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Com WhatsApp, professor ensina matemática em escola estadual

Iniciativa de Humberto Lima, Projeto Tabuada ficou famoso entre os alunos, que já cobram nova edição

6 ago 2015 - 08h41
(atualizado em 21/8/2015 às 12h42)
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No Projeto Tabuada, o professor Humberto Lima utiliza o WhatsApp para ensinar matemática básica
No Projeto Tabuada, o professor Humberto Lima utiliza o WhatsApp para ensinar matemática básica
Foto: Ana Carolina Araújo / Especial para Terra

Humberto Lima, 39 anos, é professor de matemática há 12 e, neste tempo, se acostumou a ver a falta de conhecimento matemático atrapalhar a evolução de seus alunos. No início de 2015, teve uma ideia para resolver a questão. Mesmo dando aula para adolescentes do 6º ao 9º ano, iria retomar o ensino das quatro operações básicas (soma, subtração, multiplicação e divisão). A iniciativa não seria tão inovadora se, para isso, ele não tivesse escolhido um aplicativo que toma muito o tempo da garotada, mas não para estudar: o WhatsApp. Assim nasceu o Projeto Tabuada, que hoje atende mais de 200 alunos da Escola Estadual Filadélfia, no periférico de bairro Vila Canária, em Salvador. Rendendo bons frutos, a iniciativa está sendo modelada pelo professor para ser aplicada em outras unidades de ensino.

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Na conversa com colegas educadores, Humberto percebeu que não estava sozinho em suas impressões. Seus alunos literalmente “travavam” no aprendizado pela falta de conhecimentos elementares, e a situação se repetia nas aulas de outros professores. “Eles não conseguiam absorver na velocidade esperada e no fim do ano eu não tinha cumprido meu planejamento. Se eu não fizesse algo, eles provavelmente levariam essa lacuna adiante”, explica Lima.

O modelo era simples: um estudo dirigido de até 20 minutos que deveria ser feito três vezes na semana, de preferência com o acompanhamento dos pais ou algum responsável que pudesse auxiliar caso fosse necessário. Depois disso, o professor enviaria um desafio que envolvesse as quatro operações e deveria ser resolvido pelos alunos. Cada turma tem seu próprio grupo no WhatsApp coordenado por um dos alunos. Como era de se esperar, apareciam resultados diferentes e assim a discussão era estimulada, na tentativa de que concordassem com uma resposta certa. “Eu ajudo e dou dicas, mas não ofereço logo a resposta certa. Deixo eles se esforçarem e estimulo a investigação. Mais do que a matemática, isso estimula o desenvolvimento cognitivo como um todo”, explica Lima.

Ainda que pareça improvável, a participação crescente é voluntária e não vale pontos na avaliação oficial. A única coisa pensada para estimular a adesão dos alunos foi o ambiente virtual. “Todos têm (WhatsApp) e passam muito tempo por dia (usando o aplicativo). Foi uma forma de me aproximar deles que deu certo. A maioria participa e até aqueles que não são meus alunos já estão se interessando”, afirma.

A participação no Projeto Tabuada é crescente e voluntária, não vale pontos na avaliação oficial
A participação no Projeto Tabuada é crescente e voluntária, não vale pontos na avaliação oficial
Foto: Ana Carolina Araújo / Especial para Terra

Segundo o idealizador do projeto, o espírito competitivo dos adolescentes também ajuda. Tanto que a conclusão da primeira edição ocorrerá na escola no dia 15 de agosto, um sábado, em formato de gincana. Os estudantes cumprirão uma série de tarefas eliminatórias e classificatórias, no estilo caça ao tesouro, porém em forma de cálculos. Lima está em busca de prêmios para motivar ainda mais a participação. “Minha ideia é dar um smartphone para o melhor ‘matemático’. Acho que vai combinar com o espírito do Tabuada. ”

As boas ideias não param de surgir e o projeto deve evoluir em 2016. Primeiro porque os alunos do professor em Camaçari, município do interior baiano, já cobram a participação. Segundo Lima, isso ainda não aconteceu por causa da sobrecarga fora da sala de aula. Ele explica que são muitos grupos e a necessidade de atenção fora do horário de trabalho pesa. “Estou organizando uma monitoria para o projeto, que deve funcionar com alunos de cada turma. Isso deve estimular a adesão de outros professores, já que nosso volume de trabalho dentro da escola já é grande”, almeja.

Fonte: Terra
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