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Quem é Orlando Silva? Conheça o candidato do PCdoB à Prefeitura de São Paulo

O deputado federal e ex-ministro do Esporte no governo Lula se junta a enfermeira em chapa pura para concorrer ao cargo de prefeito de SP

15 out 2020 - 12h13
(atualizado às 20h30)
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Desde 1985, o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) sempre apoiou outros partidos de esquerda em eleições municipais na capital paulista, principalmente o PT (Partido dos Trabalhadores). Para este ano, porém, a legenda rompeu a tradição e indicou o seu próprio candidato para a corrida à Prefeitura de São Paulo: o ex-ministro do Esporte e deputado federal Orlando Silva, de 49 anos.

O partido decidiu concorrer com uma chapa pura, ou seja, com candidata a vice da mesma sigla. Quem assumiu esse posto foi a sindicalista e enfermeira Andrea Barcelos, de 46 anos. Segundo Silva, a dissociação com o PT é resultado do momento político, em que "o Brasil vive uma mudança de ciclo político."

Essa é a primeira eleição majoritária em que Orlando Silva participa como candidato ao Executivo, apesar de ter começado sua vida na política aos 17 anos, quando se filiou ao PCdoB. O deputado também foi presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) e da União da Juventude Socialista (UJS), além de ter atuado como ministro do Esporte durante os governos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Dilma Rousseff (PT).

Na última pesquisa eleitoral do Ibope/Estadão/TV Globo, Silva aparece com 1% das intenções de voto, juntamente com Jilmar Tatto (PT). Ele disputa os votos da esquerda com Guilherme Boulos (PSOL) e Márcio França (PSB), que têm 8% e 7% das intenções, respectivamente.

Vida e carreira política

Orlando Silva nasceu em 1971 na periferia de Salvador (BA), onde estudou em escola pública. Começou a se envolver com política ao entrar para o PCdoB e para a UNE para pedir melhores condições de ensino. Ele se mudou para São Paulo em 1992 para liderar o movimento "caras pintadas", grupos de estudantes que exigiam a queda do então presidente Fernando Collor.

Três anos depois, foi eleito o primeiro e único presidente negro da história da UNE. Seus dois anos de gestão foram marcados por lutas contra as privatizações de várias empresas estatais, como a Vale do Rio Doce, e a favor da democratização do ensino superior público. Em 1998, após deixar a presidência da UNE, assumiu como presidente da UJS, em que manteve o mote da sua gestão anterior contrária às privatizações.

No fim do primeiro mandato do ex-presidente Lula, em 2006, Silva assumiu o Ministério do Esporte e ficou no cargo até 2011, primeiro ano de mandato da ex-presidente Dilma Rousseff. Algumas marcas da sua gestão foram o Programa Bolsa Atleta, que apoia atletas de alto rendimento, e a Lei de Incentivo ao Esporte, que permite a aplicação de dinheiro vindo de renúncia fiscal em projetos esportivos.

Nas eleições municipais de 2012, foi eleito vereador em São Paulo. Em seu primeiro mandato, atuou na aprovação da Lei de Incentivos Fiscais para a Zona Leste, que dá apoio a empreendedores e empresas da região, e apresentou o projeto de lei que exigia a paridade de gênero em todos os conselhos municipais, que resultou na Lei Nº 15.946, que garantiu 50% das cadeiras desses espaços a mulheres.

Em 2014, foi eleito deputado federal e, atualmente, exerce o seu segundo mandato na Câmara dos Deputados. Sua atuação na casa foi marcada por ter sido relator da Lei de Migração e da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), além de ter presidido a Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público (CTASP).

Denúncias e polêmicas

Sua saída do Ministério do Esporte, em 2011, foi envolta em polêmica. Na época, o então ministro foi acusado pelo policial militar João Dias Ferreira, em entrevista à Revista Veja, de receber propina na garagem do Ministério do Esporte em 2008. Isso levou a várias denúncias de desvios de verba em sua gestão. Ele negou todas as acusações e alegou que sofreu um linchamento político e saiu de forma "consciente".

Silva também foi envolvido na chamada CPI dos Cartões Corporativos em 2008, que investigava uso indevido do cartão corporativo por alguns ministros do governo Lula. Segundo a assessoria do candidato, o então ministro alegou que devolveu o único gasto indevido, um total de R$7,80, em dezembro de 2007, portanto meses antes da CPI e, que, por indignação, optou por devolver todo o valor gasto no cartão corporativo desde o começo da sua gestão no ministério.

Orlando Silva ainda foi citado em uma delação premiada do diretor financeiro da J&F, Ricardo Saud, em 2017. Saud afirmou que Silva recebeu propina para a sua campanha à Câmara dos Deputados nas eleições de 2014. O deputado negou as acusações e afirmou que todas as doações que sua campanha recebeu estavam dentro da lei.

De acordo com a assessoria do candidato, Orlando Silva não responde e nem nunca respondeu a nenhum processo sobre os casos citados. O candidato afirma que após quase uma década nunca foi nem sequer chamado para depor. Segundo ele, as acusações têm 'caráter político-midiático'.

Estadão
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