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América Latina

"É importante que Lula tenha vindo manifestar solidariedade a Cristina", diz Prêmio Nobel da Paz

O Prêmio Nobel da Paz, Adolfo Pérez Esquivel, e o deputado Eduardo Valdés tiveram uma reunião bilateral com Lula, após o presidente brasileiro visitar Cristina Kirchner na prisão domiciliar, enquanto militantes esperaram que os dois aparecessem na varanda para saudar os apoiadores.

4 jul 2025 - 07h58
(atualizado às 08h04)
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O Prêmio Nobel da Paz, Adolfo Pérez Esquivel, e o deputado Eduardo Valdés tiveram uma reunião bilateral com Lula, após o presidente brasileiro visitar Cristina Kirchner na prisão domiciliar, enquanto militantes esperaram que os dois aparecessem na varanda para saudar os apoiadores.

O presidente Lula segura cartaz da campanha 'Cristina Libre' ao lado do chanceler Mauro Vieira (à esq.) e o prêmio Nobel da Paz, Adolfo Pérez Esquivel. O deputado Eduardo Valdés (à dir.) exibe o cartaz Lula Livre. 03/07/2025
O presidente Lula segura cartaz da campanha 'Cristina Libre' ao lado do chanceler Mauro Vieira (à esq.) e o prêmio Nobel da Paz, Adolfo Pérez Esquivel. O deputado Eduardo Valdés (à dir.) exibe o cartaz Lula Livre. 03/07/2025
Foto: © Divulgação/ Pérez Esquivel / RFI

Márcio Resende, correspondente da RFI em Buenos Aires

O presidente Lula encontrou Cristina Kirchner bem, com força e consciente do processo de perseguição política que a afeta e que tirou líderes regionais da disputa eleitoral, incluindo o próprio Lula, que abraçou a campanha "Cristina Livre" ao acreditar na inocência da ex-presidente argentina. Esses foram os pontos revelados à RFI pelo Prêmio Nobel da Paz (1980), Adolfo Pérez Esquivel, e pelo deputado Eduardo Valdés, após se reunirem com Lula na residência do embaixador do Brasil em Buenos Aires.

"É muito importante que Lula tenha vindo manifestar solidariedade e apoio à Cristina. Essa visita ajuda a criar consciência coletiva sobre a aplicação de lawfare para impedir que dirigentes políticos concorram e ganhem eleições", disse à RFI Adolfo Pérez Esquivel.

"Lawfare" é o termo usado pela esquerda latino-americana para denunciar uma guerra judiciária, criada pela direita, com o objetivo de intervir na política e destruir adversários. Cristina Kirchner garante ser vítima dessa perseguição política que fez do presidente Lula sua primeira vítima em abril de 2018.

"Lula viu Cristina bem, com força e consciente do processo de lawfare que lhe aplicaram. Acreditamos na inocência de Cristina", descreveu Pérez Esquivel, quem foi duas vezes visitar Lula, quando preso em Curitiba.

"Lula disse que acredita na inocência de Cristina e tirou fotos com um cartaz que diz Cristina Livre", afirmou o deputado Eduardo Valdés, também presente na reunião, após a visita de Lula à prisão domiciliar de Cristina Kirchner.

Na foto, Lula segura o cartaz da campanha "Cristina Livre" ao lado do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e do próprio Pérez Esquivel. Eduardo Valdés segura o cartaz "Lula Livre" numa comparação entre os dois processos. O filho de Adolfo Pérez Esquivel, Leonardo, é quem tira a foto. Segundo os presentes, a Presidência do Brasil também tirou fotos, mas as imagens não foram divulgadas pelo lado brasileiro.

Visita de Lula dá visibilidade internacional

Lula e Cristina Kirchner reuniram-se por 50 minutos na casa da ex-presidente, sua prisão domiciliar desde o dia 17 de junho, após a Corte Suprema argentina confirmar a sentença de seis anos de prisão por fraude ao Estado, um crime de corrupção. A condenação implica a inabilitação para exercer qualquer cargo público, elegível ou não.

A chegada do presidente Lula à prisão domiciliar contou com um esquema reforçado de segurança, com as ruas da vizinhança fechadas e com a presença de militantes.

A esperada saída dos dois presidentes juntos à varanda do segundo andar, onde Cristina mora, não aconteceu para decepção dos apoiadores.

A autorização judicial para a visita incluía uma advertência sobre a necessidade de preservar a tranquilidade dos moradores, mas também estava em jogo o constrangimento do presidente Javier Milei, desafeto de Lula e de Cristina.

Lula deixou o imóvel às 13h25, depois de posar para fotos abraçado com Cristina Kirchner.

"Fiquei muito feliz em revê-la e encontrá-la tão bem, com força e gana de luta. Tenho por Cristina uma amizade de muitos anos que vai muito além da relação institucional. Um carinho e afeto de amigos, companheiros de campo político e de ideais de justiça social e combate às desigualdades", publicou Lula nas redes sociais.

O presidente desejou que Cristina "continue lutando com a mesma firmeza que tem sido a marca de sua trajetória na vida e na política".

"Pude sentir nas ruas o apoio popular que tem recebido e sei bem o quanto é importante esse reconhecimento nos momentos mais difíceis. Que fique bem e siga firme na sua luta por justiça", afirmou Lula.

Paralelamente, Cristina Kirchner também publicava nas redes sociais a sua visão do encontro com Lula, reforçando que está presa "por decisão de um Poder Judiciário que deixou de dissimular sua subordinação política e se converteu em um partido político a serviço do poder econômico".

"Lula também foi perseguido, usaram lawfare para prendê-lo e tentaram silenciá-lo. Não conseguiram. Ele voltou com o voto do povo brasileiro e de cabeça erguida", escreveu Cristina, comparando-se com Lula.

Contraponto entre Lula e Milei

A visita de Lula à Cristina aconteceu à tarde, logo depois da reunião de Cúpula do Mercosul que começou com uma recepção fria, meramente protocolar, entre dois líderes que não se falam, embora representem o eixo da integração regional.

A Argentina passou ao Brasil a Presidência do Mercosul pelos próximos seis meses.

No seu discurso, Javier Milei criticou o protecionismo do Mercosul e incentivou a Presidência brasileira a manter o ritmo de abertura, caso contrário, a Argentina pode rever a sua integração.

"Se isso não for possível e os membros do bloco preferirem resistir, então teremos de insistir em flexibilizar as condições da sociedade que nos une", advertiu Milei.

O presidente argentino disse que "a barreira que o bloco colocou para se proteger comercialmente terminou incluindo-o do comércio e da concorrência global, castigando os povos com piores bem e piores preços, contribuindo a frear o crescimento econômico".

"Por isso, propusemos um esquema comercial e regulatório mais livre, em vez da cortina de ferro à qual estamos submetidos", definiu Milei, dando como exemplo a recente lista de exceções à Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul.

Já o presidente Lula defendeu o Mercosul, afirmando que "para o Brasil, o Mercosul é o refúgio natural onde nos sentimos seguros".

"Estar no Mercosul nos protege. Nossa Tarifa Externa Comum nos blinda contra guerras comerciais alheias. Nossa robustez institucional nos credencia perante o mundo como parceiros confiáveis. Não é à toa que um número cada vez maior de países e blocos estejam interessados em se aproximar de nós", indicou Lula.

RFI A RFI é uma rádio francesa e agência de notícias que transmite para o mundo todo em francês e em outros 15 idiomas.
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