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Governo da Hungria promove ideia de procriação contra imigração

6 set 2019 - 10h55
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Em evento em Budapeste ao lado de líderes estrangeiros, premiê Viktor Orbán defende que casais cristãos tenham mais filhos. "Família tradicional" é a solução para queda da natalidade na Europa, e não a imigração, afirma.O governo nacionalista do primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, promoveu na quinta-feira (05/09), em Budapeste, uma "conferência demográfica" para discutir iniciativas para incentivar a procriação entre casais cristãos como forma de se sobrepor à imigração na Europa.

Primeiro-ministro da Hungria, Orbán afirma que a imigração pode resultar em "substituição populacional"
Primeiro-ministro da Hungria, Orbán afirma que a imigração pode resultar em "substituição populacional"
Foto: DW / Deutsche Welle

Ao lado dos líderes da República Tcheca e da Sérvia, além de outros políticos estrangeiros, líderes religiosos e diplomatas, Orbán diss que os países europeus devem promover "modelos tradicionais de família" e encorajar os casais cristãos a terem mais filhos. Ele rejeitou a ideia da imigração como solução para o declínio demográfico na Europa.

"Se aceitarmos a imigração como uma solução, estaremos contribuindo para uma substituição populacional", afirmou Orbán, empregando um termo utilizado em círculos de extrema direita.

O húngaro criticou o que chamou de "novo tipo de argumentação verde" que sustenta que ter menos crianças é melhor para o planeta e para o meio ambiente, dizendo que essa teoria é antinatural e "acéfala".

Orbán anunciou neste ano um pacote de incentivos financeiros às famílias como meio de estimular a procriação, que inclui isenções de impostos para toda a vida às mulheres que derem à luz quatro filhos ou mais.

"Apenas conseguiremos ter êxito quando construirmos um sistema de apoio familiar sob o qual os que decidirem ter filhos recebam garantias de um melhor padrão de vida do que aqueles que optarem por não tê-los", disse o primeiro-ministro.

Ele defende que as políticas pró-família devem estar asseguradas pelas Constituições nacionais, que devem protegê-las de "ataques" proferidos por decisões "antifamília" da Justiça e por ações de ONGs que, segundo afirma, conseguem influenciar o processo decisório do país.

"De acordo com os valores húngaros, cada criança tem direito a ter um pai e uma mãe", disse Orbán. "Quando falamos de família e subsídios familiares, apoiamos as famílias tradicionais."

A nova Constituição húngara, aprovada em 2012 por meio da maioria parlamentar obtida pelo partido de Orbán, o Fidesz, estabelece que o país "protege a instituição do casamento como sendo a união entre um homem e uma mulher".

Após assumir seu terceiro mandato no ano passado, o primeiro-ministro renomeou a direção política de seu governo como "democracia cristã". Ele defende que "a condição para o sucesso [das políticas pró-família] é o ressurgimento da cristandade na Europa".

O primeiro-ministro tcheco, Andrej Babis, o presidente sérvio, Aleksandar Vucic, e o ex-premiê da Austrália Tony Abbott, convidado de honra da conferência, elogiaram em seus discursos a liderança de Orbán.

Abbott afirmou que a maior ameaça às civilizações ocidentais não é a mudança climática, mas o declínio populacional. Ele criticou o príncipe Harry do Reino Unido e sua esposa, Meghan Markle, por afirmarem que não terão mais de dois filhos em razão dos efeitos ao meio ambiente.

"Ter menos crianças nos países ocidentais dificilmente trará melhorias ao meio ambiente, enquanto tantas crianças nascem em outras partes [do mundo]", argumentou o australiano.

O evento, o terceiro realizado no país sobre o tema da demografia, ocorreu no dia seguinte a uma conferência sobre "comunicações cristãs", em que foram discutidos meios de promover os valores cristãos nos órgãos de imprensa.

RC/afp/ap

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