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Candidatos 'nanicos' roubam cena na internet em debate morno

Enquanto líderes nas pesquisas não trouxeram grandes novidades, candidatos pouco conhecidos foram alvo de comentários no "debate paralelo" da internet

27 ago 2014 - 10h47
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Nem Marina, nem Dilma, nem Aécio. Os campeões de repercussão e comentários do primeiro debate dos candidatos à presidência na televisão foram os que registram as menores intenções de votos nas pesquisas: Luciana Genro (PSOL), Pastor Everaldo (PSC), Eduardo Jorge (PV) e Levy Fidelix (PRTB).

A surpresa começou logo nos primeiros dez minutos do programa, exibido na noite desta terça-feira pela TV Bandeirantes. Genro aparecia duas vezes entre os dez tópicos mais comentados pelos brasileiros no Twitter.

Frases fortes e uma postura combativa em relação aos oponentes foram as armas da candidata psolista. "Me permita te chamar de Everaldo. É que não gosto de misturar política e religião", disse a candidata ao oponente. Só na página da BBC Brasil no Facebook, a fala rendeu quase 9 mil likes e mais de mil compartilhamentos.

Muito elogiada no início do debate, Genro aos poucos passou a ser alvo de piadas por conta de seu "sumiço" no programa. A candidata, que recebeu poucas perguntas dos outros participantes, acabou ficando à margem de boa parte da discussão.

Já Eduardo Jorge, do PV, apostou na linguagem simples e no humor para ganhar atenção. Deu certo. Seu nome foi mencionado quase 20 mil vezes - e associações a José Mujica, presidente do Uruguai, foram frequentes durante toda a transmissão.

"Se fizer auditoria da dívida pública, ela vai sair magrinha como você, Marina", disparou Jorge durante o programa. O comentário, considerado de mau gosto por alguns, foi compartilhado por centenas de internautas.

Quase no fim do debate, Jorge voltou a roubar a cena. Questionado sobre o que faria em relação ao controle social da mídia, o candidato do PV disse: “Concordo com a Dilma... Acabei”. A resposta suscinta provocou risos dos demais candidatos, da plateia e até do mediador, o jornalista Ricardo Boechat.

Piadas

No caso do candidato evangélico do PSC, Pastor Everaldo, o posicionamento contrário à legalização do aborto e ao casamento gay quase passou batido pelos internautas.

Foram suas insistentes declarações sobre privatizações as principais fontes de comentários sobre o "pastor neoliberal”, que despertou críticas e piadas nas redes.

Os deslizes gramaticais na fala de Everaldo também não foram perdoados pelos usuários do Twitter. Muitos brincaram com os “erros do português ruim” do candidato do PSC – que salientou no debate por algumas vezes o fato de ter estudado em escola pública na infância.

Levir Fidelix, do PRTB, já é velho conhecido das eleições presidenciais e sempre gera polêmica com uma de suas principais propostas: a construção do aerotrem para ligar São Paulo, Campinas e Rio de Janeiro. Mas desta vez o candidato frustrou a audiência e não mencionou o trem-bala nenhuma vez durante o debate.

Nas redes sociais, em compensação, grande parte das menções a Fidelix vieram justamente por conta do aerotrem.

Se não satisfez os usuários com o discurso do trem-bala, Levir Fidelix fez a alegria dos usuários toda vez que aparecia no debate para responder às perguntas direcionadas a ele. Comparações suas com o personagem do seriado Chaves, Senhor Barriga, ou com o Sr. Spacely, do desenho animado Jetsons, se popularizaram pela internet ao longo de todo o debate.

Líderes nas pesquisas

Enquanto isso, Dilma, que tem 34% das intenções de voto, segundo pesquisa Ibope divulgada nesta terça-feira, Marina, que saltou para 29%, e Aécio, que caiu para 19%, não parecem ter mobilizado a mesma atenção.

Os comentários relacionados aos três não fugiram do padrão de suas últimas aparições na TV - em especial durante as entrevistas promovidas pelo Jornal Nacional, da TV Globo. Enquanto Dilma era relacionada à forte rejeição ao PT, Aécio era vinculado a comentários sobre uso de drogas e corrupção e Marina era criticada pela falta de propostas objetivas.

Como esperado, Dilma e Aécio travaram o principal embate pessoal durante o programa.

Um dos principais bate-bocas foi relacionado à Petrobras. Após provocação do tucano, Dilma respondeu, irônica, com boa repercussão nas redes:

"Candidato eu acho que o senhor desconhece a Petrobras, que hoje é a maior empresa da América Latina. Passou do seu governo de 15 bilhões no governo do PSDB para 110 bilhões", disse.

Aécio não deixou barato. "É realmente uma leviandade a forma com que a Petrobras vem sendo administrada. Quem diz é a Polícia Federal. Um colega seu de diretoria está preso hoje".

Marina foi tachada mais uma vez como "via alternativa" à polarização entre PT e PSDB. Na pesquisa de intenções de voto mais recente, a candidata aparece como vencedora num eventual segundo turno contra Dilma Rousseff.

Entre os comentários da audiência nas redes sociais, boa parte se referia aos conceitos de "nova política" e "velha política", amplamente explorados pela substituta de Eduardo Campos no PSB durante o programa.

O animado debate das redes sociais promete novas pérolas nos outros encontros dos presidenciáveis na televisão - o próximo já está marcado para o dia 1º de setembro, no SBT. 

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