de Chávez e, finalmente, com a morte do líder que gozava de grande popularidade, partiram para o ataque.

<p>O bigode é uma das marcas registradas do candidato chavista; na foto, o adereço foi colocado no rosto do opositor </p>
O bigode é uma das marcas registradas do candidato chavista; na foto, o adereço foi colocado no rosto do opositor
Foto: AP

Henrique Capriles, que na campanha de 2012 contra Chávez parecia fugir do embate direto, agora critica Nicolás Maduro diariamente. Na opinião de analistas políticos, o jovem opositor de 40 anos não queria se indispor com um presidente altamente popular. Agora, busca se firmar como o principal nome da oposição e adota, inclusive, símbolos chavistas: seu comando de campanha, por exemplo, foi batizado como “Simón Bolívar”.

Depois que Chávez morreu, a campanha começou. Capriles demorou alguns dias até anunciar que aceitava o convite da Mesa de Unidade Democrática para disputar as eleições, mas nunca deixou de ser o principal porta-voz da oposição. Maduro, por sua vez, embarcou na comoção causada pela morte do líder.

Quando o período oficial de campanha começou, na semana passada, o clima eleitoral já tinha tomado conta do país. Os dois candidatos intensificaram a realização de atos públicos e se desdobraram para marcar presença em diferentes Estados no mesmo dia, otimizando o pouco tempo de campanha. 

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Fonte: Terra
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