Debates ocorrem também no acampamento

Sábado, 27 de janeiro de 2001, 15h23min

A alguns quilômetros do Centro de Eventos da PUC, palco principal do Fórum Social Mundial em Porto Alegre, o Parque Harmonia também se transformou em um centro de debates a céu aberto - principalmente para quem não garantiu vaga para participar da programação oficial.

Debaixo das árvores, sentados em bancos de madeira, os grupos partidários e de outras organizações aproveitavam o acampamento com cerca de 2,5 mil jovens e 679 índios para discutir informalmente a globalização e formas de atuação durante o fórum. "No meu caso, me interesso pela questão da agricultura e da produção e distribuição de alimentos", disse o estudante de Curitiba Cleberson Zavaski, 22 anos, simpatizante do PT.

Como apenas delegados (cerca de 2,7 mil), convidados e imprensa têm acesso às conferências principais na PUC, os demais interessados ou assistem pelo telão ou participam dos eventos paralelos. "Somos cidadãos também; não tem uma organização indígena representada no fórum, com exceção da Funai", criticou Jorge Terena, representante da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab). Mesmo assim, Terena reconheceu que o acampamento é uma oportunidade para apresentar suas reivindicações.

Na terça-feira, os grupos indígenas deverão lançar um documento com reivindicações. Entre as exigências, segundo Terena, estarão a demarcação de terras indígenas e um plano de desenvolvimento para as áreas já demarcadas. "A Constituição de 1988 deu um prazo de cinco anos para a demarcação das terras e até hoje só 50 por cento estão demarcadas", lembrou.

Na manhã deste sábado, a discussão foi centrada na questão da mulher indígena. "A mulher caingangue não tem acesso às grandes discussões em Brasília", disse Andila Nîvygsãnh Inacio Belfort, presidente da organização dos professores bilíngües caingangues e guarani.

Alguns índios e acampados, no entanto, tentam aproveitar o potencial comercial do momento. "Viemos vender artesanato, mas está fraco", afirmou a índia guarani Genira Gomes, 30, enquanto amamentava o filho de um ano. Genira divide uma barraca com outras 31 pessoas.

À noite, as rodas de discussão cedem espaço às rodas de pagode, samba ou MPB, conforme o gosto.

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Reuters

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