Ex-diretor da PRF, Silvinei Vasques é preso no Paraguai ao tentar fugir
Condenado na trama golpista tentava embarcar em voo internacional com um passaporte paraguaio. PF identificou violação em sua tornozeleira eletrônica e avisou autoridades.O ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal Silvinei Vasques foi preso nesta sexta-feira (26/12) no Aeroporto Internacional Silvio Pettirossi, em Assunção, no Paraguai. Condenado a 24 anos e seis meses de prisão por crimes contra a democracia, ele foi identificado por autoridades paraguaias quando tentava embarcar em um voo para El Salvador.
A informação foi revelada pelo portal G1 e confirmada à imprensa pelo diretor da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues.
Vasques cumpria prisão domiciliar em Santa Catarina quando a PF recebeu um aviso de rompimento de sua tornozeleira eletrônica, que usava como medida cautelar desde agosto de 2024. A corporação passou então a monitorar seu paradeiro e alertou adidos nas fronteiras e também no Paraguai.
O ex-diretor da PRF foi identificado quando tentava embarcar em um voo internacional usando um passaporte de cidadão paraguaio em nome de Julio Eduardo, mas que não correspondia aos seus dados pessoais. Ele passará por uma audiência de custódia no país ainda nesta sexta-feira e pode enfrentar um pedido de extradição ou mesmo ser expulso sumariamente do Paraguai.
Em despacho posterior, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes tratou o caso como uma tentativa de fuga e determinou prisão preventiva de Vasques.
Como a fuga ocorreu
De acordo com a PF, a tornozeleira de Silvinei parou de emitir sinal de GPS por volta das 3h da madrugada de quinta-feira (25/12). Em seguida, agentes foram ao apartamento do ex-diretor, localizado em São José, em Santa Catarina, e constataram que ele não estava na residência.
Após verificarem os sistema de câmeras do prédio, a PF concluíram que ele esteve no apartamento até as 19h22 da véspera de Natal, na quarta-feira (24/12).
As imagens do circuito interno de TV mostraram Vasques colocando bolsas no porta-malas de um carro. Ele usava uma calça de moletom preta, camiseta cinza e um boné preto.
A PF também apontou que a fuga deve ter ocorrido com um carro alugado.
Uso político da PRF
Vasques foi condenado em 16 de dezembro por compor o "núcleo 2" da trama golpista. Segundo a Procuradoria-Geral da República, ele era responsável por "gerenciar ações da organização criminosa" quando ocupava a chefia da PRF.
Na ocasião, o STF acatou a tese de que Vasques instituiu operações de fiscalização da PRF no segundo turno da eleição presidencial de 2022 com o objetivo de dificultar a circulação de eleitores em regiões majoritariamente favoráveis ao atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva.
Apoiador público do ex-presidente Jair Bolsonaro, Vasques foi condenado pelos crimes de golpe de Estado, abolição do Estado Democrático de Direito, dano qualificado, deterioração do patrimônio tombado e organização criminosa.
O trânsito em julgado de sua condenação ainda não estava concluído e, por isso, o STF não havia determinado a execução da pena.
Prisão domiciliar e condenação por improbidade
Silvinei Vasques havia sido preso preventivamente em agosto de 2023. Um ano depois, foi transferido à prisão domiciliar e aguardava o julgamento da trama golpista. Desde então, passou a usar a tornozeleira eletrônica.
Ele também foi condenado em agosto deste ano por improbidade administrativa sob a acusação de uso indevido do cargo e de símbolos da corporação para favorecer Bolsonaro.
Como diretor da PRF sob Bolsonaro, sua gestão foi marcada por escândalos. Entre eles, a participação da corporação em uma operação que deixou mais de 20 mortos na Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro, em maio de 2022; e o assassinato em Umbaúba, no Sergipe, de um homem que fora trancado por agentes da PRF dentro de um porta-malas e asfixiado por bombas de gás lançadas dentro do veículo.
gq (OTS, Agência Brasil)