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População "não sabe o que o governo fez", diz pesquisa do PL

Partido quer alinhar discursos da base para mirar fora do eleitorado 'ideológico' do presidente e usar horário no rádio e TV para divulgar feitos do governo

4 fev 2022 - 10h10
(atualizado às 10h44)
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Presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia em Brasília
14/09/2021
REUTERS/Adriano Machado
Presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia em Brasília 14/09/2021 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

O PL, do ex-deputado Valdemar Costa Neto, identificou uma "falha de comunicação" do governo de Jair Bolsonaro e quer redirecionar os discursos da base aliada para fora da bolha ideológica e de seus seguidores nas redes sociais. A avaliação da cúpula do partido ao qual o presidente se filiou para concorrer à reeleição é a de que as posições dos principais nomes do governo sobre temas polêmicos se sobrepõem a entregas e realizações, e isso precisa ser revisto para não prejudicar a campanha.

A constatação surgiu a partir de uma pesquisa de opinião encomendada pelo partido e que foi compartilhada com alguns dirigentes da legenda após a convenção realizada no último sábado. Aliados de Costa Neto afirmam que o problema não pode ser atribuído ao ministro Fábio Faria, das Comunicações, mas aos aliados "como um todo".

O plano do partido é dar destaque a números positivos do Ministério da Agricultura, ressaltar que o desemprego vem caindo apesar da pandemia e não permitir que críticas ao preço da gasolina, da energia e à inflação se sobressaiam no debate econômico. Além disso, bater na tecla de que a grande distribuição de recursos para municípios de todo o País foi fundamental para que prefeituras fechassem as contas e mantivessem serviços na ponta durante a pandemia.

Internamente, há uma leitura de que a aversão do clã Bolsonaro aos meios de comunicação tradicionais impediu a população de "saber o que o governo fez". "Bolsonaro é campeão nas redes sociais. Porém, o pessoal sabe muito da questão da posição do governo sobre a vacina, do voto impresso. Mas, no geral do trabalho que está sendo feito pelos ministérios, a população não está sabendo", diz o vice-presidente do PL, deputado Capitão Augusto (SP).

Coordenador da Frente Parlamentar da Segurança na Câmara, a "bancada da bala", Augusto foi alçado a número 2 do partido pelas boas relações que desfruta, ao mesmo tempo, com Bolsonaro e Costa Neto. Como já mostrou o Estadão, o "casamento" do presidente com o PL foi recheado de interesses de parte a parte e, dois meses depois da cerimônia de filiação, desperta desconfianças mútuas.

A estratégia para contornar o problema ainda está sendo definida, mas a cúpula do PL aposta em duas frentes para remodelar os discursos. Uma delas é cobrar dos ministérios listas das principais realizações para abastecer aliados e intensificar o compartilhamento nas redes sociais. Outra é usar as inserções partidárias no rádio e na TV, que voltarão à programação ainda no primeiro semestre deste ano, para dar protagonismo ao presidente, ao partido e às agendas. Valdemar Costa Neto quer que Bolsonaro seja a estrela das inserções e faça a defesa do governo, dentro dos limites legais.

Com a entrada de Bolsonaro no partido, o PL almeja alcançar o primeiro milhão de filiados até março. Hoje, são cerca de 760 mil nos 26 estados e no Distrito Federal. A título de comparação, o PT tem 1,6 milhão. O MDB, 2,1 milhão. Em busca da meta, os dirigentes partidários querem ganhar o interior. Há uma cartilha sendo distribuída com orientações sobre como ativar ou reativar diretórios municipais.

Costa Neto e seus aliados também buscam convencer o presidente Jair Bolsonaro de que uma estratégia que ele adotou em 2018 não poderá ser repetida, a de negar o uso do fundo eleitoral. O argumento é o de que o cenário é totalmente diferente do de quatro anos atrás e o PT, em vantagem nas pesquisas, usará os recursos normalmente. O PL terá cerca de R$ 340 milhões para financiar suas campanhas.

Em 2018, ele disse que, "por coerência", abriria mão do chamado Fundo Especial de Financiamento de Campanha, uma vez que votou contra a proposta na reforma eleitoral do ano anterior. "Eu votei contra esse fundo extra, não seria justo pedir", disse. Em 2020, apesar de ter sancionado um fundo de R$ 2 bilhões para as disputas municipais, estimulou uma campanha para que os eleitores não votassem em quem usa o fundão. Para este ano, Bolsonaro deu aval a um fundo eleitoral de R$ 4,9 bilhões.

Estadão
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