Carolina Cimenti/Direto de Porto AlegreO partido Euskal Herritarrok (EH) e o sindicato Langile Abertzaleen Batzordea (LAB), defensores da independência da região basca na França e na Espanha, ocupam um dos 80 estandes que compõem a exposição internacional do Fórum Social Mundial. Ambos fazem parte do emaranhado de grupos e associações ligados ao grupo terrorista ETA (Pátria Basca e Liberdade).
Nesta sexta-feira, o ETA matou na cidade de San Sebastián o cozinheiro da Marinha Ramón Díaz, de 51 anos. O carro de Díaz foi destruído com quatro quilos de explosivos. EH e LAB se recusaram a participar das manifestações organizadas no País Basco para repudiar a morte do cozinheiro. O ETA já matou 23 pessoas em atentados no último ano.
Segundo Jesus Maria Gete Olarra, um dos representantes do LAB na capital gaúcha, o sindicato está no fórum para divulgar internacionalmente a sua luta pela indepedência. "Também temos o direito de termos nosso próprio país onde manteremos nossa própria cultura."
No estande há livros sobre a história do ETA, sobre a causa nacionalista basca e também sobre outros grupos que lutam por um país independente, como os curdos, que atualmente vivem na Turquia.
"Não somos a favor da violência, mas entendemos por que o ETA age desta forma", disse Olarra em relação às formas violentas de atuação do grupo. "Esta é uma história que vem de muito tempo, e a luta acaba se tornando mais agressiva. Além disso, há violência dos dois lados", acrescentou, afirmando que a polícia espanhola seguidamente prende, tortura e mata representantes da população basca como forma de intimidação.
Estranhamento - O dirigente do partido político espanhol Esquerda Unida, Manoel Monereo, que participou de uma conferência na manhã deste sábado, disse não entender o que o LAB faz no Fórum Mundial Social. Monereo explicou que a Esquerda Unida não atua declaradamente contra o ETA, mas sim contra o terrorismo. "Não vejo grandes problemas no fato de representantes do LAB estarem aqui. Apenas não entendo como eles vieram parar na exposição do Fórum", questionou.
A seleção dos participantes para as estandes do Fórum foi realizada pelo comitê nacional de organização, segundo a produtora Zuleica Goulart. Como todo o trabalho de organização do evento, os espaços da exposição foram oferecidos através do site na Internet. Os interessados enviaram uma solicitação e material explicativo. Um dos organizadores do evento, o empresário Oded Grajew, não soube informar por que a LAB foi uma das associações escolhidas para montar um estande no local. Os demais dirigentes contatados não quiseram falar a respeito.
A exposição do Fórum Social conta com a presença de diversas entidades nacionais e internacionais que apresentam suas causas, vendem produtos e expõem material gráfico e eletrônico sobre seu país.
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