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300 mil brasileiros devem votar no exterior, de Nova York a Xangai

Nas eleições de 2018, 200 mil pessoas compareceram aos colégios eleitorais fora do País

30 out 2022 - 09h16
(atualizado às 10h51)
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CORRESPONDENTE, NOVA YORK - De Xangai a Nova York, pouco mais de 300 mil brasileiros votaram no primeiro turno das eleições gerais no exterior e são esperados para voltar às urnas neste domingo, dia 30. A participação foi maior do que no pleito de 2018, quando cerca de 200 mil pessoas compareceram aos colégios eleitorais fora do País. Ainda assim, a elevada taxa de abstenção continua sendo um dos principais obstáculos da votação no exterior e pode aumentar no segundo turno.

O número de brasileiros com domicílio eleitoral fora do Brasil e que compareceu às urnas no primeiro turno representa menos da metade daqueles aptos a votarem nas eleições gerais de 2022, de mais de 697 mil pessoas, conforme dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A taxa de abstenção chegou a 56,24%. No Brasil, considerada elevada, foi de 20,89%.

A dificuldade de convencer os brasileiros que residem no exterior a votar reflete, dentre outros motivos, a baixa quantidade de zonas eleitorais distribuídas fora do País. Assim, além da questão do deslocamento, os colégios eleitorais acabam por receber uma quantidade grande de pessoas, o que causa a formação de filas, como ocorreu no primeiro turno em diferentes países.

No primeiro turno, fotos dos boletins de urna foram compartilhadas nas redes sociais pelos eleitores no exterior
No primeiro turno, fotos dos boletins de urna foram compartilhadas nas redes sociais pelos eleitores no exterior
Foto: Twitter/@faelsiano / Estadão

No primeiro turno, as filas em Nova York davam a volta em todo o quarteirão da Cathedral High School, na região central de Manhattan, única zona eleitoral disponível. A cena se repetiu em outros locais dos Estados Unidos e também na Europa, como Lisboa, em Portugal, Zurique, na Suíça, além de Londres, na Inglaterra.

Diante das cenas de longas filas no primeiro turno, o Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal (TRE-DF), responsável pelas eleições no exterior, em conjunto com o Tribunal Superior Eleitoral e o Ministério das Relações Exteriores adotaram medidas como a substituição de urnas que apresentaram problemas e ainda o envio de equipamentos de contingência.

"O procedimento proporcionará maior agilidade na expectativa de que se formem menos filas nos locais de votação", diz o presidente do TRE-DF, Desembargador Roberval Belinati. Para o segundo turno, foram enviadas 95 urnas aos colégios eleitorais no exterior para substituir aquelas que tiveram intercorrência no dia 2 de outubro. A maior parte, 27 no total, foi destinada aos Estados Unidos, seguidos por Portugal e Japão, que receberam nove, e Canadá, com 8.

Outras 125 urnas de contingência foram destinadas às zonas eleitorais no exterior. O objetivo é evitar o uso da tradicional urna de lona e cédula de papel, que atrasam a votação e também a apuração dos votos. Fora do Brasil, só é possível votar para presidente e vice-presidente.

As eleições gerais de 2022 no exterior ocorrem em 100 países, com colégios eleitorais distribuídos em 181 cidades. Lisboa é o maior deles, com 45,2 mil brasileiros aptos a votar. Miami e Boston, nos EUA, vêm na sequência, com 40,1 mil e 37,1 mil, respectivamente.

Filas nas principais cidades da Europa

Relatos nas redes sociais mostram que eleitores brasileiros voltaram a enfrentar filas nos locais de votação em grandes cidades da Europa. Na maioria dos países da União Europeia (UE), a votação começou às 04h00 do horário de Brasília.

Na França, as primeiras horas de votação foram de grande movimentação de brasileiros em diversas ruas de Paris. Segundo relatos de eleitores, a fila para votação está maior do que no primeiro turno. Em Lisboa, as filas começaram a se formar até duas horas antes da votação ter início. A capital portuguesa é o maior colégio eleitoral brasileiro no exterior, com cerca de 45,2 mil eleitores aptos a votar, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Em Milão, brasileiros voltam a enfrentar longas filas, mostram vídeos que circulam no Twitter. Desde o primeiro turno, os eleitores que moram no Norte da Itália têm um colégio como opção para votar. Em eleições passadas, eram três espalhadas nas regiões de Lombardia e Veneto.

Segundo maior colégio brasileiro na Europa, Londres abriu as urnas às 5h00 (de Brasília). Por lá, as filas andam rápido e policiais advertem eleitores que passam buzinando pelo West London College, onde ocorre a votação.

Filas se formam durante votação em Dublin
Filas se formam durante votação em Dublin
Foto: Reuters

Disputa acirrada

No primeiro turno, o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi o mais votado no exterior, com 138.933 votos, ou 47,17% do total. O presidente Jair Bolsonaro (PL) obteve 122.548 votos, equivalente a 41,61% do todo. O petista venceu em Lisboa, mas perdeu para o seu rival em Miami e Boston, maiores colégios eleitorais fora do País. O cenário contrasta com o segundo turno das eleições gerais de 2018.

Na ocasião, Bolsonaro, com 131.671 votos, venceu o então candidato do PT, Fernando Haddad, com 53.730. Para bancos e especialistas internacionais, as campanhas na votação entre o primeiro e o segundo turno tornaram a corrida ao Planalto no Brasil ainda mais apertada.

O Eurasia Group, maior consultoria de risco político do mundo, inclusive, elevou novamente a probabilidade de vitória do ex-presidente Lula de 60% para 65%. O Goldman Sachs alerta para o risco de uma maior abstenção no segundo turno, mas, sobretudo, para a forte disputa e a elevada polarização nas eleições de 2022. A maior ausência de eleitores beneficia o candidato Bolsonaro, observa o gigante de Wall Street. "O corpo a corpo no dia da eleição provavelmente determinará o resultado da eleição presidencial", conclui.

*Com colaboração de Gabriel Caldeira

Estadão
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