Médica agredida pelo namorado, diz que teve que fingir desmaio enquanto apanhava
Em entrevista ao Fantástico, a médica que foi agredida pelo namorado, revela que teve que fingir estar desmaiada enquanto apanhava
A médica Samira Khoury, de 27 anos, sofreu agressões violentas do então namorado, o fisiculturista Pedro Camilo Garcia Castro, de 24 anos. O ataque brutal deixou a vítima com fratura no crânio, várias lesões faciais e comprometimento definitivo na visão. Após um mês em silêncio, ela decidiu falar e detalhou a violência sofrida na noite em que comemorava o próprio aniversário. "Durante as agressões, o Pedro quebrou todas as estruturas que seguram o meu globo ocular, além de vários ossos da minha face", relatou.
Samira contou em entrevista ao Fantástico que, depois de ser retirada de uma balada junto de Pedro, voltou sozinha ao apartamento alugado em São Paulo. Horas depois, ele chegou alterado e desferiu o primeiro soco. "Eu caí no chão e não lembro de mais nada", disse. Ao despertar, percebeu que ainda estava sendo espancada. Fingiu desmaio na tentativa de sobreviver, mas recebeu novos golpes. "Quando ele me socava no rosto, sentia uma dor como se alguém estivesse me tirando a vida". Após seis minutos de violência, Pedro saiu levando seu celular. Vizinhos ouviram os gritos, chamaram ajuda e a polícia encontrou a vítima inconsciente. A delegada Débora Lázaro declarou: "Nunca vi fotos tão tristes de se ver. Ela está muito agredida, o rosto destruído".
Tentativa de feminicídio e sinais ignorados
Preso em flagrante, Pedro alegou uso de anabolizantes, medicamentos controlados e problemas emocionais. Mesmo assim, o juiz converteu a prisão em preventiva. "O crime se revestiu de violência exacerbada, brutalidade incomum. O modus operandi denota covardia, descontrole emocional e periculosidade concreta", registrou na decisão. A defesa disse que recorrerá, mas a advogada Gabriela Mansur argumentou: "Não ter feito nada para salvar pedindo ajuda demonstra inequivocamente que se trata de uma tentativa de feminicídio". A mãe da vítima, Fabiana Mendes, também se pronunciou: "Nunca pensei que fosse acontecer isso com ela. Tive muita crise de choro ao ver minha filha naquele estado".
Hoje, Samira encara as sequelas físicas e emocionais. O lado esquerdo do rosto permanece paralisado, a visão foi comprometida e novas cirurgias serão necessárias. A médica está afastada da carreira e da pós-graduação. Ela também pretende remover tatuagens com o nome do agressor. "Chega a ser irônico que eu tenho o nome de alguém que tentou me matar na minha pele", disse. Refletindo sobre o relacionamento, reconhece que havia sinais de controle e ciúmes. "Ele nunca tinha me batido, mas era agressivo com objetos e controlava meu celular. Ignorei isso". Apesar das marcas permanentes, ela conclui: "A sequela emocional vai ficar pra sempre comigo. Quero que ele responda pelo que fez. Não pode ter chance de terminar o que começou".