PUBLICIDADE

Esquerda lidera corrida presidencial no México

29 jun 2018 - 08h51
Compartilhar
Exibir comentários

Em sua terceira candidatura ao cargo, López Obrador é a esperança de uma melhor distribuição de renda. De perfil populista, ele é temido pelas elites e comparado por alguns ao venezuelano Hugo Chávez.Todos deram o melhor de si no encerramento da campanha eleitoral mexicana: 90 mil festejaram na Cidade do México o líder das pesquisas, o ex-prefeito Andrés Manuel López Obrador, do Movimento de Renovação Nacional (Morena). López Obrador anunciou duras penas para políticos corruptos e zero de aumento de impostos, assim como uma política econômica focada no mercado interno.

Candidato Andrés Manuel López Obrador durante comício
Candidato Andrés Manuel López Obrador durante comício
Foto: DW / Deutsche Welle

Seu adversário Ricardo Anaya, do conservador Partido da Ação Nacional (PAN) exibiu seu espírito de luta num comício em Guanajuato, afirmando: "Apesar dos infames ataques de nossos oponentes, estamos de pé, somos a única opção para o futuro." Em Coahuila, no norte do país, José Antonio Meade, do Partido Revolucionário Institucional (PRI), prometeu mais segurança, classificando López Obrador como uma "ameaça autoritária".

Começou a contagem regressiva para a eleição presidencial neste domingo (01/06). Com López Obrador, pela primeira vez pode chegar ao palácio presidencial um candidato temido pela elite, que o compara ao populista de esquerda venezuelano Hugo Chávez. É a terceira vez que o político de 64 anos concorre ao cargo. Desta vez ele tem, nas pesquisas, entre 10 a 18 pontos percentuais de vantagem sobre o segundo colocado, Ricardo Anaya.

Isso se deve, em parte, ao fraco desempenho dos governos anteriores, do PAN e do PRI, e também à conexão emocional que o carismático candidato consegue construir com seus eleitores. O fato de ele não temer o rompimento com partidos (em 1988, com o PRI e em 2012, com o esquerdista Partido da Revolução Democrática) quando estes contrariam suas convicções o transformou numa alternativa ao sistema, uma vantagem no atual momento, em que domina um clima de frustração com o meio político.

"Precisamos de mudança. Os políticos só enchem os próprios bolsos, instigaram a guerra das drogas, e o povo sofre", diz o estudante de música David Pérez, de 27 anos, que dará seu voto a Obrador. Já Tania González, votando pela primeira vez, pensa diferente: "López Obrador vai arruinar a economia, e então será pior para todos. Por isso, prefiro Anaya, que é mais jovem e tem um programa mais moderno."

Concorrência apagada

O favorito do empresariado, Ricardo Anaya, conduziu uma campanha agressiva e cara, tem um programa bem estruturado e expôs nos debates as banalidades de López Obrador - tal como afirmar ser suficiente um bom exemplo para combater a corrupção.

No entanto, o ambicioso político de 39 anos não conseguiu chegar à liderança das pesquisas. Sua candidatura foi prejudicada por acusações de lavagem de dinheiro, por sua imagem de yuppie e de homem inescrupuloso, sedento de poder, além de disputas internas em sua coalizão. No entanto sua equipe de campanha ainda espera um milagre de última hora - e pelos 20% de indecisos.

Em terceiro lugar nas pesquisas está José Antonio Meade. Embora seja visto como um tecnocrata íntegro, o concorrente governista tem candidatura enfraquecida pelos escândalos de corrupção nos últimos anos da presidência de Enrique Peña Nieto, assim como pelas taxas de criminalidade e violência crescentes e por impopulares aumentos de impostos.

Meade não tem carisma, e a base do PRI não ficou muito satisfeita com a indicação do político apartidário para concorrer. Tudo isso pode levar o PRI a obter o pior resultado de sua história. O mandato de Peña Nieto (2012-2018), iniciado como o retorno triunfante do PRI ao poder, pode se tornar, na perspectiva histórica, apenas um hiato na rota de decadência do ex-partido estatal.

Esperança de mais justiça social

Fundado em 2012 por Andrés Manuel López Obrador, o Movimento de Renovação Nacional (Morena), pode se tornar a bancada mais forte do Congresso. No entanto, com curiosas alianças, incluindo desde evangélicos ultraconservadores e antigos integrantes de PAN e PRI a ex-comunistas e representantes de grupos de milícias.

Difícil prever onde isso acabará. Obrador é atualmente a liga que supera todas as diferenças e na qual os mexicanos projetam sua esperança de que o bolo da prosperidade seja distribuído de forma mais equitativa, pois o México cresceu cerca de 2% ao ano nos últimos 12 anos.

O país se industrializou e se tornou o quarto maior exportador automotivo do mundo. Mas, ao mesmo tempo, a taxa de assassinatos dobrou, a alta inflação de 4,5% ao ano fez com que os salários reais caíssem, e a taxa de pobreza manteve-se em 36%., enquanto educação e saúde progrediram demasiado lento para acompanhar as necessidades crescentes da nova classe média.

----------------

A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos no Facebook | Twitter | YouTube | WhatsApp | App | Instagram

Deutsche Welle A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
Compartilhar
TAGS
Publicidade
Publicidade