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Moradora é a 19ª vítima fatal em ação no Complexo do Alemão

Testemunhas afirmam que morte foi causada pela polícia, o que a corporação nega; Solange Mendes tinha 49 anos de idade

22 jul 2022 - 12h07
(atualizado às 12h24)
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A comunidade do Complexo do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro, amanheceu com segurança reforçada em suas principais ruas de acesso nesta sexta-feira
A comunidade do Complexo do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro, amanheceu com segurança reforçada em suas principais ruas de acesso nesta sexta-feira
Foto: JOSE LUCENA/THENEWS2 / Estadão

A morte de uma moradora na manhã desta sexta-feira, 22, fez com que o número de mortos no Complexo do Alemão (RJ) subisse para 19, segundo informações da TV Globo e da CNN Brasil.

Solange Mendes tinha 49 anos de idade e morreu após ser baleada. O caso gera conflito de versões entre moradores da comunidade e da Polícia Militar do Estado.

À TV Globo, testemunhas disseram que Solange foi atingida por um policial. Uma delas chegou a dizer que PMs chegaram a cobrir o rosto da moradora ao retirá-la do local dos fatos. "Eles [PMs] tamparam o rosto dela, enrolaram o rosto dela com uma roupa deles mesmos para nem saber quem é. Um dos policiais ainda gritou que era moradora, mas como grita que é moradora e não mostra quem é?", questiona uma testemunha.

A corporação, entretanto, nega essa versão. Em nota, a PM do Rio menciona que a base da UPP de Nova Brasília, localizada na comunidade, foi alvo de criminosos nesta sexta-feira, mas que não houve revide por parte dos policiais. "Não houve confronto envolvendo os policiais militares que estavam no local", diz a nota. "Após cessar o ataque criminoso, uma mulher foi encontrada ferida e foi socorrida pelos policiais militares para o Hospital Estadual Getúlio Vargas".

Letícia e Solange: moradoras mortas no Complexo do Alemão
Letícia e Solange: moradoras mortas no Complexo do Alemão
Foto: Reprodução

Até essa quinta-feira, 21, eram 18 mortos após operação policial no Alemão. Segundo a polícia, 16 dos mortos eram suspeitos de envolvimento com o crime, mas também foram mortos o cabo da PM Bruno de Paula Costa e a moradora Letícia Marinho.

Em entrevista para a TV Globo, o namorado de Letícia relatou que passava de carro pelo local e foi surpreendido por policiais, que abriram fogo contra o veículo em que estava com a companheira. "Parei no sinal [próximo a rua Itararé] e, mesmo com os vidros abertos, [os policiais] alvejaram o carro”, disse.

A namorada Letícia foi atingida por um dos disparos na região do peito e morreu. "Eu vi ela caindo e, quando olhei, ela tinha um furo no peito".

Operação

Segundo a corporação, a ação na comunidade tinha como objetivo prender integrantes de uma organização criminosa responsável por roubos de veículos, cargas e combustíveis na Capital e na Baixada. De acordo com a PM, o grupo também roubava agências bancárias no interior do estado.

Durante o dia, foram registrados intensos tiroteios no Complexo. Os moradores usaram as redes sociais para compartilhar as cenas de violência e terror, que foram associadas a uma guerra. Vídeos exibem rajadas de tiros contra um helicóptero da polícia que sobrevoava a região. Também há imagens de blindados andando pelas ruas da comunidade. 

Moradores registram troca de tiros no Complexo do Alemão:

A operação resultou na apreensão de um fuzil metralhadora .50, que foi utilizado para tentar derrubar as aeronaves durante a operação, além de outros quatro fuzis, duas pistolas e 56 artefatos explosivos, que, segundo as autoridades, seriam utilizados contra as equipes. Também foram apreendidas 43 motocicletas que seriam utilizadas para desmobilizar os policiais e facilitar a fuga de criminosos.

Cinco suspeitos foram presos, dentre eles, um homem apelidado de Esquilo, do Pará, conhecido por realizar ataques armados contra policiais. Ele foi detido ao dar entrada no Hospital Getúlio Vargas com documentos falsos.

Ainda conforme a PM, nas comunidades Fazendinha e Nova Brasília, as bases das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) locais foram atacadas por criminosos, que também derramaram óleo em via pública e atearam fogo em objetos.

Era da UPP Nova Brasília, inclusive, o policial morto na operação. O cabo Bruno de Paula Costa estava trabalhando quando foi ferido. Ele chegou a ser socorrido ao Hospital Estadual Getúlio Vargas, mas não resistiu aos ferimentos.

A ação foi realizada em conjunto com as secretarias de Estado de Polícia Militar e de Polícia Civil, e contou com a participação de equipes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), do 3º BPM (Méier), do 41º BPM (Irajá) e de outros batalhões do 2º Comando de Policiamento de Área (Zonas Norte e Oeste da cidade do Rio de Janeiro). 

Fonte: Redação Terra
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