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Médicos explicam por que Bolsonaro passou por nova cirurgia

Aderência em órgão pode ocorrer em alguns casos e rápida intervenção em caso de vazamento de conteúdo intestinal reduz risco de infecção

13 set 2018 - 14h32
(atualizado às 14h48)
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A nova cirurgia a qual o candidato do PSL à Presidência, deputado Jair Bolsonaro, foi submetido nesta quarta-feira, 12, é um procedimento que pode ocorrer em pacientes que sofrem lesões intestinais e apresentam casos de obstrução no órgão, segundo especialistas ouvidos pelo "Estado". O presidenciável, internado no Hospital Israelita Albert Einstein para se recuperar de uma facada sofrida em ato de campanha em Juiz de Fora (MG), teve perfurações nos intestinos grosso e delgado.

Candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, durante evento de campanha em Taguatinga, antes da facada
05/09/2018 REUTERS/Adriano Machado
Candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, durante evento de campanha em Taguatinga, antes da facada 05/09/2018 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

Cirurgião-geral especialista em cirurgia minimamente invasiva da Rede D'OR São Luiz, Duarte Miguel Ferreira Rodrigues Ribeiro diz que a formação de aderências é um evento esperado nesses casos e que as equipes médicas estão preparadas para fazer intervenções caso o paciente apresente esse quadro. "É esperado isso e prontamente foi identificada a obstrução intestinal."

Mas os casos de aderência do órgão não são tão comuns, segundo o cirurgião do aparelho digestivo Fabio Atui. "Depois de uma cirurgia maior, pode acontecer de o corpo tentar cicatrizar e se formar uma certa dobra no intestino, fazendo com que o trânsito fique obstruído. Após uma cirurgia, o intestino fica parado, especialmente em cirurgias de emergência com sangramento. Ele se contrai menos e é normal ter distensão", explica.

Quando a cicatrização não é ideal, segundo Atui, é necessária uma abordagem médica para soltar a aderência. "Quando é isso, a evolução costuma ser muito benigna e a recuperação é rápida, mas cada caso é um caso", relativiza.

De acordo com boletim médico divulgado na manhã desta quinta-feira, 13, a nova intervenção durou duas horas e o paciente evoluiu bem após a cirurgia. Ele permanece internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Ainda segundo o boletim, houve vazamento do conteúdo intestinal. Ribeiro diz que esse tipo de ocorrência pode oferecer riscos de infecção, caso não seja rapidamente revertida.

"Em casos de várias lesões nessas costuras, uma delas pode arrebentar. Repara-se o dano e a região é lavada exaustivamente. Com os antibióticos, isso minimiza o risco de infecção. Além disso, a área que extravazou tem uma colonização menor de bactérias, ao contrário do reto. A equipe viu e agiu prontamente.".

Sobre a retomada da alimentação, o cirurgião diz que é um procedimento normal voltar a alimentar o paciente quando ele apresenta melhora. "Quanto mais precocemente alimentar o indivíduo, mais rápido ele vai se recuperar. A mucosa intestinal em jejum é muito ruim."

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