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VÍDEO: Alunos de Direito da USP e ativistas pró-Palestina protestam durante palestra sobre Israel

Presença de André Lajst foi criticada pelo centro acadêmico; 'Não sou a favor de genocídio nenhum', rebateu cientista político

17 nov 2025 - 21h07
(atualizado às 22h30)
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Alunos da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), no centro da capital paulista, protestaram nesta segunda-feira, 17, contra a presença na instituição do presidente da ONG Stand With Us, o cientista político judeu André Lajst.

A palestra sobre o conflito entre palestinos e israelenses, marcada inicialmente para 13 de novembro, já havia sido adiada devido à manifestação, por motivos de segurança.

Faixa pró-Palestina foi aberta durante a palestra de André Lajst na Faculdade de Direito da USP.
Faixa pró-Palestina foi aberta durante a palestra de André Lajst na Faculdade de Direito da USP.
Foto: Malu Mões/Estadão / Estadão

Em meio a gritos de "genocida", os manifestantes tumultuaram a fala de Lajst. "Não se escuta genocida", gritou uma aluna. "Você não é bem-vindo nessa universidade", continuou ela. "A gente não debate com opressor", completou outro aluno. "Vocês matam os palestinos", disse uma ativista pró-Palestina que não estuda na universidade.

Apoiadores de Israel criticaram a manifestação e defenderam Lajst. Houve bate-boca e troca de ofensas entre os grupos.

"Eu não sou a favor de genocídio nenhum", rebateu Lajst. "O que vocês estão fazendo aqui é interrompendo o Estado Democrático de Direito."

O diretor da Faculdade de Direito, Celso Campilongo, criticou o tumulto. "Eu admito protesto, eu admito bandeiras. Eu admito o que quiserem, exceto uma coisa: que impeçam o palestrante de falar. Estou aqui há 20 minutos e não consegui ouvir ele falar. Quem não quiser ouvi-lo não precisa ficar", declarou o diretor. "Não tem diálogo? Essa é a postura democrática?"

Organizadora da palestra, a professora de Direito Internacional da faculdade Maristela Basso encerrou o encontro sem abrir para perguntas do público por causa do tumulto. "Não há diálogo, não há respeito", justificou.

Maristela afirmou ao Estadão que, em eventos anteriores desse mesmo ciclo de debates, também foram convidados palestrantes pró-Palestina. "A ideia não era ter um contraponto Palestina-Israel hoje. Nos encontros anteriores, examinamos o Oriente Médio sob outras perspectivas, inclusive da Palestina. Hoje era para examinar do ponto de vista de Israel."

Depois do encerramento do evento, o diretor Celso Campilongo destacou que já foram realizadas mais de uma palestra com palestinos na universidade, mas "da perspectiva judaica talvez esse tenha sido o primeiro". "Como diretor da faculdade, tenho que garantir um tipo de liberdade constitucional, que é a liberdade de cátedra. A liberdade de cátedra implica pluralismo de ideias. O sujeito pode falar um monte de bobagem, eu não concordo com nada do que ele está dizendo, mas, na universidade, se eu não garantir este espaço, eu vou garantir onde? Então isso me entristece, me aborrece profundamente", lamentou.

"Só houve bate-boca. Foi uma estratégia clara de impedir que o André falasse. Cada hora que ele começava, vinha vaia, vinha coro, vinha protesto, vinha pergunta, vinha interrupção, não deixaram ele falar. Isso não é legal. Fazer um protesto erguendo uma bandeira, uma faixa, acho mais do que justificado. Agora, não deixar o convidado falar, eu acho muito feio", completou o diretor.

O protesto foi convocado pelo Centro Acadêmico XI de Agosto. Em uma publicação nas redes sociais na semana passada, a entidade declarou "repúdio à presença de sionistas nas Arcadas". Disse ainda que a instituição não pode "servir de palco para difusão de discursos que legitimam a ocupação, o colonialismo e a limpeza étnica". O post, no entanto, foi deletado.

"Há uma falta de liberdade de expressão acadêmica em alguns assuntos, quando eles mesmos falam de democracia", disse Lajst ao Estadão. O especialista considerou a publicação do centro acadêmico como "autoritária e totalitária". "É uma palestra acadêmica, não ativista. Mas só a presença de uma pessoa que apoia Israel já incomoda."

Publicação de centro acadêmico nas redes foi seguido de ameaças à realização da palestra
Publicação de centro acadêmico nas redes foi seguido de ameaças à realização da palestra
Foto: Reprodução / Estadão

Maristela Basso afirmou que "cancelar o encontro seria admitir que a universidade não está aberta a ouvir, não está aberta à diversidade." O evento, chamado Conversas sobre o Mundo, está na sua terceira edição e recebeu ao longo do ano convidados que discutiram outras questões internacionais.

André Lajst tem segurança particular e já foi vítima de protestos em duas ocasiões na Universidade Federal do Amazonas, em 2018 e 2023 — em uma delas teve de sair escoltado pela Polícia Federal. Ele também já teve eventos cancelados por risco de agressão.

Professor de Filosofia do Direito, Ari Solon, que é judeu, afirma discordar do que ele entende como um "post racista" do centro acadêmico. Ele considera, porém, que seria melhor a faculdade ter organizado um evento com vários pontos de vista sobre o assunto. "Sou a favor de que ele seja recebido com cartazes de protesto, mas que se respeite o direito à palavra, defendo a importância do diálogo", disse ao Estadão.

Aluna foi demitida de estágio por causa de post

Uma aluna ligada ao Centro Acadêmico foi demitida do estágio no escritório Machado Meyer por causa da publicação da entidade nas redes.

O escritório disse pautar sua atuação pelo "respeito". "Desde sua fundação, o escritório pauta sua atuação pela integridade, pelo respeito e pela transparência. Reiteramos nosso compromisso com a promoção de um ambiente profissional saudável, inclusivo e construtivo, baseado no diálogo aberto e no respeito mútuo", afirmou, em nota. O nome da estudante não foi divulgado.

Estadão
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