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Guilherme Mazieiro

Pacheco cobra que Lula se desculpe por fala sobre Holocausto; senadores reagem

Líder do governo, Jaques Wagner (PT-BA) disse que se ofendeu com falar de Lula; outro aliado, Omar Assis (PSD-AM) rebateu Pacheco

20 fev 2024 - 19h03
(atualizado às 19h07)
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Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), fez pronunciamento sobre fala de Lula
Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), fez pronunciamento sobre fala de Lula
Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), cobrou nesta terça, 20, que o presidente da República, Lula (PT), se retrate e peça desculpas por comparar a guerra entre Israel e Hamas com o Holocausto - assassinato em massa de 6 milhões de judeus e grupos perseguidos pelo regime nazista na Segunda Guerra Mundial. A fala, durante a sessão, gerou reações no plenário e aliados de Lula divergiram. O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), que é judeu, disse que se sentiu ofendido e não entendia a fala de Pacheco como "reprimenda" a Lula. Já Omar Aziz (PSD-AM), filho de palestinos, reagiu.

“Uma fala dessa natureza deve render uma retratação. É fundamental que haja uma retratação e o esclarecimento com um pedido de desculpas a uma parte da fala que estabelece essa premissa equivocada, pois o foco da resolução dos líderes mundiais deve estar na resolução do conflito”, afirmou Pacheco, destacando que o Brasil é reconhecimento mundialmente pela qualificação diplomática.

Durante sua fala, o presidente do Senado condenou os ataques feitos pelo Hamas em 7 de outubro que mataram mais de 1,2 mil pessoas e considerou desproporcional a resposta de Israel.

O senador Omar Aziz reagiu às falas de Pacheco e disse que partidos de direita e a Presidência do Senado não se manifestaram quando o então presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu uma deputada alemã neta de um ministro nazista.

“Vossa Excelência entrou num assunto que essa Casa tem se mantida calada e o senhor trouxe à tona essa assunto, me tipifique o que está acontecendo lá [na Faixa de Gaza] com a morte de 10 mil crianças e mulheres e quantos terroristas do Hamas foram mortos ou presos pelo governo sionista de Israel? Não confunda o povo judeu com esse governo sionista de Israel [...] Quero que Vossa Excelência me tipifique o que está acontecendo, 30 mil vidas mortas”, afirmou. 

Pacheco respondeu dizendo que a manifestação que fez era pelo respeito aos dois povos, ao reconhecimento de um ataque terrorista que sofreu Israel e à desproporcionalidade da resposta. 

“Não há de minha parte nenhum tom de polemização, tão pouco de reprimenda ao presidente da República. É apenas uma conclamação na busca de pacificação e de reconhecimento que na parte [da fala de Lula] em que há uma comparação de qualquer acontecimento desta natureza com o Holocausto é algo absolutamente indevido e impróprio e que merecia um pedido de retratação e desculpas”, disse justificando que o posicionamento que fez era equilibrado.

Amigo e líder de Lula se sentiu ofendido

O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), que é judeu disse que respeita a fala de Pacheco e não a entendia como reprimenda a Lula. Ele contou que esteve com Lula nesta segunda, 19, e que relatou ao presidente que se sentiu ofendido com a comparação.

“Sou amigo do presidente Lula há 45 anos e tive a naturalidade de visitá-lo e dizer ‘não tiro uma palavra do que Vossa Excelência disse, a não ser o final, que na minha opinião, não se traz à baila o episódio do Holocuasto para nenhuma comparação. Porque fere sentimentos, inclusive meus, de familiares perdidos naquele episódio, que era uma máquina da morte. Mas é preciso que os colegas saibam que dentro do Estado de Israel a posição do primeiro-ministro não é unânime”, disse Wagner.

“A motivação do presidente Lula, como Vossa Excelência [Pacheco] fez questão de registrar e por isso eu comunico, a motivação é da busca do cessar fogo, que infelizmente hoje, mais um cessar-fogo foi interditado pelos Estados Unidos da América”, finalizou Wagner.

O líder da oposição, Rogério Marinho (PL-RN), chamou a comparação de Lula de infame.

“Comungo dessa preocupação, não entro no mérito de quem tem ou não tem razão. Mas me parece que se comparar o que acontece nesse resposta que está dando dada pelo Estado de Israel ao Holocausto é uma comparação que nos coloca num patamar complicado em relação à comunidade internacional”, Marinho.

Fonte: Guilherme Mazieiro Guilherme Mazieiro é repórter e cobre política em Brasília (DF). Já trabalhou nas redações de O Estado de S. Paulo, EPTV/Globo Campinas, UOL e The Intercept Brasil. Formado em jornalismo na Puc-Campinas, com especialização em Gestão Pública e Governo na Unicamp. As opiniões do colunista não representam a visão do Terra. 
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