Maioria dos réus da trama golpista vai acompanhar julgamento no STF de forma remota
A maior parte dos acusados enquadrados no núcleo central da trama golpista não deve comparecer pessoalmente ao Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento que começa nesta terça-feira (2). O processo, que terá duração de cinco dias e oito sessões, decidirá se eles serão absolvidos ou condenados. Segundo advogados consultados pelo g1, todos serão representados pelas defesas e acompanharão o andamento pela televisão.
A ausência dos réus não contraria nenhuma regra. O regulamento do Supremo permite que eles sejam representados, sem necessidade de presença física. De acordo com advogados, o comparecimento poderia gerar exposição indesejada e riscos adicionais, razão pela qual recomendaram que os clientes fiquem em casa.
O caso de Jair Bolsonaro (PL) ainda é tratado como indefinido. O ex-presidente cumpre prisão domiciliar por descumprir medidas impostas pelo Supremo, como a proibição do uso de redes sociais. Para ir ao tribunal, precisa de autorização do ministro Alexandre de Moraes. Pessoas próximas afirmam que ele foi aconselhado a não ir, mas há quem defenda que sua presença simbolizaria demonstração de força. Bolsonaro, inicialmente, havia indicado que não participaria, mas já acompanhou uma sessão do processo e esteve na Primeira Turma em junho, quando respondeu a perguntas de Moraes sobre a acusação da Procuradoria-Geral da República (PGR).
O general Braga Netto, preso no Rio de Janeiro, também não estará no plenário e deve assistir às sessões pela TV. Outros nomes citados como ausentes são Mauro Cid, tenente-coronel e delator do esquema; Almir Garnier, ex-comandante da Marinha; Anderson Torres, ex-ministro da Justiça; e Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional.
O julgamento pode alterar o rumo da investigação?
No Supremo, há expectativa de que o general Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa, compareça a alguma sessão, o que seria exceção entre os réus. Já o deputado Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), não definiu sua posição.
A PGR sustenta que o grupo liderou uma organização criminosa voltada a manter Jair Bolsonaro no poder após a derrota eleitoral de 2022. Os oito acusados, no entanto, negam participação em qualquer trama golpista e pedem a rejeição da denúncia por falta de provas.