Porto Alegre, esquina do mundo

Sábado, 27 de janeiro de 2001, 12h02min

Bandeira basca identifica o estande

Luciane Aquino/Direto de Porto Alegre

A globalização, essa vilã combatida pelos promotores do Fórum Social Mundial e que teria seu epicentro na vila suíça de Davos, sede do Fórum Econômico Mundial, na verdade está ebulindo em Porto Alegre. Seus protagonistas se acotovelam por todos os cantos do Centro de Eventos da Pontifícia Universidade Católica. Como a participante ruiva do Fórum Social que, com as palavras "English, Hebrew" escritas no crachá, dedicou-se na manhã de sexta-feira a arrancar de um pilar um cartaz que apregoava: "Fora Israel da Palestina" (sic). Por esses dias, na PUC, as esquerdas de todos os países podem estar de acordo e globalizadas no combate ao grande inimigo neoliberal, mas não fazem a menor idéia de como resolver seus probleminhas internos.

O paradoxo pós-moderno se repete num cantinho escondido do salão onde muitas organizações vendem ou expõem suas idéias anti-Davos. Sob a bandeira verde, vermelha e branca, quatro organizações do país basco lideradas pelo partido Euskal Herritarrok (EH) e o sindicato Langile Abertzaleen Batzordea (LAB) distribuem folhetos pedindo a anistia para os presos da organização terrorista ETA.

Na sala 2 da PUC, a poucos passos da banquinha basca e no dia seguinte a um atentado promovido pela ETA que matou um cozinheiro do exército, o dirigente do partido espanhol Izquierda Unida, Manoel Moreneo, discursava sobre "Como democratizar o poder mundial" e tópicos como "Blocos de poder/Blocos regionais". Em Porto Alegre, Moreneo e Jesus Maria Gete Olarra, do LAB, podem acotovelar-se no bar da PUC. Na capa dos jornais espanhóis, neste sábado, seus "lados" duelam.

A comunista Izquierda Unida pede mobilização social "contra a barbárie assassina de ETA". O partido EH silencia sobre a morte do cozinheiro, e é o único a se recusar a participar de uma marcha pelas ruas de San Sebastian condenando o atentado. O LAN, por sua vez, se negou a atender ao apelo de outras organizações sindicais que queriam colocar uma tarja de luto num cartaz de campanha salarial.

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