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Datena se filia ao MDB com elogios a Maia

Apresentador entra em quinto partido e dá sinais contraditórios sobre eleição 2020

4 mar 2020 - 12h52
(atualizado às 23h58)
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BRASÍLIA - Enquanto busca se afastar do presidente Jair Bolsonaro, o apresentador de TV José Luiz Datena oficializou nesta quarta-feira, 4, sua filiação ao MDB. Durante a cerimônia, em Brasília, ele elogiou o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a quem classificou como "a melhor coisa que aconteceu na política nos últimos tempos". Em seu quinto partido político desde os anos 1990, Datena voltou a cogitar ser cabeça de chapa nas próximas eleições, embora já tenha sugerido em entrevistas que pode sair como candidato a vice-prefeito de Bruno Covas (PSDB) - pré-candidato à reeleição na Prefeitura de São Paulo - ou concorrer ao Senado em 2022.

Durante discurso no ato político, o apresentador disse achar que Bolsonaro "tem bom coração", mas afirmou que o "Brasil só será o Brasil quando presidente, o Congresso, o Supremo e as instituições andarem de braços dados." Em entrevista ao 'Estado' após a cerimônia, Datena minimizou a associação que fazem entre ele e Bolsonaro. "É uma associação enganada. Eu não convivo com o presidente, não estou todo dia com o presidente, não falo todo dia com o presidente. Eu entrevisto o presidente como qualquer repórter. Houve uma afinidade na época da rádio, quando ninguém o entrevistava."

Na cerimônia, Datena criticou o fato de Bolsonaro ter levado um humorista que ofereceu banana a jornalistas na entrada do Palácio do Alvorada hoje, e afirmou que nenhuma autoridade deveria incentivar manifestações contra o Congresso. No último dia 25, o site BR Político, do Grupo Estado, mostrou que o presidente enviou para seus contatos no WhatsApp vídeos com convocatória para atos.

Responsável por barrar algumas iniciativas de Bolsonaro na Câmara, Maia acompanhou a cerimônia de ontem. Aliado histórico dos tucanos em São Paulo, o DEM é um dos cinco partidos que fazem parte da aliança eleitoral de Covas. Também estiveram no evento parlamentares do PSL e do Cidadania, além do ex-ministro Antonio Imbassahy (PSDB), chefe do escritório montado em Brasília pelo governador paulista, João Doria.

Após passar por PT, PP, PRP e DEM, Datena disse que o partido que escolheu agora representa "a base e a luta da democracia". No seu discurso, o apresentador criticou a polarização impulsionada pelas redes sociais. "Polarização? Polarização esquerda, direita, centro? A palavra não é esta. Esta é uma palavra que representa ódio, quem principalmente sendo representado, este ódio, em rede social, onde tem muita gente importante, que tem opiniões importantes, mas há radicais que pretendem arranhar, todo dia, os princípios democráticos."

Candidatura. Em entrevista ao 'Estado' em outubro do ano passado, Bolsonaro afirmou que Datena era "a menina mais bonita da praça". Desde então, o apresentador passou a ser visto por bolsonaristas como um possível candidato do grupo. Em 21 de fevereiro, no entanto, Datena afirmou ao 'Estado' que havia informado ao presidente que ele poderia apoiar outro candidato. Ele ainda criticou Bolsonaro por ataques à imprensa e disse não concordar com tudo com ele faz. Na mesma entrevista, relatou que poderia entrar na disputa eleitoral de São Paulo como vice de Covas.

A hipótese ainda é discutida, segundo interlocutores, mas, após o ato de filiação, políticos envolvidos na negociação passaram a defender que Datena encabece uma chapa na disputa municipal. "O Bruno é um cara que gosto muito, figura muito bacana, mas acertar uma aliança depende de muitas conversas. O mais natural é uma candidatura a prefeito pelo MDB", disse Datena ao 'Estado'.

O apresentador afirma, ainda, que ficou desconfortável com o assédio durante o evento. "Estou pensando seriamente (em sair prefeito), mas se for todo dia desse jeito... Ao contrário do que parece, não sou muito expansivo, eu sou um cara até meio tímido. Não gosto muito de aglomeração, achei tudo muito estranho", disse.

Estadão
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