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África

Egito: militares dão ultimato para que forças políticas cheguem a acordo

Em comunicado na TV estatal, as Forças Armadas deram 48 horas para governo e oposição atenderam às demandas do povo

1 jul 2013 - 11h58
(atualizado às 14h08)
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Manifestantes egípcios passam em frente a uma caricatura de Mursi pintada em uma parede do palácio presidencial, no Cairo
Manifestantes egípcios passam em frente a uma caricatura de Mursi pintada em uma parede do palácio presidencial, no Cairo
Foto: AFP

As Forças Armadas do Egito deram um ultimato de 48 horas às forças políticas para que assumam sua responsabilidade e cumpram as reivindicações do povo. Em comunicado divulgado nesta segunda-feira na TV estatal, os militares declararam que anunciarão um roteiro para o futuro e supervisionarão sua aplicação "se não forem realizadas as reivindicações do povo nesse prazo". A entrada do exército em cena acontece depois que milhões foram às ruas ontem pedindo a renúncia do presidente Mohamed Mursi - exatamente um ano após sua posse.

Após o anúncio, um político de alto escalão da Irmandade Muçulmana disse à agência Reuters que nenhuma instituição do Estado irá promover um golpe contra o presidente Mursi e alertou contra interpretações equivocadas de quaisquer comunicados do Exército do país. "Uma instituição do Estado vir e promover um golpe de Estado contra o presidente, isso não vai acontecer", disse Yasser Hamza, líder do Partido Liberdade e Justiça, da Irmandade Muçulmana. "Qualquer força que for contra a Constituição é um chamado à sabotagem e anarquia". 

Mais cedo, a oposição havia dado um prazo de 24 horas para que Mursi renunciasse. "Damos a Mohamed Mursi o prazo de até terça-feira, 2 de julho, às 17h (12h de Brasília) para deixar o poder e permitir às instituições estatais preparar uma eleição antecipada", afirma um comunicado do movimento Tamarod ('rebelião' em árabe). O movimento rejeitou o pedido de diálogo feito no domingo pelo presidente. "É impossível aceitar medidas insuficientes. A única alternativa é o fim pacífico do poder da Irmandade Muçulmana e de seu representante", afirma o comunicado.

Diante dos últimos acontecimentos, cinco ministros do governo apresentaram sua renúncia ao chefe do executivo, Hisham Qandil. Os ministros de Turismo, Hisham Zaazu; Telecomunicações, Atef Helmi; Assuntos Parlamentares, Hatem Bagato; Meio Ambiente, Khaled Fahmi, e Recursos Hídricos, Abdelqaui Khalifa, pedem "a queda do regime" e apresentaram sua renúncia porque Mursi "não respondeu às reivindicações do povo, que saiu às ruas nos protestos de 30 de junho", disse a fonte.

Sede da Irmandade Muçulmana no Cairo foi invadida e saqueada
Sede da Irmandade Muçulmana no Cairo foi invadida e saqueada
Foto: AFP

 

Sede da Irmandade Muçulmana é saqueada; mortos chegam a 20

O impasse político tem causado inúmeros confrontos entre islamitas e opositores. Nesta quinta-feira, ao menos 12 pessoas morreram em enfrentamentos na  na sede da Irmandade Muçulmana no Cairo,o que eleva para 20 o número de vítimas fatais nos protestos no Egito desde domingo à noite. Outras cinco pessoas perderam a vida em distúrbios similares em frente à sede do Partido Liberdade e Justiça (braço político da Irmandade) na cidade de Asiut.

As fontes acrescentaram que no total 713 pessoas ficaram feridas nos protestos, que foram pacíficos até o começo da noite de ontem. O ataque à sede da Irmandade - grupo do presidente  Mursi - começou ontem à noite com o lançamento de coquetéis molotov e pedras pelos manifestantes, enquanto de dentro do prédio tiros eram disparados contra os agressores. Entre os feridos há pelo menos um oficial da polícia egípcia, que foi baleado.

Após tomar o controle do edifício, situado no bairro de Muqatam, na periferia do Cairo, os manifestantes queimaram todos os andares do prédio e causaram danos materiais. Os escritórios da entidade foram saqueados e o grupo roubou equipamentos eletrônicos, móveis e documentos. Em entrevista à agência oficial "Mena", um porta-voz da Irmandade acusou os agressores de terem explodido pelo menos dois bujões de gás na entrada do edifício e efetuado disparos contra a sede, o que teria deixado feridos. Além disso, denunciou que o ataque aconteceu "à revelia total das forças de segurança".

Com informações adicionais da Reuters

EFE   
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