O ex-presidente deposto do Egito, Hosni Mubarak, foi declarado "clinicamente morto" no início da noite desta terça-feira (horário brasileiro) pela agência estatal de notícias do Egito Mena, que atribui a informação a uma fonte hospitalar.
"Hosni Mubarak está clinicamente morto", diz o informe original da oficial Mena. "Fontes médicas informaram à Mena que seu coração parou de bater e não respondeu à desfibrilação", acrescentou uma fonte à agência AFP. Não há outras fontes que confirmem a morte do ex-presidente.
Fontes militares, todavia, negam a informação e indicam que Mubarak estaria inconsciente, sendo mantido por aparelhos. "Ele está completamente inconsciente. Está usando respiração artificial", disse uma fonte militar à Reuters. Outra fonte de segurança deu o mesmo relato: "Ainda é cedo para dizer que ele está clinicamente morto".
Um advogado do ex-presidente ouvido pelo jornal americano Washington Post também nega a notícia de sua morte. Um general ouvido pela CNN igualmente nega o falecimento, mas afirma que a saúde do ex-dirigente se deteriora e se encontra em condições críticas.
Este conflito de versões sobre o verdadeiro estado de saúde do ex-presidente pode apontar para um mesmo quadro. De um lado, a agência estatal indica, sem maiores detalhes, a "morte clínica" de Mubarak; de outro, fontes militares confirmam que seu coração parou e que o ex-líder é mantido vivo à base de equipamentos. Ambos os relatos, portanto, apontam para um quadro extremamente crítico, se não terminal.
Mubarak, que renunciou após os protestos populares no Egito em fevereiro de 2011, estava internado, vinha de um grave quadro médico e havia sofrido ainda na tarde de hoje um AVC. Os médicos da prisão de Tora, nas proximidades do Cairo, onde estava detido desde sua condenação à prisão perpétua, o haviam transferido havia poucas horas para um hospital militar da região.
Hosni Mubarak nasceu em 1928 e foi um dos mais fortes governantes árabes do século XX. Ele comandou o Egito de outubro de 1981 a fevereiro de 2011, perfazendo quase três décadas de governo forte no Cairo. Sua queda após a Primavera Árabe egípcia veio após a fuga do presidente Ben Ali, na Tunísia, e antes da morte de Muammar Kadafi na revolta seguida de guerra na Líbia.
Na Praça Tahrir, símbolo da revolução egípcia, uma massa de manifestantes festejava a notícia da suposta morte de Mubarak com gritos e fogos de artifício. O país vive o auge da tensão eleitoral da era pós-Mubarak depois que, no último domingo, Ahmed Shafiq e Mohammed Mursi disputaram as eleições presidenciais. Eles representam, respectivamente, a antiga ala de Mubarak e o grupo emergente da Irmandade Muçulmana, principal órgão político dos islâmicos no mundo árabe.
Agência egípcia anuncia morte de Hosni Mubarak; exército nega:
No dia 2 de junho, Mubarak, atrás de grades e em uma maca, acompanha sessão de seu julgamento que culminaria com a condenação à prisão perpétua
Foto: AFP
Hosni Mubarak chega em maca para sessão de seu julgamento em 5 de janeiro de 2012, no Cairo
Foto: AFP
Mubarak vota em seção eleitoral no Cairo nas eleições parlamentares do Egito em 28 de novembro de 2010, poucos meses antes de irromper a revolta popular contra o seu governo
Foto: AFP
Mubarak gesticula para o então premiê italiano Silvio Berlusconi (dir.) durante conferência em Roma, na Itália, em 19 de maio de 2010, meses antes do início das revoltas que culminariam com a sua saída do poder no Egito
Foto: AFP
Mubarak (dir.) é visto ao lado de seu chefe de gabinete, Zakaria Azmi, em 31 de março de 2008, no Cairo. Azmi foi uma das autoridades condenadas à prisão após a queda do regime de Mubarak
Foto: AFP
Mubarak conversa com Lula durante visita do então presidente do Brasil ao Cairo em 8 de dezembro de 2003. Esta foi a primeira visita de um chefe de Estado do Brasil ao Egito desde 1870. Lula também visitou a Síria, a Líbia, o Líbano e os Emirados Árabes Unidos
Foto: AFP
Bem-humorados, Mubarak e o então presidente americano George W. Bush concedem entrevista conjunta após reunião sobre a situação Israel/Palestina em Camp David, no Estado americano de Maryland, 8 de junho de 2002
Foto: AFP
Mubarak recebe o presidente sírio Bashar al-Assad no aeroporto do Cairo em 20 de março de 2002
Foto: AFP
Mubarak e o papa João Paulo II (esq.) respeitam hinos nacionais durante encontro no Cairo em 24 de fevereiro de 2000. Católicos formam a segunda maior minoria do Egito
Foto: AFP
Mubarak se encontra com Muammar Kadafi dentro da tradicional tenda colorida do ex-líder líbio em 6 de março de 1999, no Cairo
Foto: AFP
Mubarak e o então presidente argentino Carlos Menem visitam centro de Pesquisa nuclear de Inshas, no Egito, em 4 de fevereiro de 1998
Foto: AFP
Mubarak concede a condecoração máxima de seu país ao então presidente sul-africano Nelson Mandela (esq.) durante encontro no Cairo em 21 de outubro de 1997. Mubarak também foi condecorado por Mandela no encontro
Foto: AFP
Mubarak se despede com um abraço do então presidente americano Bill Clinton após encontro na Casa Branca em 6 de abril de 1993
Foto: AFP
Mubarak se prepara para discursar em Washington, nos Estados Unidos, sob os olhares do então presidente americano George Bush, em 3 de abril de 1989
Foto: AFP
Mubarak posa ao lado do presidente de Yasser Arafat (dir.), então presidente da Organização de Libertação da Palestina, e de Saddam Hussein (centro), então presidente do Iraque, durante encontro árabe em Bagdá, em 23 de outubro de 1988
Foto: AFP
Mubarak se estica para receber bilhete de manifestante egípcio enquanto policiais tentam impedir que o homem tenha acesso ao presidente durante carreata em Mansoura
Foto: AFP
Mubarak é recebido em Paris pelo então presidente francês, François Mitterrand (dir.), em 29 de janeiro de 1986
Foto: AFP
Mubarak participa de cerimônia na Casa Branca, em Washington (EUA) ao lado do então presidente americano Ronald Reagan (dir.) em 3 de janeiro de 1982
Foto: AFP
Mubarak acena para fotógrafos ao deixar funeral de Anwar el-Sadat, em 10 de outubro de 1981. Ele se tornou oficialmente presidente do Egito em 14 de outubro daquele ano
Foto: AFP
Mubarak vota em referendo em 13 de outubro de 1981. Após o assassinato do então presidente egípcio Anwar Sadat, uma consulta popular foi convocada para alçar Mubarak à presidência do país
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Imagem exibe Mubarak, então vice-presidente do Egito, em 15 de abril de 1975, no Cairo